Entrelaços

Recomeços?

Ainda na manhã seguinte à tumultuada noite, Joana acordou com uma mistura de dores de cabeça e confusões emocionais. Ao perceber que estava em um lugar desconhecido, a memória da festa anterior começou a se desdobrar lentamente em sua mente. Fernanda, que estava ao seu lado, esclareceu que nada além de cuidados havia acontecido entre elas naquela noite. Joana se sentiu aliviada, mas ao mesmo tempo, confusa entre a amizade e a expectativa de algo mais que Fernanda parecia expressar.

Após se recompor, Joana decidiu ter uma conversa franca com Fernanda sobre a situação entre elas. Fernanda, com sua habilidade manipuladora camuflada sob uma aparente compreensão, conduziu a conversa de forma a reforçar suas intenções.

- Acho que precisamos conversar – Joana iniciou o diálogo entre elas

- Sim, sobre o que você quiser – Fernanda se mostrou aberta a conversa

- Queria primeiro te agradecer por ter cuidado de mim. Nem ia beber e exagerei bastante ontem. Acho que só queria esquecer um pouco as coisas. Me desculpa também se passei do ponto – Joana pontuou

- Não precisa pedir desculpas, eu só quis garantir que você ficasse bem. Cuidaria sempre de você, se pudesse – Fernanda quis logo mostrar suas intenções

- Você não deixa passar nada, né? Tá sempre aproveitando as oportunidades e é sobre isso que eu queria falar com você... – Joana riu e amenizou um pouco o clima

- Joana, eu acho que podemos ser ótimas juntas. Eu sei que você e a Maria já não vão mais pra lugar nenhum, então não custa nada se abrir a novas oportunidades. Você merece alguém que saiba o que quer e Maria sempre foi confusa, indecisa. – Fernanda já se antecipou no que poderia ser a conversa e não deixou de aproveitar para alfinetar Maria

- Não é justo julgar a Maria assim, e eu ainda estou processando algumas coisas que aconteceram entre mim e ela. Meus sentimentos ainda estão aqui, e vocês são primas. Também não é justo meter você no meio disso – Joana tentou explicar sua situação com Maria

- Eu só quero o melhor pra você e tenho toda paciência do mundo. Maria não vai mudar, não vai agir diferente. Ela não consegue. Eu to aqui – Fernanda foi um pouco mais incisiva na sua colocação

- Preciso processar essas coisas. Você parece que não me deixa ter tempo pra pensar – Joana se sentiu sufocada

- Tudo bem, eu entendo, me desculpa! Só quero te lembrar que eu to aqui, só isso. Diferente de outras pessoas – Fernanda finalizou

A conversa encerrou-se com um ar de ambiguidade e tensão. Joana ficou dividida entre suas emoções e a influência manipuladora de Fernanda, enquanto esta última sorria internamente, acreditando que seus planos estavam se desenrolando conforme o esperado.

Joana, ainda abalada pelos acontecimentos recentes e com sentimentos confusos, tentou expressar sua sinceridade. Ela admitiu que sua mente ainda estava voltada para Maria, mas não descartou completamente as possibilidades com Fernanda. A manipulação de Fernanda começou quando ela tentou pintar Maria de forma negativa, sugerindo que em breve estaria com Isadora novamente.

Algumas semanas se passaram desde o último encontro entre Joana e Maria, a vida seguia seu curso, os dias eram carregados de uma saudade não expressa e de sentimentos não resolvidos. O silêncio entre elas era quase ensurdecedor, e a falta de comunicação pesava.

Maria, mesmo sentindo a culpa pesar em seu peito, não conseguia dar o primeiro passo para desfazer o distanciamento entre elas. Cada dia que passava sem uma tentativa de diálogo aumentava a angústia, mas o orgulho e a insegurança a paralisavam.

Enquanto isso, Joana, apesar de sua habilidade em aparentar indiferença, não conseguia evitar os pensamentos que a assombravam durante a noite. As lembranças do que poderiam ter sido, as palavras não ditas e as promessas não cumpridas pairavam sobre ela como sombras persistentes.