CAPÍTULO CINCO

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Quarenta dias é um tempo recorde. Eu não contratei nenhuma mulher nesses dias. Tento enganar meus pensamentos, reforçando que isso só se deu por excesso de trabalho, por falta de tempo, mas sei que a garota de olhos azuis mexeu comigo, com meus desejos sexuais. Eu sei que não me satisfaria com outro corpo que não fosse o dela. Conheço quando fico obcecado por alguma delas. Já ocorreu isso outras vezes, não nessa intensidade.

Engano a mim mesmo, dizendo que estou indo para a fazenda porque meu pai está lá e eu prometi que estaria lá para cavalgar com ele na próxima vez que ele fosse. Seu Orlando foi para a fazenda na quinta-feira e disse ficar por lá por alguns dias curtindo os netos, que são os amores da vida dele.

Assim que o jato toca o chão de Martinópolis, ligo o celular e envio mensagem para Maria Clara, pedindo que me mande Chloe para passar o fim de semana. Meu celular vibra e não acredito na mensagem que leio.

Desculpe não poder te atender, Augustus. A Chloe não está mais disponível na minha casa.

Fico tenso na mesma hora.

Aconteceu algo com ela?

Eu todo preocupado, sem entender o que acontece.

Não, claro que ela está bem. Arrumou um Sugar Daddy, não estará mais passando apuros com dinheiro e nem ficará nas mãos de qualquer homem.

Minhas pernas bambeiam, ainda bem que o carro está próximo da pista. Entro e sento nele, levando a mão a cabeça.

Sugar Daddy? A garota arrumou um velho para custear a sua vida? Dar segurança a ela em troca de disponibilidade? Coloco o carro em movimento, tentando me recuperar do golpe sofrido. Eu, louco para foder aquela mulher e agora essa, ela tem um homem maduro, rico e provavelmente bem-sucedido para cuidar do seu bem-estar e em troca se deliciar naquele corpo quente e gostoso.

Merda...

Eu não esperava por isso.

Okay, eu estou bem, era apenas uma garota que me atraiu, agora está protegida, tem alguém para cuidar dela. Dirijo em direção a fazenda sentindo um aperto no peito, uma coisa que nunca senti antes, abro os vidros, aumento o volume da música, vou relaxando aos poucos e assim que paro em frente do casarão, estou quase igual a antes de saber que ela não estaria aqui. Entro em casa, com a mochila nas costas, escutando a algazarra lá na cozinha.

— Cadê as crianças mais lindas do titio? — Entro na cozinha e fico chocado com a cena. As crianças saem da mesa correndo ao meu encontro e ao lado do meu pai, em pé, colocando um prato na sua frente, Chloe, olhando para mim sem graça. Pela expressão do meu irmão, eu entendo que o sugar daddy dela é o meu pai. Agacho, abraço meus sobrinhos, perguntando sobre a semana deles e o que fizeram de mais legal. Quando consigo me desvencilhar deles, vejo no rosto do meu pai algo que nunca vi nesses anos. Uma alegria e uma vitalidade que nunca esteve ali. Papai vai fazer cinquenta e quatro anos, é um homem forte e bem-cuidado para sua idade, sendo viável arrumar uma mulher para cuidar dele daqui para frente, mas por que ele foi escolher justo ela, bem mais jovem que ele? Por que ela, se nunca se interessou por nenhuma delas esses anos todos desde que mamãe morreu?

— Acho que cheguei na melhor hora dessa casa. — Sento na cadeira em frente a ele, que me analisa com o olhar. Silvia vem até mim e me beija.

— Olá, cunhado. Eu mesma fiz aquele ensopado de carne que você gosta, sabia que viria atrás do seu pai, lembro que você comentou na última vez que esteve aqui.

— Obrigado, Silvia. Gosto muito quando você cozinha. Oi, Chloe, não esperava ver você aqui. — Meu pai olha fascinado para ela.

— Eu estou cuidando das crianças até a babá voltar de férias. Desde quinta estou aqui. — Mentirosa, está escrito na testa dela. Álvaro resolve falar.

AUGUSTUSOnde histórias criam vida. Descubra agora