Meu querido escritor (Aluga-se Vol.2) - Degustação -

06. Uma única tarefa

Mais um capítulo para vocês.

Não esqueçam de me contar o que estão achando da história.

Kitty

Solto um suspiro trazendo uma perna para cima da cadeira.

Passo meu braço por ela mantendo o joelho perto do meu peito enquanto com a outra mão continuo verificando aquilo que recebi sobre possíveis ilustradores para que Vick possa me dizer se algum deles é de seu agrado.

Tenho uma lista grande, por isso preciso garimpar antes de a enviar.

É alguém que não lê tudo, então se o conteúdo for imenso só passará os olhos por ele. Coloco a mão em minha nuca sentindo a rigidez a contragosto. Minha mãe deve estar indo bem em seu turno no hospital, certo? Não me disse muita coisa depois que anunciei que iria comprar um novo apartamento, que este seria meu presente para ela.

Me pergunto se ficou irritada.

Não queria que sentisse que desejo a despejar, apenas acredito que será muito melhor se ambas pudermos levar nossas vidas como antes, com a liberdade que merece. A vi dando alguns sorrisos para seu aparelho, o que para mim é um sinal claro de que tem interesse em alguém.

Tamborilo os dedos em minha nuca cortando um dos ilustradores da lista para Vick. Seus traços são bons, mas são semelhantes a de outro artista que ela dispensou. Seria uma perda de tempo para ele.

Cesso o movimento de meus dedos após ouvir o apito do meu celular anunciando que recebi uma mensagem. Por ver o nome de Javier me apresso em abrir, visto que temos que resolver a questão com Dylan.

Faz três dias desde que me disse que continuaria tentando o convencer.

Sinceramente não consigo entender qual o problema do autor, mas quem sou eu para o forçar? Ele tem seus problemas e eu os meus. Como o fato de continuar não encontrando um bom apartamento.

Vejo que Javier disse que conseguiu marcar um encontro para nós.

Respondo perguntando como saberei quem é o Dylan e apenas me diz que vou saber quem ele é quando o vir. Como diabos essa é uma boa resposta? Não tenho uma bola de cristal.

Não podendo me conter, ligo para o meu chefe.

— Olá, boa tarde, estou bem — falo as palavras rapidamente. — O que quer dizer com: vou saber quando o vê-lo? Tenho bom olho para homens, mas ainda não faço leituras.

— Tem certeza de que não faz? — pergunta Javier, claramente brincando.

Podemos ter uma relação diferente do que tenho com as meninas, mas creio que todos que me conhecem sabe o quanto sou uma grande aventureira que não se importa de desbravar novos sabores.

— Javier, é sério, ele é complicado, se eu causar uma impressão ruim pode ser uma merda para você, entende isso? — O homem solta uma risada, pode estar confiante, mas eu prefiro ter informações contra quem vou enfrentar.

— Creio que é melhor dessa forma, vai ajudá-lo a entender quem é, além disso, fiz questão de mandar uma foto bem bonita sua — esclarece Javier, e não tenho certeza de nada quando se trata de seus gostos. — Não estou querendo brincar com você Kitty, apenas quero que ele fique bem.

De novo é como se tivesse algo mais que não pode me dizer quando se trata de Dylan, no entanto, continuar mantendo segredinhos não vai somente me prejudicar? Não quero que seja dessa maneira.

Estou aqui para fazer um trabalho, e vou cumprir com ele, mas informações são necessárias.

— Posso perguntar algo? — questiono, e o modo como se mantém em silêncio é estranha, talvez pondere sobre o que vai ser perguntando, criando ideias mirabolantes.

— Sim — diz Javier depois de alguns segundos.

— Por que está tão cuidadoso com quem cuidará dele? — pergunto.

Me lembro de quando Dylan foi incorporado a editora, todos ficaram eufóricos pelo seu sucesso, porém, mantiveram o seu receio, uma vez que nunca, nem um dia que fosse, foi até o prédio da editora para que o conhecêssemos.

O que faz com que haja tantos boatos em torno de quem é.

Tomáz, como um bom profissional, nunca revelou nada dele.

Sabe que o seu emprego fica em jogo.

— Confio na sua descrição — fala primeiro, o que me deixa encucada. Perguntar pode ter sido demais. — Ele é filho do meu irmão mais velho.

— O que? — indago, ouvindo o seu suspirar do outro lado. — Tudo bem me dizer?

— É uma das pessoas que mais confio dentro da editora — garante Javier, por isso quer que eu esteja perto de Dylan para o auxiliar corretamente sem que sua identidade seja posta em risco. — Não posso dizer muito mais, vai ver com seus próprios olhos.

— Se você diz — murmuro, com meus dedos passeando sobre as teclas do notebook. — Não se preocupe, se ele não me rejeitar cuidarei bem dele — asseguro, e me conhecendo sabe que não tem nada a ver com serem família.

— Confio em você, Kitty — articula Javier, e uma das coisas que mais priorizo nesse trabalho é confiança, se tiver isso, muitas coisas podem se resolver antes que haja grandes problemas. — Vou te enviar o endereço que ele me encaminhou — avisa e depois de concordar desligo a ligação.

Meio que posso entender por que Javier tem sido cuidadoso, talvez tema que as pessoas ajam diferente com ele se souberem que faz parte de sua família, já que estão no topo brilhante do mundo.

Quando decidiu abrir uma editora criando seu próprio negócio, seu irmão ficou com todo o controle do negócio da família, mas eu não tinha ideia de que aquele homem tinha um filho, principalmente um que seguiu com a escrita. "Ele não é tão velho", pondero, e evito fazer cálculos para não perder a noção das coisas.

Não importa o que está rolando em sua família, tudo o que preciso e que Dylan aceite trabalhar comigo para levarmos para frente o seu próximo lançamento sem que haja problemas.

Não é difícil.

Eu posso fazer isso.

Quem vai dizer o contrário?

Vai ser ótimo.

Meu telefone volta a me alertar sobre as notificações e após ver o endereço fico um pouco confusa, pois não esperava que fosse usar um ambiente desse tipo para um encontro profissional.

Porém, posso reclamar? Claro que não.

Tá vindo aí o encontro dos babys.

Estão ansiosos?

Deixa a sua estrelinha aqui e vejo vocês na semana que vem <3