CAPÍTULO 08

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Yara

as vezes eu pensava se eu tinha sorte ou azar, sorte por estudar em uma faculdade ótima e azar pelas pessoas que estudavam aqui, azar ainda mais por ser super longe de casa.

todo mundo tinha ido embora e eu tava dentro da faculdade ainda, com medo de ficar lá fora e ser assaltada, nem pelo fato de ser zona sul, não quer dizer que não pode ter assalto.

- você vai ficar aqui? -falou me fazendo tomar um susto e olhar pra trás, vendo o segurança- tá tudo bem?

Yara: eu tô com medo de ficar lá fora, meu ônibus só passa daqui a trinta minutos -falei olhando aplicativo- você vai fechar a faculdade?

- eu sou segurança, só fecho o portão -falou rindo e eu acabei rindo daquilo, tava muito nervosa.

Yara: tudo bem, eu posso sair -falei guardando o celular na bolsa e arrumando ela nas costas.

- posso ficar com você aqui na frente, até seu ônibus passar -falou e eu tava quase gritando de alegria por não ficar sozinha

quando ele abriu o portão, vi uma moto parada na frente das escadas e um homem de braços cruzados, forcei mais a vista e vi que era o P7.

vi que o segurança tava pegando a arma na cintura, mas olhei pra ele na mesma hora, e ele me olhou de volta

- fica atrás de mim -falou me puxando pra trás e eu puxei o braço dele- fica aqui garota

Yara: eu conheço ele -falei e ele me olhou de novo- não precisa atirar nele, você deveria perguntar as coisas primeiro

ele ficou me olhando e eu vi que o P7 tinha levantado e tava vindo até a gente.

P7: qual foi -falou olhando pro segurança que ainda tinha a arma na mão-

Yara: nada, o que tá fazendo aqui? -falei vendo que ele nao tirava o olhar da mão do segurança- vamo embora

empurrei ele devagar, mas ele não saiu do lugar e eu olhei pra ele, que tinha a cara fechada e parecia sentir ódio.

Yara: P7 vamo embora -falei puxando ele e ele continuou no mesmo- Patrick vamo embora

ele continuou no mesmo lugar e eu já tava me estressando com aquele caralho, voltei a ficar no meio deles e empurrei o segurança pra trás.

Yara: você poderia por favor guardar essa arma? -falei apontando pra ele e ele me olhou- caralho, eu conheço ele, ele nao é desconhecido então guarda isso pelo amor de Deus

ele acabou guardando e eu puxei o P7 pra moto, ele veio e o segurança já tinha entrado pra dentro da faculdade.

Yara: qual é seu problema ? -falei vendo ele me olhar sem entender- você ficou parado olhando pra cara dele, e se ele matasse você ali? ia me matar junto também, pelo amor de deus cara, para de ser assim

P7: para de ser assim o que menina -falou batendo o dedo no meu ombro- ele ficou tentando me intimidar com a porra de uma pistola, e acha que eu vou perder a postura pra aquilo ali? ele nao deve ganhar nem a porra de um salário mínimo, o cara quiser chegar aí pra assaltar essa porra, ele chega e esse porco morre em dois pulo

ele subiu na moto e colocou o capacete, ficou esperando eu subir e eu fui sem falar nada, foi o caminho todo assim, tinha pouco trânsito, quando teve, ele foi indo pelos cantos que dava.

[...]

Yara: não precisava ir me buscar a força -falei vendo ele me olhar mesmo com o capacete- eu sei que sua mãe te obrigou, assim como te obrigou hoje cedo também

P7: idai, tinha nada pra fazer mermo -falou abrindo o descanso da moto- sabe o que eu lembrei hoje?

dei de ombros e ele ficou me olhando esperando uma resposta, que claramente eu não iria falar.

P7: de quando você foi fantasiada de coelhinha, pra última festa fantasia do 3 ano -murmurou e eu dei um murro no braço dele, que ficou rindo-

Yara: você e mais qual idiota? -falei vendo que ele realmente iria falar- nossa, fecha sua boca garoto, meu deus, ridículo, por isso eu não gosto de você

ele levantou o capacete e ficou me olhando com um sorrisinho de canto, não podia negar que ele era bonito, era muito bonito, mas eu não podia nem falar isso que so iria ser mais uma das que exaltava ele.

a gente ficou se olhando até eu perceber que ele tava indo mais pra perto, virei o rosto pro lado sentindo sua boca encostar na minha bochecha num beijo molhado.

ele riu e segurou no acelerador, tirando o descanso do chão e acelerando a moto, que fez o maior barulho e eu bati com o capacete no braço dele.

P7: quer que eu te pegue amanhã de novo? -falou e eu olhei pra ele de lado, vendo vendo pegar o capacete da minha mão- papo limpo, sem bagulho de eu ser obrigado a te buscar

Yara: não, obrigada -falei vendo ele rir e acelerar a moto de novo- para com isso, tem morador dormindo fio, parece que não pensa

ele fingiu que nem me ouviu e acelerou mais, saindo com a moto rua a cima, perdi ele de vista e acabei sorrindo com aquilo.

subi pra casa e tranquei a porta da frente, abri a porta de casa e vi meu pai sentado no sofá, fingindo claramente que tava assistindo televisão.

Paulo: vi que voces tavam conversando ali na frente -falou depois de um tempo e eu olhei pra ele- vocês estão se dando bem?

Yara: se dar bem é uma palavra muito forte, tô começando a aturar ele -falei vendo meu pai rir- agora eu preciso deitar que eu tô muito cansada

Paulo: vi que você tava rindo com ele, rindo até demais -falou e eu parei no corredor- quero ver você assim sempre minha filha, no fundo, no fundo, você sabe que o Patrick é um menino generoso, sempre foi, me ajudou no pior momento da gente, que foi quando a polícia invadiu e quebrou nosso bar , não julga o coitado por ele ter seguido o caminho errado não minha filha, nem todos tem boas escolhas na vida

ele parou na minha frente e me deu um beijo na testa, murmurando um "boa noite minha menina", ele entrou no quarto e eu fiquei olhando pro final do corredor que tinha a porta do banheiro e mais nada.

me peguei lembrando do que ele tinha falado, passava e repassava na minha cabeça, várias vezes, mas eu ignorei e fui pro meu quarto, tomar meu banho pra ir dormir.

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