Me leve a igreja

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"Leve-me a igreja
Louvarei como um cão
No santuário de suas mentiras
Vou lhe contar meus pecados
Para você afiar sua faca
Ofereça-me aquela morte imortal
Bom Deus, deixe eu te entregar a minha vida"

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Depois que a dança acabou ambos se separaram com pressa, indo cada um para um canto da sala pequena. Ambos se sentaram nas extremidades e ficaram em silêncio, se questionando que merda estava acontecendo entre eles.

Ambos nunca se sentiram assim antes, eles raramente haviam até mesmo se tocado antes, mas agora? Suas peles queimavam com o mínimo contato dos dedos do outro, seus lábios ansiavam por experimentar o gosto um do outro novamente, não parecia fazer sentido, mas fazia quando ambos estavam nos braços um do outro.

Mas, no fim, todo o histórico de ódio entre eles vinha à tona, não tinha como ignorar ou esquecer todos esses anos brigando um com o outro sem parar, sem motivo, não tem como pegar uma borracha e apagar tudo o que já foi dito.

Estava marcado em ambos e eles não sabiam como lidar com aquilo.

Yong Soo não sabia como lidar com as inconstâncias no comportamento de Honda, ele parecia não seguir mais um padrão, era como se Honda tivesse parado de funcionar e entrado em curto-circuito, ele não conseguia prever quais seriam seus próximos movimentos, suas próximas ações, suas próximas palavras, ele iria gritar ou o beijar novamente? Ele não sabia responder, não sabia o que pensar.

Era como se Honda fosse um enigma que Yong Soo não conseguia mais desvendar.

Já Honda não sabia como lidar com tudo o que Yong Soo representava em sua vida, ele sempre se viu como inferior ao coreano, parecia que o coreano tinha um talento nato, ele era intocável, insuperável e tudo o que Honda nunca conseguiria alcançar.

Automaticamente todas as frases comparativas de seus familiares lhe viam a cabeça, para Honda Yong Soo era como um lembrete vivo de que ele nunca conseguiria se destacar mesmo se esforçando até seus pés sangrarem.

Yong Soo era a perfeição em pessoa e Honda temia não conseguir alcançá-lo nunca com suas mãos.

Os dois ficaram em total silêncio dentro daquela sala, tudo que era ouvido eram apenas as músicas que tocavam ao lado de fora, ambos pensavam na relação problemática e curiosa que tinham a sua própria maneira.

Ambos tentavam buscar a solução daquela situação, mas nunca chegava a um resultado final.

Ambos saíram daquela sala apenas quinze minutos depois, quando Francis apareceu com um sorriso enorme no rosto, sorriso que morreu ao perceber que os dois saíram totalmente em silêncio e sem se tocarem, para ele seu plano seria infalível.

Mais tarde naquele mesmo dia Yong Soo estava deitado em sua cama, ele não estava evitando o melhor amigo como Francis pensava, mas ele estava em silêncio desde que saiu daquela sala, sua mente raciocinava tudo o que estava acontecendo nos últimos dias e ele finalmente estava se deixando absorver os fatos inegáveis sobre ele e sobre Honda.

1) Eles não se odiavam mesmo como sempre diziam; 2) A chance de eles acabarem se gostando era grande; 3) Honda ainda era um quebra-cabeça que ele não sabia desvendar.

O Quebra Nozes - COREJAPOnde histórias criam vida. Descubra agora