Louis
Os braços de Logan me puxaram por trás, um abraço decisivo e bruto. Antes de chegar em meu pescoço e me imobilizar, agarrei seu cotovelo e reverti a posição, dessa vez ficando atrás de seu corpo menor. Juntei um braço em volta da traqueia do garoto, meu outro braço forçando uma pressão maior enquanto ajudava a manter a estrutura doutro.
Logan tentou se soltar do aperto, no entanto, firmei o braço e o mantive. Passei uma rasteira, e o deixei cair comigo atrás segurando sua cintura com as pernas, o mantendo imobilizado. Quando senti três toques no meu braço direito, soltei seu corpo.
— Não faça isso de novo. Abaixou a guarda rápido demais. É só um treinamento, mas nosso problema não é só os infectados, garoto. – Falei, ajudando-o a levantar. — Treine com Lisa. Repita até que deixe de ser um alvo fácil.
— Sim, senhor!
Eu admitia ser regulador e rígido. Alguns denominam como rudez, outros apenas sabem mais.
Ser um ex-militar da marinha me dá muitos lados positivos, mas há os negativos, e eu não contrario. Eu sou um controlador de merda. Eu preciso de controle, de organização, e regras para manter minha cabeça no lugar. Talvez alguns me enxerguem como um tirano louco, mas efetivamente ignorava. Sabia ser profissional e lidar com o meu trabalho sem envolver o lado emotivo da coisa. Mas eu também não era de gelo.
Eu sabia conversar, rir, e até mesmo cantar de vez em quando ao redor da fogueira com o pessoal.
E todos me respeitam como líder.
Ser quem sou, era a base para o respeito que ganho hoje. Não ligo se alguns acham que sou duro demais com as regras, porque sei que a maioria me entendia e não reclamava do meu meio de abordagem. Hanna estava no meio, talvez a mais fiel em sua crença de que eu não era um tirano. Ela tinha por volta de seus 17 anos atualmente. A conheci a cerca de dois anos, ela estava ferida e precisando de cuidados. Nada muito grave.
Eu não sou um médico habilidoso, só sei o básico como ex-militar, mesmo não sendo minha área. Cuidei dela e querendo ou não, ela acabou se apegando. Não culpo ela. Quando a encontrei, Hanna era uma criança desconfiada e arisca, no entanto, com o tempo, a marra foi diminuindo, e hoje, ela me vê como uma figura paterna. Claro que, ela não me chama pelo nome na frente dos outros, mas me respeita como líder. Não que seja um problema, mas pegaram esse costume, acabou virando uma regra entre eles, então eu apenas aceito.
Hanna tinha noção do mínimo da minha vida. Não cheguei a contar todos os detalhes, mas contei o suciente para ela pegar apreço por mim. Acabei me apegando a garota também. Ela era encantadora e curiosa. Era como se suprisse as lembranças de Arthur e deixa-se a dor para trás.
Tento ignorar pensamentos inoportunos como esses, mas sempre volto a estaca zero. Sinto como se não me esforçasse o suficiente para não lembrar do passado. A dor estava enraizada, grudada e não tinha jeito de arrancar. Era permanente.
Mas em dias como esses, admtia fazer um bom trabalho em ignorar minha cabeça que está sempre ocupada.
Ao sair da roda de adolescentes, senti algo cutucar minha perna, então encarei a figura minúsculo em minha frente.
— Senhor, você poderia me ajudar? – O garotinho, que se me recordo bem, se chama Freddie, perguntou. Ele, sua mãe, e seu irmão, chegaram a pelo menos um ano e meio. O pai virou um infectado, então eles fugiram e encontraram abrigo aqui. É uma história trágica, e a mãe deles até hoje aparenta se abalar com o assunto. Não a culpo, é compreensivo.
— Com o que, exatamente?
— Os pés de maçãs são muito altos, não consigo alcançar! Meu irmão mais velho está me ignorando, então eu vim aqui pedir ajuda ao senhor.
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Fulgor: A Nova Era | Larry
Science FictionO mundo se tornou um lugar hostil. Era matar ou morrer. Não existia harmonia, existiam grupos sobreviventes. Louis serviu a Marinha quando tudo ainda era funcional e acessível. Depois que o vírus Fulgor atingiu o ar e matou dezenas de milhares, inc...