CAPÍTULO SETE

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Procurei ficar distante de casa, tentando controlar o meu desejo por ela. Fiz até uma coisa inusitada, nem mesmo eu acreditei que isso de fato aconteceu.

Saí com alguns amigos, escolhemos uma balada bem frequentada e eu resolvi que eu escolheria uma mulher, faria marcação nela, disposto a levá-la para a cama sem entrar o maldito dinheiro na jogada. Alguns homens diriam que isso é fácil, mas para mim, acostumado a escolher em um catálogo, é um ato de muita coragem e desprendimento.

O lugar está cheio de garotas disponíveis, uma mais linda que a outra. Não tenho nenhuma experiência em azaração, mas nem precisei usar muito de conversa, já estou rodeado de mulheres, todas interessadas em ir para a cama comigo. O problema começa quando vejo do outro lado da pista, Chloe e mais duas moças, rindo e dançando. As mulheres que estão a minha volta perdem o encanto na mesma hora, eu não consigo tirar os olhos dela.

Isso provoca em mim muitos questionamentos. Por que essa garota se tornou uma obsessão para mim? Eu estou me divertindo, tenho várias mulheres me bajulando, por que eu quero exatamente aquela, a proibida diante da boate inteira? Peço licença e aviso que vou pegar uma bebida.

Decido não beber, vim de carro e quero estar limpo quando entrar nele. Peço para colocarem uma Coca-Cola em um copo e encosto no balcão, pensando no que devo fazer já que a ver ali atrapalhou a minha noite.

— Augustus? — Ela me acha. Viro para ela e está com as mesmas moças da pista.

— Olá, Chloe. Que surpresa a encontrar aqui.

— Eu também estou surpresa. Essas são as minhas amigas do curso. Elas me convidaram para essa balada, insistiram e eu vim. — Cumprimento as garotas, que olham para mim interessadas.

— Que bom. Está bem agradável aqui.

— Nós vamos voltar para a pista, será que tem como você me dar uma carona quando for embora, se não for te atrapalhar? — Por essa eu não esperava. Além de atrapalhar o meu rolê, ela ainda quer ter a certeza de que minha noite vá para o buraco.

— Tudo bem, você não vai me atrapalhar.

— Ai, que bom, Augustus. Eu não queria que ninguém viesse me buscar, sabe, não gosto de dar trabalho. Vou lá. — Aceno com a cabeça, louco para tomar algo forte agora. Acompanho as três voltando para a pista, olho o relógio e vejo que ainda é 23h.

Volto a olhar para o balcão, ciente que eu não sairei dali com ninguém depois de encontrar com a mulher que não sai da minha mente perversa. Talvez Chloe tenha uma certa razão, eu a quero para mim, mas não tenho atitude de chegar para o velho e dizer isso a ele. Estou bem confuso e ficando cada vez mais confuso. Será que ele sabe que ela está em uma balada?

Deixo que ela se divirta até a meia-noite. Vou até meus amigos, me despeço deles e vou até ela acenando que está na hora. Ela se despede das amigas e vem em minha direção. Está linda, veste uma calça pantalona com uma camiseta curta e cavada, que cola em seu corpo, moldando sua silhueta curvilínea. Os cabelos estão amarrados no alto da cabeça e quando chega próximo eu reparo na sua maquiagem carregada.

— Vamos.

— Vamos. — Coloco-a na minha frente, tocando-a na sua cintura para chegarmos mais rápido na saída. Sua pele arrepia ao meu contato e eu sei como seu corpo fica quando seus pelos se arrepiam. Tento me distrair, olhando as pessoas em volta, mas o seu cheiro me confunde. Pago a minha comanda e a dela, notando que ela bebeu apenas uma gim-tônica.

Entrego o papel para o vallet e espero ele buscar o carro.

— Gostou daqui?

— Gostei, mas eu não me acostumaria com essa muvuca toda semana. Gosto mais das festinhas de Martinópolis.

AUGUSTUSOnde histórias criam vida. Descubra agora