Um Amor do Passado - Revisado

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Bel acorda após uma noite de sono profundo e decide preparar um café da manhã, optando por fritar quatro ovos e bacon. Enquanto está na cozinha, moscas começam a rodeá-lo, mas de repente, elas param, ficando inerte.

- Que barulho chato, todo dia é a mesma coisa... - Murmura Bel, expressando sua frustração com os eventos recorrentes. A rotina monótona parece pesar sobre ele.

Bel, então, dirige-se à sala, senta-se no sofá para comer e liga a TV para assistir a um filme. Após esse momento de lazer, ele inicia seu trabalho diário, abrindo toda a casa e deixando-a destrancada para que as pessoas possam fazer seus pedidos. No entanto, nesse dia, ninguém apareceu para procurá-lo. A rotina de Belzebu, que geralmente envolve atender aos pedidos das pessoas, parece ter uma pausa incomum.

Era 15 horas quando a porta se abre, e Marya entra. Bel não percebe, pois está ao fundo no jardim, caído aos pés da estátua com um copo de vinho na mão e uma arma na outra. Sua cabeça apresenta dois furos, e as balas estão no chão. Ao avistar Marya, Bel se levanta, coloca a arma sobre uma mesinha no jardim, e os furos em sua cabeça se fecham. Ele a recebe um pouco espantado.

- Como você está, Marya? Não estava te esperando, - Bel pergunta, expressando surpresa com a chegada inesperada.

- Mas foi você que pediu para eu vir até aqui hoje, e outra coisa... Sua casa está diferente por dentro, - Observa Marya, apontando para o pedido que a trouxe até Bel e notando as mudanças na residência.

- Essa é a minha real casa, tem menos móveis e por isso é mais simples, - Explica Bel, esclarecendo a situação para Marya.

- Entendi... o que você está fazendo? - Pergunta Marya, buscando compreender a situação em que Bel se encontra. Marya olha para o lado e nota a arma na mesa, mas volta a olhar para Bel imediatamente. Uma observação sutil, mas significativa.

- Estou limpando essa estátua, todo ano eu limpo ela, - Explica Bel, oferecendo uma justificativa para suas atividades no jardim.

A garota olha para a estátua, deslumbrada com a perfeição dos detalhes da escultura. Logo, ela nota a descrição na base.

- Ela é bem antiga e ainda assim é tão bonita... - Comenta Marya, apreciando a beleza da estátua antiga.

- Esta foi a pessoa que mais amei, mandei fazer após sua morte... foi uma homenagem, - Revela Bel, compartilhando um aspecto pessoal e emocional sobre a estátua.

- Entendo, quem era ela? - Pergunta Marya, demonstrando interesse na história por trás da estátua.

- Vamos entrar lá dentro, te explico. Mas esse jardim, na verdade, é um cemitério, e ela está enterrada aqui, - Revela Bel.

- Mas não tem covas aqui, - Observa Marya, surpresa pela falta de sinais óbvios de sepulturas no jardim-cemitério.

Bel, com um gesto sutil, desvela a magia oculta do jardim, fazendo com que as covas apareçam. Angela, a única com um nome, se destaca no meio das demais, que são marcadas apenas por números e anos de morte. A atmosfera ganha uma aura misteriosa, enquanto Bel revela essa parte oculta de seu mundo.

- Como você fez isso? Quem matou essas pessoas? - Questiona Marya, fascinada e intrigada com a revelação das covas e curiosa sobre os acontecimentos por trás delas.

Bel olha para Marya, ele estava à frente da estátua. Seus olhos estavam voltados para o chão, e logo um "Eu" saiu de sua boca, baixo e triste. O peso da emoção permeia o ar enquanto Bel compartilha esse aspecto sombrio de sua existência.

- Vou te contar como cheguei aqui e como a conheci, a história da primeira cova está ligada a mim, e assim tudo se repetiu por vários séculos. Vamos para a sala, - Convida Bel, guiando Marya para um espaço mais confortável.

Vivências - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora