De janeiro a janeiro

Calourada 2/2

Março de 2017

-Philip, eu não vou com essa roupa, é ridículo! - Sandro passava as mãos pelo rosto, seu amigo e colega de apartamento tinha enlouquecido, era a única explicação.

- Eu sou ridículo então?!- Pergunto indignado colocando as mãos na cintura nua adornada com uma corrente cheia de pingentes de lua e estrelas, a calça de corte reto larga de lavagem clara caindo pelo quadril deixando a mostra os ossinhos que Sandro particularmente achava lindo, a camisa regata branca que acabava um palmo acima do seu umbigo.

- Você fica lindo, mas eu não vou usar cropped nem fodendo!- Cruzou os braços ouvindo o outro bufar e voltar a mexer no guarda-roupa. - Eu sei me vestir.

- Tá um calor do caralho e você quer ir com uma camisa de banda e todo de preto, é uma calourada ou um enterro?- Se vira de frente para Sandro e joga um tecido preto no rosto dele.- Vai vestir essa regata então.

- Ela é muito aberta, não quero!- Disse analisando a "regata" que estava mais para uma camiseta de banda cortada e fazia aparecer quase sua cintura de tão aberta.

- Não pedi se queria. Coloca ela e aquela sua calça jogger daí.- Philip arrumava a franja se olhando no espelho do guarda-roupa.

Mesmo contrariado, Sandro foi até seu quarto e vestiu a regata com a calça que Philip falou, colocou alguns anéis a mais e uma corrente que parecia ser de arame farpado. Odiava admitir que provavelmente morreria de calor com a camiseta que tinha planejado ir, não se sentia animado para ir no "esquenta" da calourada, ia mais para ajudar os amigos com a compra das bebidas e Bruna pediu ajuda na montagem do som já que o DJ ia se atrasar por estar vindo de outra cidade.

- Nossa piá, posso te pegar mais tarde?- Philip chegou na porta do quarto olhando o amigo dos pés à cabeça.

- Achei que a gente tinha passado dessa fase.- Pega o lápis de olho preto e passa na linha d'água resmungando com a ardência e os olhos lacrimejando.

- É que seu beijo é gostoso.

- Não é só o beijo.- Sorriu e limpou um pouco abaixo dos olhos que mancharam além do que ele queria.

- Jaguara - Philip riu enquanto se jogava na cama de Sandro e pegou o celular vendo as mensagens.

- Não vai de moto, né? Maitê tá oferecendo carona.

- Eu não vou beber muito...- Pegou o celular tirando foto do corpo todo pelo espelho, no canto da foto dava para ver a mão do paranaense mostrando o dedo do meio.

- Pedro mandou uma foto de cinco garrafas de coquinho dizendo que uma era especialmente só pra você.- Sentou na cama encarando o colega pelo espelho.

- Hmmm... Vamos com a Maitê.

...

Ricardo estava arrumando uma parte da tenda quando o carro de Maite entrou no campo. Cada vez que via o paulista ele parecia mais bonito, principalmente com as novas tatuagens que desciam pelo ombro esquerdo, ele carregava duas caixas de cerveja em cada mão reclamava sobre algo com a mato-grossense que apenas ria.

- Ta de enrosco aí?- Pedro pergunta enquanto segura a escada, o loiro revira os olhos e volta a conferir se estava tudo bem preso.- Terminei.

Desce da escada recebendo um tapa na bunda de Buco que corre pegar uma cerveja da caixa térmica, as duas tendas já estavam montadas e Ricardo finalmente pode puxar uma das cadeiras de praia que estava perto e se sentar. Observa Bruna chegar colocando a caminhonete de ré para poder tirar as coisas da caçamba, Sandro vai até sua veterana para ajudar a tirar as caixas de som do carro.