CAPÍTULO NOVE

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Depois de trinta dias tentando me esquivar dela, bato em sua porta. Ela abre e me assusta com a grandeza da sua beleza. Cortou o cabelo e clareou um pouco mais, está com uma maquiagem marcante, que deixa seu rosto lindo e iluminado. A boca vermelha, convidativa está ligeiramente aberta, espantada com a minha presença. No corpo um roupão, provavelmente um roupão e mais nada. É muita pressão para uma pessoa só.

— Quais são os seus termos, Chloe? — Deixo claro que ela é o motivo de estar em sua porta.

— Não sei do que você está falando, Augustus. — Ela entra e eu entro atrás dela.

— Não se faça de inocente, garota. Sabe muito bem do que eu estou falando.

— Não, eu não sei. — Ela senta no sofá e cruza as pernas, deixando ainda mais visível que está nua por baixo do roupão. É teste para cardíaco.

— Eu não paro de pensar em você, Chloe. Dia e noite. Banhos e banhos gelados. Diga logo quais são os seus termos para eu frequentar a sua cama de novo. — Ela esboça um sorriso.

— Exclusividade é a primeira regra.

— Essa está fácil, eu não tenho saído com ninguém. Estou desesperado, é bem real isso.

— Não quero mentiras, Augustus. Eu sempre odiei mentiras, eu não queria mentir para você, mas o seu pai estava certo, você nunca me enxergaria se eu não me colocasse na sua frente do jeito que você sempre enxergou as mulheres.

— Sem mentiras, isso ficou claro que não dá certo. Ele tinha razão, eu não queria enxergar ninguém, preciso agradecê-lo por isso.

— Para começar sem mentiras, eu sou apaixonada por você, sempre fui, desde o primeiro dia que coloquei os olhos em você. Eu era uma garotinha e você um homem feito, foi em uma festa de peão lá na sua fazenda. Minha mãe me levou, você não lembra porque eu era uma pirralha sem graça, magricela. Eu te via envolto em nuvens de coração, era bem assim que eu te via. Daquele dia em diante eu sabia que um dia eu seria sua, comecei a especular sua vida, como você vivia, se você continuava solteiro. Esse era o meu maior medo, que você encontrasse um amor. Por acaso, escutei a Maria Clara conversando com minha prima mais velha sobre um homem que vinha para a cidade de vez em quando e que pagava bem para as mulheres agenciadas por ela, inclusive oferecendo o serviço para minha prima. Ela disse o seu nome e foi aí que eu descobri que você era um homem sem interesses românticos. De um lado era bom porque eu não corria o risco de você ficar apaixonado, mas por outro eu não teria chance de você se apaixonar por mim. — Olho para ela, incentivando-a a contar sua versão da história.

— Eu nunca notei que seu pai também levava a mesma vida, achei que ele ainda não tinha encontrado um novo amor. No dia que a minha mãe morreu ele perguntou se eu precisava de alguma coisa. Apesar do dinheiro que ela recebia do seu pai ser suficiente para nós, nunca era suficiente para meu irmão, envolvido com as drogas. Ele torrou o dinheiro que seu irmão indenizou em menos de um mês e eu teria que escolher que vida levaria, porque trabalhando em uma loja de roupas de vendedora, não seria o bastante. Eu abri o jogo, falei para ele que te amava e ele ficou assustado no início. Depois ele refletiu e achou que você poderia gostar de mim, mas ele disse que você nunca me olharia se não fosse como as mulheres que você saia. Foi dele a ideia de me colocar na sua frente como uma prostituta. Ele ajeitou tudo com a Maria Clara, você só tinha que me escolher no momento certo.

— Quando olhei a sua foto, senti algo diferente. Sua jovialidade me encantou. Quando você chegou pensei em desistir por várias vezes, eu notei que você era muito inocente.

— Eu não queria que você me visse como uma prostituta. Odiei fazer aquele papel, mas eu amei sentir seu corpo em cima do meu, sua boca, seu clímax. Pedia a Deus que você gostasse de mim, além do sexo. — Sento-me ao seu lado, segurando nas suas mãos.

AUGUSTUSOnde histórias criam vida. Descubra agora