Alone With You - ShortFic Kelmiro

I think about these things at night, before I fall asleep

Oi pessoal, voltei com mais um capítulo pra vocês!

Dessa vez, mais emotivo... mas, prometo que a safadeza vem no próximo! 

O nome do capítulo é um verso da música "things i wish you said" da Sabrina Carpenter.

Boa leitura! 

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O tempo não passou tão rápido quanto Kelvin havia prometido, e aquilo estava deixando Ramiro agoniado. Era cada vez mais triste passar em frente ao bar e não parar, ou até mesmo estacionar no lugar de sempre e ficar aguardando por longos minutos, torcendo para que o rapaz aparecesse de surpresa, como sempre fazia.

Ele sentia seu coração apertado em não ver o sorriso e as covinhas do seu Kevinho todos os dias. E ao mesmo tempo, se culpava por ter esses sentimentos tão fortes dentro do peito.

Até mesmo seus sonhos se tornaram escassos, fazendo-o sentir ainda mais saudades. Por muitas vezes, dormia segurando o lenço perfumado contra o rosto, na tentativa de que Kelvin invadisse seus delírios durante a madrugada.

E com o passar dos meses, o perfume foi se esvaindo aos poucos, deixando o coração do peão ainda mais quebrado.

As músicas que tocavam no rádio, enquanto ficava de campana em frente a pousada para vigiar Ágatha, também não ajudavam. As lembranças daquela noite quente dentro da caminhonete, o faziam suspirar pesarosamente, angustiado e ansioso para reviver aquele momento.

Por muitas vezes, ficava trocando de estação, torcendo para que alguma delas tocasse a música da nova dupla ou noticiassem alguma novidade. Tentou por diversas vezes mexer no celular, mas não conseguia entender as palavras miúdas na tela brilhosa. Pensou em ligar, e até tentou, mas a chamada não completava e ele tinha vergonha de pedir ajuda a alguém.

Ramiro já não sabia mais quanto tempo havia passado, sua esperança já estava por um fio, e a cada dia pensava que não voltaria a ver o seu Kevinho. Sua aparência foi ficando macambúzia, alguns peões repararam como ele estava mais calado e quieto, até mesmo Agatha percebeu a mudança em seu guarda-costa.

— Ramiro? – a mulher chamou se encostando na porta da caminhonete, vendo o rapaz com o olhar longe e perdido. Estalou os dedos e bateu na lataria do carro para chamar sua atenção. – Ei... Ramiro.

— Doninha! – despertou dos seus pensamentos, um pouco assustado. – A senhora precisa de alguma coisa?

— Você pode me levar num lugar? Não queria esperar muito para chamar um táxi, já que você está aqui e vai me seguir de qualquer jeito...

— Pra onde a senhora quer ir? – perguntou, descendo do carro para abrir a porta para ela.

— Queria procurar algumas ervas na feira da cidade vizinha, não encontrei por aqui e preciso testar algumas infusões. – Ramiro a ajudou a subir na caminhonete e fechou a porta.

Não entendeu uma palavra que ela disse, apenas que precisava procurar ervas... mas, para quê? Ele não sabia. Apenas acenou e permaneceu calado, começando a dirigir em direção à saída da cidade.

— Está tudo bem com você? – Questionou após um tempo, vendo o peão tão calado e cabisbaixo. – Me parece triste, aconteceu alguma coisa?

— Não é nada não, Doninha...

— Ora, Ramiro. Acho que já conversamos o bastante para perceber que você está bem diferente, e já faz alguns meses. Tenho notado você mais magro, com olheiras e meio triste. É por causa do seu amigo?

Ele virou o rosto rapidamente para encarar os olhos verdes de Ágatha, sentindo o peito apertar. A respiração dele acelerou e a mulher percebeu, tendo a sua resposta sem precisar que ele confirmasse nada.