Minhas mãos suam quando eu bato na porta da sua edícula. Chloe abre a porta e uma lufada de ar traz o cheiro floral do seu perfume. Não a reconheço, os cabelos estão ondulados, brilhantes e penteados. No rosto uma maquiagem simples, mas impactante, a boca rosada, carnuda, os olhos mais evidentes. Está com um vestido na altura dos joelhos, leve, rodado, florido. Nunca a vi tão linda.
— Augustus?
— Decepcionada? — Ela sorri.
— É que você nunca veio aqui antes.
— Trouxe um recado do meu pai.
— Aconteceu alguma coisa com ele? — Seu rosto se transforma, fica preocupada com ele de verdade.
— Um amigo dele passou mal e ele teve que ir até o hospital ver como ele está.
— Graças a Deus que nada aconteceu com ele, fiquei assustada. Espero que seu amigo esteja bem. É... quer entrar?
— Acho melhor não. Vim até aqui apenas para trazer o recado que o cinema ficou para outro dia. É uma pena, você está tão linda. — Noto o seu rubor e ela abaixa os olhos envergonhada pelo elogio.
— Você poderia me levar, nós íamos ao cinema, nada demais. Tem algum compromisso? — Não esperava que ela fizesse esse pedido.
— Eu até combinei com alguns amigos de sair, mas nada certo. Você não tem problemas quanto a eu te levar?
— Estou tão ansiosa, eu nunca fui em um assim grande, com poltronas grandes, um telão gigante. Se não for te atrapalhar...
— Eu te levarei, vou apenas colocar uma roupa mais apropriada.
— Para mim você está perfeito.
— Posso fazer melhor. — Visto uma roupa informal, calça de sarja, camisa polo, sem admitir que quero impressionar a mulher ao meu lado e sem entender porque ofereci de acompanhá-la.
Chloe está quieta no carro e eu mantenho o silêncio, tentando administrar o que eu sinto levando a garota a primeira vez no cinema. Nem lembro a última vez que fiz isso, normalmente alugo o filme e assisto no home theater em casa. Não perguntei que filme era, mais preocupado com o passeio dela não ser perdido, mas para uma primeira vez, é claro que ela escolheu um filme romântico.
Um balde de pipoca e um litro de refrigerante é entregue pelo garçom e ela está encantada com algo tão comum na minha vida.
— Nunca imaginei que teria um cinema que mais parece um restaurante. Eles servem as coisas aqui, isso é louco.
— Esse é um cinema premium, é diferenciado.
— Estou adorando isso. Obrigada, Augustus. Desculpe mesmo se atrapalhei sua noite.
— Não esquenta, eu não tinha mesmo nada de importante. Olha, está começando. — Não foi apenas o filme que começou. Começa também o meu sofrimento masculino. Chloe não para quieta, seu vestido sobe alguns centímetros deixando mais da sua pele exposta. O filme além de romântico, é quente, tem cenas de sexo, tem pegadas gostosas e mesmo não prestando muita atenção no enredo, sinto um calor cada vez maior dentro de mim. Quando ela toca o meu braço e pergunta se estou bem, eu me descontrolo.
— Eu pareço bem, Chloe? — Ela toca o meu pescoço.
— Não, por isso perguntei.
— Eu estou excitado, satisfeita?
— Eu também estou excitada, acredita? — Fecho os olhos contando até cem. Quando abro de novo, ela continua a me olhar.
— Assiste o filme, Chloe. Não me olhe assim. — Quando as letras sobem eu agradeço aos céus. Saímos dali em silêncio, cada um tentando controlar seus hormônios sexuais. A sua ingenuidade me atinge em cheio. No carro ela tenta conversar.
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AUGUSTUS
Short StoryUM CONTO PARA MAIORES DE DEZOITO ANOS Augustus é um homem de 31 anos que, após enfrentar a dolorosa perda de sua mãe ainda jovem, decide que nunca entregará seu coração a nenhuma mulher. Ele prefere se relacionar apenas com mulheres que ele paga por...