Roubo

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Agosto de 2015

Sandro

O sinal para o intervalo perfurou meus ouvidos, todos se levantaram e praticamente correram pela porta causando a maior bagunça e mais barulho com as carteiras sendo arrastadas. Céus, como eu odiava todo aquele desespero para sair da sala de aula.

— Vamos Sandro, se não a gente não consegue compra empada! — Ana batia o pé já na porta da sala.

Não me dei ao trabalho de responder e apenas a segui pelos corredores do colégio, eu também queria compra mini pizza. Miguel já nos esperava no portão que dava para o refeitório falando como a gente tinha demorado e a capixaba colocava a culpa em mim. As mesas já estavam cheias e a fila para pegar comida enorme e a da cantina também, Ana correu se enfiando na multidão em volta da cantina e muito concentrado em ver como a vantagem de ser pequena a fazia passar por qualquer espaço entre as pessoas sinto alguém esbarra no meu ombro com força o suficiente pra que eu quase caísse.

— Qual é menor? Olha por onde anda! — Sinto raiva só por ouvir a voz do maldito

— Puta merda, sai você da minha frente! — Reclamo sem olhar seu rosto e continuo pra fila tentando ignorar o idiota.

— A boneca tá estressada é? — Olho de canto e vejo o maldito sorriso e as tranças loiras.

— Sai fora!

Saio finalmente com três pessoas apenas na minha frente coloco a mão no bolso procurando minha carteira e não acho.

Verifico o bolso da calça. Nada também.

O carioca maldito não está mais ao meu lado.

— RICARDO DEVOLVE MINHA CARTEIRA!

Ele desviava das pessoas enquanto corria em direção a quadra e eu corri atrás, todos olhavam a cena ridícula que ele me fazia passar e só me fazia sentir mais raiva ainda, eu conseguia ouvir a risada dele, sentia meu rosto queima de raiva, vergonha e pelo esforço de estar correndo atrás daquele infeliz. Ele deu a volta e foi para a parte de trás da quadra, minhas pernas já estavam ardendo com essa palhaçada e a única coisa que eu queria era meter um soco na cara bonitinho daquele babaca, não tinha ninguém no corredor atrás da quadra, virando para o outro lado daria para o estacionamento dos professores.

— Até que a princesa sabe correr. — Ricardo estava encostado em uma pilastra rodando a minha carteira no dedo.

— Devolve! — Cheguei mais perto e ele abriu mais o sorriso.

— Vem pega, boneca.

Quando estiquei meu braço na intenção de pegar a carteira de suas mãos ele agarrou meu pulso e me virou fazendo meu peito e meu rosto baterem contra a pilastra que antes ele estava apoiado, meu braço imobilizado nas minhas costas.

— Acha mesmo que consegue pegar algo de mim sendo um franguinho? — Sinto meu sangue ferver ao mesmo tempo que sua voz estava tão perto da minha orelha.

— Que porra você tá fazendo?

Chuto para atrás acertando sua canela e assim que sinto meu braço ser solto me viro e empurro o maldito que cai sentado no chão e o agarro pelo colarinho me preparando para realizar o desenho de quebrar aquela cara que tanto me irrita. Por um momento observo a expressão de deboche, mesmo caído e prestes a levar um soco na cara, ostentava um sorriso ridículo que quase me fez hesitar.

Mas não hesitei, foi extremamente satisfatório ver o sorrisinho se desmanchando a medida que meu punho afundava na bochecha macia.

— Tu tá fodido na minha mão agora!

Meu estômago arde com soco me fazendo querer vomitar mesmo não tendo nada nele e eu agarro seu pescoço na tentativa de impedir o segundo soco nas minhas costelas, que definitivamente foi mais fraco que o primeiro, mas dói como o inferno.

— O que tá acontecendo aqui?

Ambos paralisados, agora eu já estava praticamente montado em Ricardo com as mãos em sua garganta enquanto ele agarrava meu cabelo com a mão que não estava socando minha barriga e costelas. A diretora do outro lado do corredor saindo da garagem olhando como se visse o próprio diabo na sua frente.

— Ricardo e Sandro, dou dez minutos para estarem na minha sala, hoje eu definitivamente vou ligar para os seus pais.

— Que pai? — Perguntamos juntos ainda sem nem mexer um centímetro.

— Dez minutos!

Assim que ela vira de costas e sai, Ricardo me empurra e sai de debaixo de mim, em poucos segundos ele já está em cima do muro.

— Filho da puta, volta aqui! — Grito e ele para me olhando de cima como se não tivesse apanhado a segundos atrás.

— Toma tua carteira, pra uma boneca você bate forte. — Ele joga a carteira acertando minha testa com força, com certeza ficou marcado.

— Eu vou te matar!

Consigo ouvir ele gargalhando do outro lado do muro, pego a carteira e incrivelmente encontro todo o dinheiro que ganho fazendo bicos no jornal da cidade lá.

...

Ricardo ladrão roubou meu coração
Aproveitando o gancho do último cap que o Sandro fala sobre isso. Talvez o cap que vem seja da primeira vez que os gatitos ficaram.

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