Nota da autora: Oii gente, desculpa a demora, mas espero que vocês gostem do capítulo. Desculpa pelos erros de português e aproveitem a leitura. ✨️💜
Pov. Hoseok
O barulho no andar debaixo da casa era perceptível desde o momento em que acordamos. Nenhum de nós era silencioso quando estávamos na cozinha, assistindo televisão ou quando nos reuníamos para beber no jardim. E, por mais que eu gostasse desse caos familiar, não queria sair da cama.
Era domingo, já passava das dez da manhã e o som do meu estômago roncando não me deixava esquecer isso. O grande problema era que eu não queria encarar Jungkook e seu olhar malicioso – algo que estava evitando durante a semana toda. Não foi difícil de ele perceber que era eu quem estava com Pérola dentro daquele quartinho, já que meu rosto vermelho me denunciou quando passei por ele e seus amigos sem os cumprimentar.
Normalmente sou educado, muito mesmo, mas eu também tinha outro motivo para querer ir embora. Para sumir daquele lugar.
Harin.
Encontrei sua irmã, Hayoon, aquele dia e percebi que estava falando meio embolado com o rosto vermelho, com certeza tinha bebido demais, então ofereci uma carona até sua casa e foi nesse momento que suas palavras me invadiram como um gosto amargo na língua.
Ela tinha razão em não confiar em mim e me culpar pelo o que aconteceu. Harin e eu éramos o casal que todos tinham inveja por quererem um relacionamento e outros só admiravam sua beleza natural. Nossas famílias eram vizinhas há um bom tempo, então não demorou para que eu a conhecesse num jantar de final de semana na casa dos meus pais.
Óbvio que minha família armou tudo já pensando no futuro, mas ela sempre foi o tipo de pessoa livre que não entrava nos padrões da sociedade. Harin era simples, educada, atenciosa... Depois que começamos a namorar, eu sabia que seria complicado, mas não imaginei que fosse tanto.
Hayoon estava certa. Eu envolvi a irmã dela nesse mundo de celebridades e terminou onde terminou: repleto de dor e solidão. Pensei que nunca mais iria amar alguém como a amei, nem ao menos me interessar por outra mulher.
Foi por isso que me surpreendi quando tive a atitude de beijar Pérola.
Não era como se eu nunca tivesse imaginado nós dois assim, juntos e praticamente se engolindo, mas ter ela nos meus braços foi muito melhor que a minha imaginação. Intenso, desesperador e muito, muito bom.
Não sabia como seria daqui pra frente, ainda tínhamos a reunião sobre o jogo e quase sempre nos encontramos nos corredores da empresa.
Preciso pensar nisso depois.
Mas a minha atitude era justificada por uma única frase: eu precisava tentar. Precisava colocar na minha cabeça que eu não estava preso ao passado e que minha vida precisava seguir. Precisava tentar enxergar outras mulheres além de Harin. Precisava me dar uma chance de querer tentar de novo e me apaixonar como me apaixonei por ela.
Precisava porque não era justo relacionar o amor com dor. Uma dor frustrante que se espalhava toda vez que pensava no que podia ter feito de diferente para mudar tudo. Aquela dor que te consome por dentro e faz você se sufocar a ponto de gritar.
Precisava me dar a chance de não sentir mais essa dor. Então, sim, o beijo de Pérola foi como se um incêndio tivesse se espalhado pelo meu corpo, mas eu não faria isso com ela.
Não cometeria o mesmo erro duas vezes.
Levantei da cama acompanhado do ruído do meu estômago e fui direto ao banheiro da minha suíte. Depois da higiene matinal, caminhei pelo corredor em direção à cozinha. Eu só não esperava ser puxado para dentro de um dos quartos no meio do caminho.
Jungkook trancou a porta atrás de si e me encarou com um olhar desconfiado, enquanto segurava uma tigela de lámen em uma das mãos. O cheiro fez a fome aumentar. Ele colocou o objeto sobre a pequena escrivaninha e voltou a me encarar.
— Você está me evitando — disse baixo. — Não gosto disso.
— Não estou não — menti. — Quero tomar café, pode me deixar sair?
— Eu fiz lámen pra você, mas só vou te dar quando responder as minhas perguntas.
Bufei, impaciente.
— Você acha que eu tenho quantos anos?
— O suficiente para ter fome e querer ceder um pouco. — Avancei em direção a mesa, mas JK entrou na minha frente. — Respostas primeiro.
— Eu não sou um cachorro!
— Respostas...
Sentei na cama depois de suspirar bem fundo.
— O que quer saber?
— O que ela disse pra você? — Olhei para ele, confuso. — O que Hayoon disse?
Pisquei algumas vezes, atordoado. Ele a viu?
— O de sempre — murmurei, cruzando os braços. — Ela estava bêbada e eu ofereci ajuda, mas só recebi o de sempre em troca.
— Ela precisa de alguém para culpar, e é meio óbvio que seria você, hyung.
O problema era que eu estava quase acreditando nela.
— Deu tudo errado aquele dia, tudo. Eu nem deveria ter saído de casa.
— O que aconteceu lá, exatamente?
Pensei e repensei se falava ou não, mas o assunto já ia ser palco de discussão no almoço, então...
— Jin resolveu que "era hora de aproveitar a vida de solteiro", obrigou yoongi hyung e eu irmos juntos, mas você sabe que o vovô não gosta de lugares cheios.
— Ele bebeu muito de novo? — Assenti. — Aish...
— Eu só o deixei em paz depois que vi ele dançando com uma mulher num canto e aí vi Hayoon quase caindo. Deu no que deu.
— E em que momento você e Pérola foram para aquele depósito?
Merda.
Grande merda.
— Você também se divertiu bastante enquanto So Hee estava sentada no seu colo te beijando — alfinetei. Seu rosto juvenil corou.
— Eu queria isso há um bom tempo, mas você já a conheceu? — Neguei. — Ela é uma mulher incrível e eu não sabia como dizer "olha, que tal se a gente ter algo casual". Ela ia me bater.
— Então vocês se beijaram?
— Ela me beijou.
Sorri, notando suas bochechas corarem mais. Muito fofo.
— Mas e você e a Pérola? — Tentou de novo. Desviei meus olhos para o carpete de madeira. — Hyung, não quero ser chato. Acho que nenhum de nós quer ser e foi por isso que eu decidi falar com você. Não quero me intrometer, acho legal vocês dois serem amigos porque ela ainda não fez muitas amizades na cidade e na empresa, mas Pérola parece precisar mesmo do trabalho, então...
— Foi só coisa de momento, Jungkook — afirmei, observando seus olhos se arregalarem. — E não passou de um beijo, não fizemos nada.
— Sério? Vocês dois saíram de lá de um jeito tão...
— Ok, chega. Eu realmente tô com fome, pode me dar a tigela?
Ele se sentou ao meu lado, ignorando minha fala.
— Ela é bem legal, vocês realmente combinam. Se fosse em outra época, acho que se dariam bem.
Em outra época.
Uma época que não existia a cláusula no contrato e eu poderia chamar ela para sair. Uma época que não existe mais.
Porque foi tudo culpa minha.
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Pérola
FanficPérola Ramos é uma Game Designer brasileira que ama projetar sua paixão por jogos em seu trabalho. Depois de perder a mãe, a família Ramos se mudou para Seul, na Coreia do sul, após uma grande proposta de emprego. O que ela não imaginava era que um...