CAPÍTULO UM

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Sou um bom partido. As mulheres vivem me dizendo isso. De fato, não tenho do que me queixar, sou bonito, inteligente, rico e muito vigoroso. Só tem um pormenor, eu não tenho nenhum interesse nas mulheres que não seja o sexual.

Eu me lembro muito bem quando comecei a ser assim. Lembro em detalhes o dia e o momento que tudo mudou na minha vida e me levou a comprar mulheres para o meu bel-prazer. Foram dois episódios, a primeira contribuição aconteceu quando eu ainda era criança e quem provocou a primeira ruptura foi o meu pai.

— Augustus e Álvaro, agora somos só nós três. Mamãe foi morar no céu, virou uma linda estrelinha, vai cuidar de nós lá de cima, onde tenho a certeza que ela está, porque ela era uma mulher encantadora, uma verdadeira fada em nossas vidas. — Ele disse isso chorando muito, alguns minutos depois do médico sair do seu quarto e avisar que minha mãe tinha morrido. Eu estava com sete anos, muito pequeno, nem sabia o que era a morte. Álvaro, meu irmão com quase doze anos, sentou comigo e explicou o que tinha acontecido com a nossa mãe, que ela estava muito doente e era uma doença sem cura. Pediu que eu fosse forte na frente do papai porque ele estava sofrendo muito. Eu nunca tinha visto ele chorar, foi um choque e eu decidi ser forte desde aquele dia, meu pai nunca me viu derramando uma lágrima, apesar de chorar escondido dele algumas vezes com saudades da minha mãe.

A partir daquele dia, fomos apenas nós três. Meu pai nunca mais arrumou alguém para substituí-la, cuidou de nós dois sozinho, com a ajuda de babás, mas pelo tamanho do quadro de mamãe na parede do seu quarto bem em cima da sua cabeceira, deduzi que seu coração seria único e exclusivo dela enquanto ele vivesse.

A medida que fui crescendo, achava estranho papai não querer outra mulher, ele era um homem com pouca idade, extremamente rico e bonito, eu não compreendia ele estar sozinho, as mulheres deveriam se jogar aos seus pés. Aos dez anos, eu já sabia como atuava o desejo sexual no corpo de um homem e Álvaro, sempre desprendido de qualquer vergonha, fazia questão de mostrar como ele agia com as garotas e dessa forma, a sexualidade entrou cedo na minha vida. Foi aos treze anos que descobri que meu pai não tinha mulher em casa, mas ele gostava de mulheres fora dela. Uma vez por semana, meu pai saia de seu quarto tarde da noite e caminhava por entre os corredores da casa, saindo para o quintal e atravessando os jardins em direção a uma pequena edícula nos fundos da nossa residência. Eu ficava acordado até de madrugada e via quando ele voltava com uma expressão feliz. Minha meta daquele dia em diante era descobrir o que acontecia lá, escondido de todos, que alegrava o meu pai. Sabia que era algo proibido e tinha quase certeza de que envolvia mulher.

A oportunidade surgiu quase um mês depois. Eu enganei a babá, uma mulher que cuidava para que eu não faltasse às aulas, não ficasse sem comer, para que eu cumprisse as obrigações diárias. Estava claro que não precisava mais de vigilância o tempo todo, porém meu pai não abria mão do controle sobre seus filhos. Seu Orlando sempre foi um pai muito presente, nunca nos negligenciou por qualquer coisa, sempre nos educou bem de perto, mas as tarefas de uma mãe eram feitas por nossas tutoras. A babá que cuidava de mim era mais velha e dormia cedo, foi fácil colocar almofadas na cama e enganá-la naquela noite.

Eu cheguei naquele lugar antes dele, forcei a porta e ela abriu, entrei sorrateiramente, me escondi em um canto, bem atrás de uma poltrona e fiquei esperando para ver o que aconteceria ali. Nunca imaginei que veria meu pai fazendo sexo com uma mulher. Eu já tinha visto várias vezes cena de sexo em vídeos e filmes no meu celular e na televisão, mas aquilo parecia diferente, ela servia meu pai sem ele precisar esboçar nada. Ela sabia o que ele queria e como queria, ele estava ali para sentir prazer e sei que ela também sentiu prazer, vi quando gritou cavalgando no colo dele. Quando tudo acabou, ele pegou a carteira, entregou um maço de notas a ela, que fez um carinho nele agradecendo a generosidade e entrou no banheiro saindo de lá rapidamente. Lançou um beijo para meu pai e sumiu porta afora.

AUGUSTUSOnde histórias criam vida. Descubra agora