XVIII. Branca invade a fazenda de Álvaro e Isaura

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Alguns dias antes...

Só de ver alguns hematomas em seu corpo, principalmente no seu rosto na região de seus olhos, que estavam meio arroxeados por debaixo da pálpebras, Branca tinha ímpetos de matar quem fez isso nela. No caso, a Isaura, que para ela sempre seria e jamais passaria de uma escravinha roceira matuta, mesmo o Álvaro tendo lhe dado a carta de alforria e se casado com ela há um pouco mais de cinco anos, no ano de 1855. Para Branca, Isaura não passava de um entrave para a sua felicidade com o homem que ela sonhava para ser seu marido desde que ambos ainda eram muito crianças. A irmã do doutor Geraldo amava Álvaro desde muito menina, e justamente por essa razão odiava tanto Isaura, e mais ainda as filhas que ela teve com o Álvaro.

As alucinações de Branca continuavam, cada vez mais frequentes, se antes ela estava à um passo da demência, agora a mesma se entregava a ela de braços abertos. Tudo isso por se sentir ultrajada ao ser preterida por um escrava, disso Branca não se esquecia, simplesmente não conseguia, era demais para ela. Ainda mais vaidosa e arrogante como somente ela conseguia ser.

- A Isaura vai me pagar muito caro por ter me roubado o meu Álvaro, aquela infeliz não perde por esperar, a minha raiva por ela só aumenta e só vai acabar quando uma de nós deixar de existir neste mundo - Diz Branca para si mesma - Mas não é só a Isaura quem vai me pagar por tudo isso, não. A condessa de Campos, o pai da escravinha, o tal do negro André, o meu irmão, e até mesmo o meu Álvaro, por que não? Vão se arrepender do que fizeram comigo e de todas as humilhações e abusos que passei por conta deles.

- Mas vosmecê não se cansa mesmo de fracassar em tudo o que faz, não é mesmo, senhorita Branca? - Era a alucinação do Leôncio aparecendo para ela, a mais frequente de todas as alucinações dela - Pelo que vejo, não, senhorita Branca. Vosmecê não se cansa mesmo de falhar inúmeras vezes em algo tão simples.

- Ora, vá para o inferno que é, sempre foi, e jamais deixará de ser o seu lugar neste mundo, seu maldito!

- Eu já estou nele há muito tempo. Tempo demais, eu diria, Branca - Diz a alucinação do demônio - E muito em breve, vosmecê também estará aqui comigo, queimando nas chamas do mais puro e ardente inferno. Você logo estará aqui, e isso é só uma questão de tempo, e nada mais, minha cara, e tola senhorita Branca Vilella.

- Cale - se, maldito infeliz! Não quero e não vou te escutar! - Ela estava cada dia mais insana - Eu ainda hei de ser muito feliz ao lado do meu Álvaro, de uma maneira que você nunca será com a escravinha roceira matuta.

- Do mesmo modo que a Isaura jamais foi minha, o tal janotinha paulista, o tal do senhor Álvaro, ele nunca será seu, não nesta vida, pelo menos - Diz Leôncio cinicamente - Mesmo porquê, vosmecê não merece ser feliz ao lado dele. Você não merece ser feliz ao lado de ninguém, e nem tão pouco, sozinha, a única coisa que você merece é o inferno, e este certamente, vosmecê já tem dentro de si.

- Miserável! - Ela joga algumas coisas na alucinação que começa a rir da mesma - Vá embora! Suma daqui de uma vez por todas e para sempre!

- Vosmecê está louca, senhorita Branca. Louca e demente ainda por cima, devo ressaltar - Diz a alucinação rindo muito da cara dela, a irritando ainda mais, e a deixando completamente fora de si, naquele exato momento - É, você está completamente louca e demente, isso com certeza, e nem por pena, o seu janotinha vai a querer perto de si.











Um pouco longe dali...

Na antiga Fazenda dos Almeida, Álvaro estava tomando conta de Isaura, enquanto as meninas estavam na casa de sua mãe, dona Perpétua. Leopoldo estava de volta a casa de seus pais, sendo muito bem cuidado por ele e sua esposa, dona Malvina. Isaura estava meio enjoada por conta de sua gravidez, o que de muitas maneiras deixava Álvaro aflito. Ainda mais levando em conta que a mesma não queria comer nada, já que nenhum alimento parava no estômago de sua amada esposa.

Branca Vilella, a verdadeira assassina de Leôncio Onde histórias criam vida. Descubra agora