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No silêncio e escuro do seu quarto, você sentia falta dos braços dele ao seu redor, do calor que o corpo dele emanava, da respiração fraca no seu ouvido. As lágrimas solitárias escorriam toda noite por suas bochechas, contando-as até finalmente pegar no sono.
Em algumas noites você simplesmente não conseguia dormir, os olhos pesados, a alma parecendo estar fora do corpo quando os pés tocavam o chão frio, procurando por sapatos e trocando o pijama por uma roupa mais quente. Guiava-se para fora, perambulando pela rua até perceber que se tratava da rua dele.
A visão estava turva quando bateu na porta três vezes, sem resposta. Tocou a campainha, ansiosa demais para esperar, a quietude da rua fazendo seus ouvidos zumbirem.
Você tentou seguir a vida, tentou desligar os sentimentos e fingir que nada havia acontecido, mas você sentia demais, era intensa demais. Não conseguia evitar quando a onda te afogava, deixando-a incapaz de gritar, de lutar de volta. Realmente queria estar falando sério quando dizia que havia superado-o.
A porta abriu, você parou no instante, escutando de longe. A brisa gelada a abraçou, porém não era forte o suficiente para afetá-la. Você virou de volta para casa dele, pisando cuidadosamente como se fosse um lago congelado, a cabeça baixa para não ter o desprazer de olhá-lo.
⏤ O que tá fazendo aqui?
A voz familiar enviou arrepios pelo seu corpo, e o que antes a causava excitação, desencadeia ânsia.
⏤ Eu te falei pra não aparecer mais ⏤ relembrou. Você continuava a evitá-lo, borbulhando por dentro, os ombros subindo e descendo, a cabeça a mil. ⏤ Você tá me ouvindo, porra? ⏤ ele perguntou, quase murmurando. ⏤ Ei ⏤ deu ênfase, segurando seu rosto bruscamente para forçá-la a olhá-lo. ⏤ Olhe pra mim quando eu falo com você.
Com o maxilar travado, puxou a mão dele de você. ⏤ Não encosta em mim, caralho ⏤ disse, sentindo-se capaz de fazer tudo. ⏤ É sua culpa. A razão por eu tá aqui, é tudo sua culpa. ⏤ Passou o dorso da mão nos olhos, fungando. ⏤ Eu te odeio pra caralho, te odeio muito.
Ele a encarou, atônito. ⏤ Agora você me odeia?
Você não respondeu, ele se aproximando.
⏤ Agora você me odeia depois de eu ter te feito mulher, não é? ⏤ expôs, ácido. ⏤ Depois de tudo o que eu fiz por você, das noites com minha família que tive que sacrificar pra ficar com você só porque você pediu. ⏤ Ele agarrou seus braços, fazendo-a notar o quão perto estava. ⏤ Você disse pra eu ir embora, e eu fui. Então me responda que merda você quer batendo na minha maldita porta?
