Olhares Cruzados

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Maria observava a agitação da festa de aniversário de sua tia, onde familiares e amigos se reuniam para celebrar a data especial. A casa estava cheia de risos, música e a deliciosa fragrância de comida caseira. Era um ambiente alegre, mas Maria estava distraída. Seus olhos estavam fixos em uma figura que se destacava entre a multidão, uma jovem que ela nunca tinha visto antes.

Joana era seu nome, ela ouviu quando alguém a chamou de longe e conseguiu prestar atenção. Ela era diferente de qualquer pessoa que Maria já tinha visto. Com cabelos cacheados,  raspados de lado, pele negra como a de Maria, um sorriso cativante e um jeito de se movimentar gracioso, Joana parecia pertencer à festa tanto quanto qualquer membro da família.

Os olhares de Maria e Joana se cruzaram várias vezes, mas nenhuma delas ousou dar o primeiro passo. Era como se o destino estivesse brincando com elas, criando um elo invisível entre seus olhares curiosos. Maria sentia seu coração bater mais rápido a cada olhar trocado, mas também sentia um nó na garganta, uma hesitação inexplicável.

Enquanto observava Joana, Maria sentiu um toque no ombro. Era Fernanda, uma de suas primas, que também estava na festa. Fernanda era uma pessoa extrovertida e não tinha medo de abordar novas pessoas.
- Maria, você viu aquela garota que está com a tia Rita? Ela é incrível, não é? - disse Fernanda com entusiasmo.

Maria assentiu com a cabeça, incapaz de tirar os olhos de Joana.

- Sim, ela é..., começou Maria, mas as palavras não saíram como esperado.

Fernanda não percebeu o estado de Maria e deu um sorriso malicioso comentando sobre Joana.

- Acho que vou falar com ela. A conheço dos corredores da faculdade e sempre quis tentar algo, mas nunca tinha abertura. O que você acha?

Maria hesitou, sentindo-se ansiosa.

- É, você deveria tentar chegar nela, afinal ela tá sozinha por aqui, né? Só está com a mãe, eu acho. Tenta falar com ela.

Maria seguiu o olhar de Fernanda e viu sua prima se aproximando de Joana, com um sorriso encantador no rosto. Ela não pôde deixar de sentir um aperto no coração. Por um momento, Maria havia considerado a possibilidade de se aproximar, mas agora, vendo sua prima se aproximando dela, uma sensação estranha de desconforto a invadiu.

Enquanto observava Fernanda conversar com Joana, Maria se afastou um pouco, dando-lhes espaço. Ela não queria interferir nas intenções de sua prima, embora uma parte dela se sentisse desanimada por não ter tomado a iniciativa. Ela apenas continuou a observar, sem perceber que o destino já tinha traçado um curso inesperado para a noite de aniversário da sua tia.

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