A vida anterior de Marya e sua escolha antes de nascer - Revisado

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Após dois dias terem se passado, Cloe falece no hospital, e Deus entra em seu domínio novamente. Para a sua chegada, uma fileira de anjos estava o esperando com as espadas levantadas na entrada. Lúcifer ouve a grande odisseia acontecer. Driel havia se sentado em uma cadeira para aguardar, tomando uma xícara de café enquanto lia o livro Titanomaquia de Homero, afinal, ele era um romano e acreditava nessas histórias mitológicas.

Deus então entra e se senta na cadeira à frente. Driel fecha o livro rapidamente e volta sua atenção para o Todo-Poderoso.

- Então... Vai me dar um sermão? - Pergunta Lúcifer entediado.

- Não, eu irei te contar as histórias de Michael e seus trabalhos... A partir de hoje, o nome Belzebu não existe mais, seu nome voltará a ser Michael.

- Tanto faz, Belzebu, Michael ou Teletubbies... São apenas nomes. - Diz ele sem prestar muita atenção no ser à sua frente.

- Você está correto, os humanos mudam de nomes a todo momento quando nascem... Primeira vez em milênios que você diz algo correto. - Deus fala com uma voz otimista e sorrindo.

- Porque devo saber desses trabalhos? - Pergunta Lúcifer, expressando curiosidade.

- Esses trabalhos deveriam ser seus, mas a sua teimosia me forçou a criar outro ser destinado a isso... Temporariamente. - Deus explica,

- Ok... Vamos começar então. - Diz lúcifer pronto.

Deus coloca o dedo na testa de Lúcifer, e o mesmo apaga. Sua consciência tinha sido enviada para outro tempo, outra era, no ano de 1660, próximo ao ápice da caça às bruxas em Salem.

SALEM, ANO 1660

- Eu me lembro desse tempo, tudo começou porque eu queria testar a fé dos católicos e coloquei no meio do trigo dessa cidade uma erva daninha que, se fosse consumida, criava alucinações... Mas por que estou aqui? - Lúcifer questiona, buscando entender a razão de sua presença nesse momento específico.

Nesse momento, Michael sai de uma porta e passa por Lúcifer, atravessando-o como se fosse poeira. Ele segue para a cidade de Salem e entra em uma casa específica, onde havia uma criada chamada Alessandra, uma mulher negra e alta com uma aparência bela. Estranhamente, ninguém vê Michael passando pela casa, mas percebem a porta abrindo e culpam o vento... Michael passa 3 dias lá dentro sem fazer nada. Durante o dia, apenas observa a vida de Alessandra, e durante a noite, fica derrubando utensílios e panelas no chão.

- Por que ele está fazendo isso? Se isso for um trabalho, é bem estranho, é como se ele fosse um fantasma. - Diz Lúcifer, sem entender a motivação por trás das ações de Michael.

Após os três dias, houve uma reunião com os moradores da casa. Eles diziam que estavam vendo coisas e ouvindo barulhos na cozinha de panelas caindo no chão durante a noite. O pai estava um pouco preocupado, já que sua filha havia ficado doente de repente e ele não sabia o que fazer. Assim, ele chama a sua criada Alessandra para preparar um chá e levá-lo para a menina. A mulher obedece e vai para a cozinha. Nesse momento, Michael fica ao lado da mulher e fala em seu ouvido.

- A menina está com dores por todo o corpo, leve algo para ela comer depois do chá... Pode ser fraqueza ou anemia. - Michael sugere a Alessandra, dando uma pista sobre a possível causa dos sintomas da menina.

A mulher ouve a voz de Michael dentro de sua cabeça como se fosse intuição e leva o chá com um pedaço de pão. A menina, morrendo de fome, ataca o pão e toma o chá rapidamente, pedindo mais. Lúcifer olha para o pão na bancada e percebe que ali havia uns grãos da erva que ele havia colocado no trigo das plantações.

- O que ele quer fazer? Essa garota vai alucinar a noite inteira... - Lúcifer questiona, preocupado com as possíveis consequências da situação que Michael criou.

Logo que a menina termina de comer, ela se deita e resolve dormir um pouco. Alessandra faz uma oração pedindo a cura dela e se retira do quarto, indo para a cozinha arrumar as coisas. No quarto, Michael está sentado na cadeira ao lado da cama, e então ele coloca a mão na cabeça da menina. Seu aspecto começa a melhorar, mas ao mesmo tempo, ela começa a se agitar na cama como se estivesse tendo um pesadelo.

SONHO:

A garota estava em pé na cozinha, e à sua frente estava Alessandra, parada com um livro na mão que possuía uma cruz invertida na capa.

Minha querida pequena, sua alma foi dada a Satan, finalmente consegui o que eu queria... Ele me abençoou com sua doença repentina, e eu consegui entrar na sua mente. Coloque sua mão sobre este livro e jure lealdade a Lúcifer, ou irei te matar da pior forma possível e depois farei o mesmo com sua família... O que me diz?

A garotinha fica assustada, e atrás de Alessandra, aparece Michael olhando para a menina. Uma mão estava levantada e a outra abaixada. Na mão levantada, havia o símbolo do sol, e na abaixada, a lua. Ao olhar para o rosto do homem, a menina vê a face de um bode preto, onde da cintura para baixo também são partes de bode.

- Por favor, eu não quero... - A menina diz chorando, e a imagem desaparece, assim como a criada também some.

...

A menina acorda toda suada e assustada com o sonho. Ela vai correndo para a cozinha, onde vê Alessandra fazendo a comida. Passa sem dizer nada, mas Michael está ao lado da mulher e bate a mão na mão dela, que segurava a faca, fazendo-a cortar o dedo.

- A primeira parte está feita, agora é só esperar os eventos se desenrolarem. - Michael para si mesmo

Lúcifer estava assistindo a tudo sem entender nada daquilo. Aquilo era realmente um trabalho dado por Deus? Aquela mulher seria mandada à forca ou para a fogueira em breve se continuar naquele ritmo. Ao olhar para Michael, percebe que o mesmo murmurava para si mesmo e resolve se aproximar para ouvir melhor.

- Que trabalho mais pesado, tenho pena do sofrimento dessa mulher, coitada... De todos os trabalhos que fiz, esse está sendo o mais triste, mas a escolha foi dela antes de nascer... Só irei continuar e aparecer na hora certa. - Michael murmura consigo mesmo, revelando um lado mais humano e reflexivo.

Lúcifer resolve então ir até a sala onde estava a família. Lá, a menininha conta do seu sonho aos pais, que ficam em silêncio. Naquela noite, ninguém comeu da comida de Alessandra, e nem dirigiram a palavra a ela. Apenas se recolheram e foram dormir mais cedo, e assim fez a criada também.

Durante a noite, próximo das três horas da manhã, um padre com dois guardas entram na casa e arrombam a porta do quarto de Alessandra, fazendo a moça acordar assustada.

- Alessandra Dorppen, você está sendo presa sob a acusação de bruxaria. Não resista e nos acompanhe para sua cela, pois irá aguardar julgamento. - O padre anuncia, formalizando a acusação contra Alessandra.

A moça estava em choque e não sabia o que dizer ou fazer. Os guardas a carregam para a prisão, jogando-a em uma cela escura que apenas tinha uma vela branca para a iluminação. Michael estava observando tudo e segue a mulher até sua nova casa temporária, ainda oculto, pois queria aparecer apenas para Alessandra no momento certo.

- E eu pensando que Deus era justo, e manda Bel... Digo, Michael, realizar um trabalho desses? Velhote, você me surpreende assim. - Diz Lúcifer, dando risada diante da ironia da situação.

- Assista tudo, você irá entender em breve. - Diz Deus na mente de Lúcifer, sugerindo que há mais por trás da situação do que aparenta.

Vivências - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora