Quatro dias depois, chego em casa e encontro o carro do meu pai na garagem. Entro em casa disposto a abrir o jogo, conversar e tentar chegar a um consenso, não quero ficar pensando nela, não quero desejar uma mulher que está embaixo do mesmo teto, mas não é minha.
Escuto uma discussão assim que coloco os pés dentro da sala. As vozes vêm do escritório.
— Você está se precipitando, querida.
— Orlando, eu não aguento mais essa situação. Não estou conseguindo administrar meus sentimentos. Não quero ser essa mulher, eu não gosto dessa posição. — Apesar de não gostar de ouvir conversa atrás da porta, essa me pareceu ser a chave de um mistério, então me mantenho em silêncio, pedindo perdão mais uma vez.
— Ele não te enxergaria se não estivesse nessa posição. Foi só por isso, Chloe. Se você não fingisse ser uma mulher da vida, ele passaria por você e não te veria. Augustus se espelhou em mim a vida inteira, achando que eu era feliz vivendo uma vida vazia. — O que ele está dizendo? Chloe mente para mim? Ele mente para mim?
— Mas eu não sou essa mulher. Ele pensa que está te traindo, que você vai odiá-lo, eu não quero ver vocês brigando. Você sempre me protegeu, Orlando. Você sempre ajudou a minha mãe, não posso ficar mais entre vocês. O que eu desejo está longe de acontecer, ele não vai me amar da maneira que eu quero. — Chloe está dizendo que está de armação com o meu pai, que é uma cilada para mim, para eu me apaixonar e parar de sair com mulheres pagas. Ninguém vai mais me enganar. Entro no escritório.
— Deixe-me ver se entendi direito o que estão fazendo, basicamente os dois se uniram para me enganar, é isso? — Chloe olha assustada para mim e depois para meu pai, suplicando uma ajuda.
— Oi, filho. Chegou mais cedo hoje.
— É, eu queria falar algo com o senhor e que bom, você já adiantou o assunto, Chloe. — Caminho até ela, girando a sua volta, olhando friamente para a mulher por quem me apaixonei. — Você acha mesmo que eu me interessaria por essa aí, a ponto de abandonar a minha vida mundana?
— Augustus, não foi essa educação que dei para você. Não desrespeite a Chloe. — Olho para ele.
— Foi você que desrespeitou a garota primeiro, arrumando esse joguinho de homem apaixonado. Você me enganou, pai. Deixou que eu pensasse que estava te traindo.
— Eu queria que você olhasse para ela e você só olhou porque estava no seu catálogo de mulheres e continuou olhando depois que passou para o meu. — Viro o rosto, olhando diretamente para ela.
— E você, Chloe, por que se sujeitou a esse papel? Diga a verdade, agora que foi descoberta. Me ajuda a entender o que tem nessa sua cabecinha. — Ela olha para ele e ele acena que sim com a cabeça.
— Eu sou apaixonada por você desde muito nova. Você nem sonhava, nunca olhou para mim, sempre esteve naquela fazenda, mas nunca me enxergou. Eu contei para seu pai depois que minha mãe morreu, pedi que ele me ajudasse a fazê-lo me enxergar. Eu aceitaria qualquer coisa para estar próxima de você. — Sinto o coração explodindo dentro do peito. Mentiras movidas pelo amor. — Mesmo você me vendo, mesmo estando na minha cama, sei que isso não será o suficiente, descobri da pior forma que amor não se compra, ele não está a venda, é preciso exercitar, regar, para dar frutos.
— Vocês dois estão certos, eu não olharia para você se não fosse dessa forma, se você não fosse uma prostituta. — Vejo a decepção em seu rosto, Chloe não consegue mais segurar as lágrimas, ela me magoou e eu devolvo na mesma moeda. Confesso que a garota é guerreira, limpa as lágrimas, caminha até meu pai e o abraça.
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AUGUSTUS
Short StoryUM CONTO PARA MAIORES DE DEZOITO ANOS Augustus é um homem de 31 anos que, após enfrentar a dolorosa perda de sua mãe ainda jovem, decide que nunca entregará seu coração a nenhuma mulher. Ele prefere se relacionar apenas com mulheres que ele paga por...