Amanhã é outro dia.

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Na área de lazer da grande casa, o cenário estava mais tranquilo em comparação ao auge da festa. Alguns membros da família e primos estavam espalhados, desfrutando de momentos de relaxamento. Um tio de Maria estava deitado em uma rede, entretido com seu celular, enquanto alguns primos jogavam próximos a ele.

Maria e Henrique, por sua vez, estavam à beira da piscina, engajados em uma conversa descontraída. Os dois amigos compartilhavam risadas e memórias, aproveitando o tempo juntos.

Enquanto isso, em um banco próximo ao jardim, Joana e Fernanda estavam sentadas, uma de frente para a outra. Fernanda estava claramente interessada na garota, demonstrando seu interesse com carícias delicadas, elogios e tentativas de aproximação. Joana, apesar de rejeitar as investidas mais sérias de Fernanda, parecia não se incomodar com sua presença. De tempos em tempos, os olhos de Joana se voltavam para Maria, e ocorriam trocas de olhares enigmáticas entre elas.

Observando a situação com atenção, Henrique decidiu intervir. Ele chamou Fernanda e Joana, convidando-as a se juntarem a ele e Maria para uma conversa, na esperança de desvendar os mistérios e emoções que pairavam no ar.

- Me contem, está rolando algo entre vocês? – Henrique não fez muitos arrodeios, sendo bem direto no seu questionamento.

- Eita bicha curiosa – Brincou Fernanda

- Eu sou hétero – Joana falou seriamente

- Heterozigoto, só se for! – Henrique provocou, e todos riram juntos. O clima ficou mais descontraído, e Maria, embora não tenha dito muito, estava acompanhando a conversa com um sorriso, especialmente pelas brincadeiras de seu amigo.

Maria riu da situação, mas não verbalizava nada, só algumas coisas - especificamente com Henrique - ela permanecia sem ter nenhum tipo de interação com a Joana. Depois de algum tempo, e sob os olhares atentos de Henrique, Maria falou que iria dormir, sendo impedida pelo amigo que não deixaria maria sair dali sem falar com Joana

- Fernanda, como sua prima hoje está sendo uma amiga nota dó, queria conversar contigo sobre umas coisas que estão rolando. – Essa estava sendo a tentativa do amigo de afastar Fernanda dali e deixar Maria e Joana sozinhas

- Amigo, mas agora? Não pode ser em outro momento? – Fernanda parecia não querer

- NÃO! Preciso de intervenções imediatamente. VEM! – Levantou Henrique puxando Fernanda para o local que antes ela estava com joana, um pouco mais distante da piscina

Finalmente, Maria e Joana estavam sozinhas, uma do lado da outra, ainda em silêncio, mas sabendo que isso seria quebrado a qualquer momento e finalmente elas terão algum tipo de interação.

- oi – falou joana timidamente

- oi – respondeu maria com um sorrisinho na boca

- Você é sempre tão quieta assim ou só não quer interagir comigo mesmo? – Joana perguntou

- Ah, não não... nenhum dos dois. Eu só estou me sentindo estranha hoje. Não sei explicar bem, mas me desculpa não ter sido acolhedora com você. Seja bem-vinda a uma festa da minha família – Maria riu e tentou disfarçar

Maria estava nervosa. Na verdade, ela não conseguia explicar os sentimentos que estavam rondando sua mente e seu coração.

- Você tá gostando da festa? Já consegue definir a sua parte favorita do dia? - perguntou Maria, tentando manter a conversa fluindo, enquanto seus olhos fixavam-se nos de Joana

- Talvez eu esteja tendo a parte que eu aguardava ter, então ela pode se tornar a minha parte favorita. – A resposta de Joana deixou Maria sem resposta e reação.

- E que parte seria essa? Algo relacionado a Fernanda? - Maria perguntou, sua voz soando um pouco mais suave.

Joana inclinou-se um pouco mais para perto de Maria, criando uma sensação de intimidade entre elas.

- A parte em que estou sentada aqui conversando com você. - Joana respondeu com sinceridade, seus olhos ainda fixos nos de Maria.

Maria não conseguiu devolver o flerte de Joana, apenas riu e desconversou, perguntando sobre outras coisas relacionadas à garota. Ela adorava flertar, mas com aquela garota, os sentimentos e sensações eram diferentes. Maria estava surpresa por não conseguir reagir da maneira usual.

Elas continuaram conversando, e parecia que só existiam as duas ali. Maria e Joana já estavam mais soltas, brincaram em alguns momentos, compartilharam histórias de suas vidas, seus gostos e descobriram várias coisas em comum. O interesse que Maria estava sentindo antes só aumentou a cada minuto.

- Você é mesmo hétero? – Maria que era extremamente desconfiada com a vida e as pessoas, fez uma pergunta que, no fundo ela sabia a resposta, mas como boa escorpiana, precisaria de certezas

- Você acha que sou hétero? – Joana devolveu a pergunta de Maria, deixando-a um pouco desconcertada.

- Ah, não sei.. to te perguntando. – Maria parecia intrigada

- Não, eu não sou hétero. Gostar de homem é um castigo. E você, é hétero? – Joana tentou amenizar o clima

- Eu concordo com você que gostar de homem é um castigo. Ninguém merece. Então, não, eu não sou hétero. Deus me livre. – Maria respondeu

Elas riram, e um clima extremamente gostoso e confortável pairava no ar. Elas se olhavam intrigadas, ao mesmo tempo, em que parecia que ambas queriam algo a mais. Joana começou a perguntar sobre as tatuagens de Maria. Ela tinha um braço com um grande desenho de um floral e detalhes. Joana se aproximou um pouco mais de Maria e tocou em seu braço, querendo sentir a textura e falar sobre os significados das tatuagens de Maria. Isso fez com que Maria se arrepiasse por dentro e por fora. Facilmente, elas ficaram ali conversando até amanhecer.

No entanto, Henrique e Fernanda se aproximaram, interrompendo aquele momento.

- Estamos atrapalhando? – Fernanda parecia chateada, sua expressão não escondia seu descontentamento.

- Claro que não, prima. Fez a intervenção que Henrique precisava? – Maria desconversou

- Fernanda me deu conselhos muito práticos, mas não sei se os melhores. Melhor eu só dormir e esperar o outro dia – Henrique respondeu

- Pessoal, eu vou dormir! Estou um pouco cansada e amanhã queria ir pela manhã na praia – Joana interrompeu aquele papo já levantando

- Vou com você – Fernanda falou imediatamente

- Não precisa, fica com o pessoal conversando – Joana respondeu calmamente

Fernanda não quis permanecer ali com eles e foi em direção ao quarto com Joana. Elas adentraram o quarto, fizeram sua higiene pessoal e deitaram na cama. Como todos já sabiam do interesse de Fernanda por Joana, deixaram uma pequena cama de casal para que as duas pudessem dormir. Fernanda já estava deitada, esperando por Joana. Assim que Joana deitou, Fernanda a olhou com um olhar cheio de desejo. Joana percebeu e falou que queria descansar para o dia seguinte e que deixasse as coisas rolarem. Mesmo intrigada, Fernanda aceitou, na esperança de que no dia seguinte, algo poderia acontecer.


Longe dali, Maria e Henrique continuaram conversando sobre eles e sobre o momento em que Maria e Joana ficaram a sós. Maria confessou ao amigo que foi um momento muito gostoso, e que passaria a noite toda ali conversando com aquela garota. Henrique ficou empolgadíssimo, mas falou que a sua prima também estava muito interessada na garota. Maria se mostrou compreensiva com a situação, dando a entender que, caso Fernanda e Joana ficassem juntas, ela não iria tentar nada e esqueceria a forte atração que estava sentindo por Joana.


Após um longo tempo de conversa, eles resolveram ir dormir e descansar para o dia seguinte, entendendo que o dia seguinte é sempre outro e surpresas podem acontecer. Enquanto as luzes da casa de praia se apagavam lentamente, o destino dos quatro amigos estava prestes a tomar rumos inesperados, e eles mal podiam esperar para descobrir o que o futuro lhes reservava. Com esperança e incerteza, entregaram-se aos sonhos que a nova manhã traria.



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