O último dia - part.1

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Amanhecia naquela casa de praia, e os primeiros raios de sol começavam a espreitar pelas cortinas entreabertas. Joana, com uma dor de cabeça insuportável, abriu os olhos e, por alguns instantes, a visão de Maria adormecida ao seu lado fez com que sua dor parecesse diminuir. Ela ficou ali, imóvel, observando cada detalhe do rosto de Maria, sentindo seu coração bater mais forte. As lembranças da noite anterior ainda estavam embaçadas em sua mente, mas uma coisa estava clara: as palavras de Maria dizendo que também a queria.

No entanto, junto com a euforia daquela descoberta, veio o medo e a apreensão. Joana pensava em Fernanda, em suas próprias dúvidas sobre o que Maria realmente queria, e no fato de que aquele seria o último dia delas juntas naquela casa de praia. Uma mistura avassaladora de sentimentos e sensações a envolveu, e as lágrimas começaram a escorrer silenciosamente pelo seu rosto.

Maria acordou lentamente, ainda sonolenta, e seus olhos se abriram para encontrar Joana ali ao seu lado, chorando. Sua primeira reação foi de surpresa e preocupação.

- Ei, o que aconteceu? Por que tá chorando?

Joana não conseguiu responder de imediato, apenas sacudiu a cabeça em negação, como se estivesse tentando afastar aqueles sentimentos avassaladores. Maria imediatamente a abraçou com carinho, segurou seu rosto e olhando em seus olhos pedia:

- Por favor, fala comigo! Me diz o que tá rolando. Você tá sentindo algo?

Joana finalmente conseguiu falar com a voz embargada.

- Eu... Eu não sei, Maria. É tanta coisa ao mesmo tempo. A noite passada, nós duas... Eu só to confusa, só queria sumir um pouco, ir pra bem longe.

Maria continuou acariciando o rosto de Joana com delicadeza.

- Olha, eu me importo com você, ok? Não sei de onde tá vindo isso já que eu te conheço não tem nem dois dias (elas soltaram um riso leve nesse momento), e eu também não sei o que tá rolando aqui, mas eu quero descobrir. Sendo que, tem muita coisa envolvida e eu fico com medo de magoar as pessoas, principalmente a Fernanda. Talvez a gente deva descobrir sozinhas o que é isso. Eu não sei, estou tao confusa quanto você.

Joana não tinha mais forças pra falar algo, ela só assentiu com a cabeça e deitou seu rosto nos braços de Maria. Algumas lagrimas rolaram e depois elas só ficaram ali, abraçadas, compartilhando o conforto mútuo e a incerteza do que o futuro reservava.

O último dia na casa de praia havia chegado, e a manhã se desenrolava como um misto de emoções. Maria e Joana finalmente saíram do quarto depois daqueles momentos intensos que compartilharam, mas o que aconteceu entre quatro paredes ainda era um mistério para todos os outros na casa.

Henrique e Dani, sempre curiosos e intrometidos, estavam doidos para saber todos os detalhes. Puxaram Maria para um local da casa e tentaram arrancar qualquer informação sobre a noite anterior.

- Bora, fale logo o que rolou entre vocês! Detalhes, queremos detalhes! Não é possível que vocês ficaram no quarto sozinhas e não rolou nada. – Henrique estava tentando descobrir algo empolgante sobre elas

- Amigo, rolou nada.. tu viu que ela tava bêbada né? A mulher quase caindo no chão e tu queria que eu fizesse o que? – Maria logo respondeu, frustrando as expectativas do amigo

- Nossa, nossa, que sapatão lenta, senhor – Henrique já estava revirando os olhos e fazendo movimentos dramáticos

- Amiga, vocês conversaram algo? Eu até entendo a situação da bebida e tal, mas nem um selinho? – Dani tentou ser mais compreensiva que Henrique

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