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A vida de Midoriya não era justa.

Muitas pessoas vinham ao mundo e tinham uma vida fácil por conta dos contatos, da aceitação e do dinheiro, mas Midoriya não tinha nada disso a seu favor. Ela sentia que vivia constantemente assustada, constantemente se precavendo de não fazer algo estúpido e perder tudo. Midoriya vivia tentando ser uma pessoa que não era, e ter essa percepção a matava.

Ela sentia-se injusta consigo mesma; sentia-se como uma impostora.

Midoriya sentia inveja de todo mundo que aparentava ter uma vida feliz. Ela não se importava quem eram ou o que fizeram para chegar naquele nível de plenitude, apenas sentia inveja. Ela sentia-se como um combo de problemas e inseguranças, e fantasiar sobre como seria feliz se fosse qualquer outra pessoa a deixava melhor.

— Eu posso pedir pra minha namorada ir com você comprar uns brincos, se você quiser. Ela conhece uns lugares bem fofos e acha que você pode gostar. — Bakugou tagarelava enquanto procurava por um lugar para estacionar o seu carro.

Midoriya piscou os seus olhos e olhou para o seu irmão, que já a olhava como se esperasse por algo. Ela tentou encaixar aquela frase dita em um contexto e então sorriu, mesmo sem entender exatamente o que estava sendo dito

— Não tem problemas se ela não consegui ir, eu posso ir sozinha. — ela informou de imediato e abriu a porta para sair do carro.

— Claro — o louro disse relutante. — Você está bem, inclusive? Tá meio cabeça de vento hoje.

— Estou — ela não estava. — Quando eu sair eu te ligo, ok?

E antes mesmo de esperar por uma resposta ou confirmação, ela saiu andando pelo pátio da faculdade até finalmente alcançar o portão. A verdade era que Midoriya não estava bem, e seria assustador se ela estivesse. Mas o motivo para ela estar tão "cabeça de vento" esses últimos dias tinha um nome, sobrenome, um belo sorriso e uma voz gostosa de se ouvir.

Desde os últimos dias ela vinha tendo pensamentos complicados em relação a Todoroki Shouto, seu devaneio mais íntimo. Ela não sabia exatamente o que fazer em relação a ele, não sabia o que sentir e nem se deveria sentir algo. Ela estava com medo de confundir as coisas, estava com medo de se entregar e tomar um soco no estômago com um simples "não confunda as coisas", pois era assim que as coisas funcionavam com ela.

Ela simplesmente se iludia e então era rejeitada e então voltava a ficar sozinha.

Sua mãe, Mitsuki, dizia que garotas bonitas sofriam muito, principalmente se elas não tinham atitude. E seu pai discordava dizendo que isso acontecia porque ela ainda não tinha achado um rapaz direito.

Aparentemente, nenhum homem era bom o suficiente para ela — e nenhum homem queria namorá-la.

— Ei, Midoriya! — uma voz surgiu detrás dela e então ela foi puxada pela bolsa.

Por reflexo, o seu corpo congelou, e ela não se virou de imediato.

— Escuta — aquela era uma voz familiar. Lentamente ela se virou e sentiu sua alma respirar em alívio quando avistou Keigo. — Meu encontro com o irmão do Shouto deu errado, acredita? Comprei ingressos pra ir pro cinema e ele vai tirar o siso justo no dia que é pra gente ir.

— Hã? Desculpa, o quê?

— Não vou ir pra o meu encontro com o Touya, que saco — ele continuou jogando todas aquelas informações e então, tirou dois ingressos do bolso e a entregou. — Vai pro cinema com o Shouto no meu lugar. É um filme de terror, ok?

— O quê?

— Preciso ir! Foi bom falar com você, Midoriya! — Keigo passou a mão por dentro de seu cabelo e então, com sua outra mão livre atendeu uma ligação. — A gente precisa conversar mais vezes, né? Espero que você apareça no clube pra jogar golfe, não aguento mais ficar rodeado de velhos.

the cute girl from my university; tododekuOnde histórias criam vida. Descubra agora