Fulgor: A Nova Era | Larry

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Harry

As vezes, costumo observar o céu e perguntar como seria se Gemma e Anne estivessem aqui para perceber que, mesmo o mundo se tornando um total caos, mesmo que tudo seja incrivelmente cansativo em dias difíceis, tinham dias como esse, ensolarado, beirando a um campo aconchegante de girassóis frescos, que fazia sua percepção mudar um pouco sobre as coisas. Admito que nunca fui um bom oberservar e idolatrador da beleza natural do mundo, na verdade fui um adolescente medíocre que só ligava para o próprio nariz, sempre tentando enxergar além do que estava na minha frente. Fui um ingrato a maior parte do tempo por não apreciar o que a natureza podia me oferecer. Agora, eu tenho tempo o sufiente para venerar o céu e a beleza que ele carrega.

Tenho sentindo uma imensa falta de chegar em uma casa, uma em que posso ter liberdade e chamar de minha. Sinto mais falta ainda de conversar horas a fio com a minha mãe, ou Gemma, que sempre tinha algo para falar sobre o trabalho, ou a vida corrida de uma recém adulta no mundo dos negócios independentes. Como irmão mais novo, eu amava saber sobre as coisas que ocorriam na vida adulta da minha irmã mais velha, era como uma novela mexicana, cheia de dramas e choros envolvendo uma vida romântica.
Na época, me recordo de querer ter algo assim. Eu almejava conhecer alguém. Alguém que me fizesse sentir aquele maldito frio na barriga, que me tratasse como uma princesa, alguém honesto e simples que pudesse chegar em casa, me abraçar e assistir filmes com o pior plot da história. E que esse alguém me amasse mesmo percebendo todos os meus defeitos.

Tenho memórias distantes de como eu imaginava um futuro para mim. Eu me imaginava morando na França, tendo um romance, daqueles que te deixam enjoados só de olhar. Um sentimento que talvez eu nunca tenha oportunidade de experimentar. É engraçado como pessoas se perdem em sonhos incansaveis que julgamos ser sufientes para manter a fé intacta. A fé diz muito sobre uma pessoa, mas a fé te torna alguém burro quando você tem mais esperança do que senso de realidade. Eu não me considero alguém de boa fé. Me considero realista e de pés no chão, tudo que acho que me é acessível, eu sei que posso alcançar.

E ultimamente, sinto que sonhar é a última coisa que pessoas como nós fazem. Para ser honesto, todos apenas se adaptam a realidade, sem esperança que o nosso agora pode se tornar um futuro gratificante.

Na verdade, acho que a maior parte da população já aceitou que depois desse mundo, pode ter um paraíso, além do mais, é isso que deixa as pessoas fiéis de que um dia terão paz. Eu não acredito, só não perco meu tempo julgando quem acha que tem um lugar especial num paraíso distante, que na minha opinião, é uma desculpa para fugir da realidade e te tornar alguém melhor e esperançoso.

Preciso ser realista, porque sei que receber um baque de realidade te destrói e os cacos não se reúnem de novo, eles se acostumam em pedaços, aceitando que não podem ser uma forma novamente.

É nessas horas que percebo que ohar para o céu me faz ter uma crise existencial preocupante. É engraçado que em pouco tempo, tantas coisas podem te prender num loop infinito de pensamentos não compatíveis com o ambiente aconchegante.

Me desperto quando sinto uma mão suave tocar meu ombro. Encarei a mão delicada e subi para o rosto branco e sem rugas, extremamente bonito e com leves sardinhas de Hanna.

— Péssima hora 'pra te chamar para caçar?

— Péssima, na verdade.

— Uma pena, você não tem muita escolha, bonitinho. – Ela fez um bico ironico e me deu a mão para me levantar.

— Pessoas como você fazem o meu dia! – Devolvi a brincadeira irônica e limpei as calças

— É um charme.

— Posso ver.

Ela me encarou, os olhos se estreitando, talvez com uma mistura de "ouse brincar de novo e você verá as consequências" com uma "engraçadinho".