Capítulo 11 - É complicado

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"Lock broken, slur spoken
Wound open, game token
I didn't know you were keeping count
Rain soaking, blind hoping"

As ruas de Nova Iorque já estavam enfeitadas para as festas de final de ano. Haviam luzes de natal espalhadas por todos os cantos da cidade, piscando de forma brilhante nas árvores e postes, cada esquina decorada com os mais variados adornos, as vitrines das lojas exibiam suas decorações festivas mais deslumbrantes. O clima frio do inverno adicionava um toque aconchegante à atmosfera da metrópole enquanto as pessoas andavam apressadas pelas calçadas, embrulhadas em casacos e cachecóis, em meio a neve que caía em leves quantidades. O aroma irresistível de biscoito de gengibre invadia absolutamente todos os estabelecimentos, crianças saboreavam balas de bengala e formavam enormes filas para conhecer o Papai Noel. Era incrível como a energia da cidade inteira era capaz de mudar apenas com a proximidade das festividades. A população passava a demonstrar gentileza, ficava mais sorridente, acolhedora. Com dezembro se aproximando rapidamente, o cronograma acadêmico na Universidade de Columbia estava chegando ao seu aguardado fim, marcando o início das tão esperadas férias de fim de ano. Naquela semana, os alunos já haviam enfrentado as temidas provas finais, e a tensão estava no ar enquanto aguardavam ansiosamente pelos resultados individuais que determinariam se estariam livres para aproveitar o merecido descanso ou não. Era um momento de grande expectativa pois todos ansiavam por uma pausa após o semestre. Contudo, o que para todos os professores também deveria ser um alívio, para dois deles não parecia ser a melhor opção, já que passar tempo na faculdade significava passar o tempo juntos.

O que até então tinha sido um acordo firmado entre Pepper e Tony sobre tratarem o que tinham apenas como sexo casual estava começando a ruir. Não importava o quanto tentassem ignorar, o sentimento que estava nascendo entre eles se tornava cada vez mais evidente e impossível de ser contido. Não havia como desvincular, não havia como simplesmente desligar. As faíscas de desejo que antes os uniam estavam sendo substituídas por algo mais profundo, algo que nenhum deles poderia mais negar. Era como se o destino estivesse brincando com eles, empurrando-os para além das fronteiras do acordo casual que haviam estabelecido. Os encontros casuais na universidade já tinham virado rotina, a transa depois de uma discussão qualquer sobre métodos de ensino também, assim como a preocupação que tinham um com o outro em um dia ruim. O sentimento era inerente ao prazer carnal. Ele existia e não havia como ir contra.

Por conta disso, o casal de amantes resolveu passar o dia 23 juntos, em um hotel no Queens, o mais afastado que poderiam ir, já que no dia 24 viajariam para passar aquele período festivo com a família de seus respectivos parceiros. Naquela data especial, trocaram presentes carinhosamente escolhidos um para o outro, como se cada embrulho fosse uma declaração silenciosa de seus sentimentos crescentes e camuflados. Eles se amaram com uma paixão intensa e genuína, compartilhando momentos de cumplicidade e carinho. O amor que antes era apenas uma faísca agora ardia como um incêndio incontrolável.

Na véspera de Natal, quando abriram os presentes ao lado das suas famílias, não puderam deixar de pensar um no outro. Os vídeos longos e emocionantes que haviam recebido, fazendo as felicitações festivas, eram como um lembrete constante de sua conexão secreta. No Ano Novo, quando beijaram a boca de seus parceiros oficiais, assim que o relógio bateu meia noite, ainda era o rosto um do outro que pairava em suas mentes. Mesmo quando chegaram ao ápice com eles, não podiam evitar pensar na pessoa que realmente os fazia sentir vivos.

Nos dias que se passaram, trocaram mensagens constantemente, compartilhando confidências, declarações de amor e até mesmo conversas triviais. Cada mensagem era como uma ponte que os ligava. Apesar dos riscos e dos desafios que enfrentavam, eles conseguiram se encontrar pessoalmente duas vezes durante o recesso, mas esses momentos preciosos eram apenas um vislumbre do que desejavam. Ansiavam pelo momento em que poderiam voltar a se verem todos os dias.

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