O Quebra Nozes - COREJAP

Anatomia

"Você tem sido a peça que falta em mim
Então por que não está sentindo a minha falta?
Eu acho que eu valho menos do que eu pensei"

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Muitas vezes Im Yong Soo já se questionou o porquê do ballet, de todas as modalidades de dança por que justamente o ballet contemporâneo? Mas, enquanto fazia o seu aquecimento ele se lembrou bem o porquê o balé o conquistou. Ele segurava na barra, sozinho na sala. Da única caixa de som uma música emitia por ela, que era a Anatomy, da Kenzie e também a música favorita de Yong Soo.

O balé trouxe para ele uma forma inimaginável de se expressar, ele tinha uma liberdade de interpretação que nada no mundo trazia antes para ele, foi graças ao ballet que ele encontrou fluidez na vida e a leveza que ele tanto almejada, ele se sentia livre dançando. Ele aprendeu a transmitir sentimentos através dos movimentos bem elaborados de seu corpo, ele aprendeu a falar de uma forma que ele não sabia antes e ele era alguém com tanto a se falar.

Dançar era a não só a felicidade dele, mas também a sua forma de se expressar.

Ele sentia que poderia fazer tudo enquanto tivesse o ballet em sua vida e nossa, era tão bonito, a forma como Yong Soo simplesmente deslizava enquanto dançava, era tão leve, tão majestoso de se ver.

Foi quando ele menos esperou que a música acabou, mas o silêncio não ficou muito tempo na sala, pois logo "Não Fosse Tão Tarde" começou a tocar. Quando a melodia chegou em seu ouvido ele parou o pliê na metade e soltou a barra de treinamento, indo para o centro da sala dançar.

Aquela música o chamava de uma forma sempre inesperada, ele se entregava a aquela música de uma forma inexplicável. Seus passos seguiam leves e naturais, era como se ele gritasse cada frase daquela música. Seu coração seguia o mesmo ritmo da música, ele não ouvia nada além das batidas de seu coração e o barulho que seus pés faziam.

Ele rodava sobre os próprios pés, seus braços seguiam um fluxo que ele não controlava, aquela música tocava em sua cabeça com tanta força, que seus movimentos representavam a verdade por trás dela, ele se lembrava de tudo, ele se lembrava de muito...

A incrível flexibilidade de seu corpo o permitia levantar a perna no alto, o permitia se dobrar e se desdobrar, representando a dor que ele sentia, a saudade que ele sentia, mas representando principalmente o ódio que ele sentia ao ouvir aquelas palavras.

Quando ele terminou estava de joelhos no chão, olhando para o chão liso e para as próprias palmas, ele já estava suado pela movimentação e pela dança, ele tinha isso, quando ele dançava ele se entregava de corpo e alma.

Foi então que ele levantou o olhar para o espelho a sua frente, era um espelho que cobria a parede inteira.

Ele olhou através do espelho para os olhos escuros de Honda Kiku. Assim que seus olhos avistaram o japonês parado a porta uma outra música começou a tocar, Penhasco..., o coreano sentiu vontade de rir com a maldita coincidência, o riso desceu por sua garganta junto do desejo de fazer um comentário ácido sobre a situação.

Diferente do que a música dizia, ele sentia sim raiva, ele sentia tanto ódio, havia tentado tanto..., tanto. Mas tudo o que ele fez foi se levantar do chão e ir até o canto, onde estava sua bolsa. Ele pegou a sua garrafa de água vazia, ele precisava se hidratar bastante pois eles estavam começando a planejar uma grande apresentação que envolvia a academia inteira.