Capítulo 12 - Nosso

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"A place where I can go
To take this off my shoulders"

É surpreendente como, às vezes, voltar à rotina pode ser revigorante. Após um período de pausa ou interrupção, retomar as atividades cotidianas traz uma sensação de normalidade que pode ser incrivelmente reconfortante. A rotina nos proporciona estrutura, um senso de propósito e a oportunidade de nos sentirmos produtivos. Quando ocupamos nossa mente com tarefas diárias, seja no trabalho, nos estudos ou em nossos afazeres pessoais, encontramos um equilíbrio que nos permite enfrentar os desafios da vida de forma mais tranquila. A sensação de realização que acompanha a conclusão de uma tarefa ou a conquista de um objetivo é gratificante e nos impulsiona a seguir em frente. Além disso, a rotina muitas vezes nos conecta com outras pessoas e essas interações sociais que construímos são fundamentais para nosso bem-estar emocional, proporcionando um senso de pertencimento e apoio.

Embora possamos apreciar momentos de pausa e lazer, a rotina nos lembra da importância da disciplina e da constância em nossas vidas. Ela nos ajuda a manter o foco em nossos objetivos e a progredir em direção a eles. E, muitas vezes, é nessa rotina que encontramos oportunidades para crescer, aprender e nos desenvolver. Claro, as férias são maravilhosas. Existe algo mais prazeroso do que o período em que você pode simplesmente se dar ao luxo de não fazer nada, de só existir, sem qualquer preocupação? É nesse momento de pausa que podemos recarregar nossas energias, explorar novos lugares, passar tempo com entes queridos e desfrutar das pequenas alegrias da vida. Então sim, Pepper amava aquele período quase raro da sua vida agitada, mas a rotina, ah, o caos da rotina, esse era seu vício.

P E P P E R

Tudo seguia dentro da normalidade desde que as aulas foram retomadas em Columbia. Fevereiro já está entrando em sua terceira semana, os alunos já estão se ajustando aos seus novos horários, os professores já se organizam de acordo com as novas demandas do semestre. É como se fizéssemos parte de uma grande máquina onde cada peça deve se encaixar perfeitamente no grande mecanismo do conhecimento. Então, não me surpreendo quando ao abrir meu armário me deparo com algumas atividades que já necessitam da minha correção. Primeiro mês de aula e já tenho notas a serem dadas.

Sinto um aperto no peito ao folhear os trabalhos. Sempre me questiono sobre a validade desse sistema, como se um número pudesse definir o valor de alguém. Minha visão de educação sempre foi mais aberta, mais centrada no desenvolvimento pessoal e no pensamento crítico do que na memorização e na busca frenética por notas altas. Acredito que os alunos são muito mais do que suas pontuações em uma folha de papel. Cada um deles tem sua própria voz, sua própria perspectiva. Alguns têm ideias brilhantes, mas podem não expressá-las da maneira mais convencional. Outros podem ter dificuldades com a escrita, mas suas ideias são profundas e dignas de serem exploradas. É frustrante ver como um sistema de notas pode simplificar tanto essa complexidade.

Acredito no poder da educação para inspirar, questionar e transformar, mas às vezes parece que estamos apenas alimentando uma máquina de classificação. Minha mente vagueia para minha própria experiência na universidade. Lembro-me dos professores que me inspiraram, que me desafiaram a pensar de maneira diferente, que me encorajaram a questionar o status quo. E, ao mesmo tempo, lembro-me dos momentos em que me senti perdida e desencorajada pelas notas que recebi. Eu me pergunto se podemos encontrar um equilíbrio, se podemos valorizar o processo de aprendizado tanto quanto o resultado final. Se podemos reconhecer que cada aluno é único e que a educação não é uma competição para ver quem consegue a nota mais alta. Se podemos criar um ambiente em que os alunos se sintam encorajados a explorar, cometer erros e crescer, em vez de temerem o fracasso.

À medida que continuo a ler os ensaios, começo a deixar meus próprios comentários e notas, mas com um desejo ardente de que possamos encontrar uma maneira de ir além do valor quantitativo e valorizar verdadeiramente o potencial de cada aluno. Afinal, a educação é muito mais do que uma série de números em uma página. É a jornada de autodescoberta, de desenvolvimento pessoal, de expansão de horizontes. E, como educadora, estou comprometida em ajudar meus alunos a trilhar esse caminho, independentemente das notas que recebem.

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