Decisões burras

153 13 70
                                    

•Error POV

Depois da situação toda de mais cedo, Ink e eu nos trancamos completamente em casa, ele está deitado em posição fetal no chão da sala chorando e eu estou andando em círculos enquanto penso em algo que possamos fazer pra melhorar a situação.

- o que eu poderia fazer... apagá-los já é fora de questão... E se eu...

Os soluços de Ink me disconcentram, eu paro de andar e olho pra ele.

- porque você se quer está chorando? Pensei que pudesse controlar isso...

- e- e eu posso...sniff... então achei apropriado chorar em um momento triste...

Percebo o frasco de tampa azul na mão dele junto de resquícios da tinta azul no canto da boca dele.

- idiota...

Ouvindo meu insulto ele chora mais, suspiro e me sento no chão ao lado dele, ele levanta a cabeça um pouco e me olha.

- vem aqui antes que eu mude de ideia

Abro os braços pra um abraço, Ink se senta e limpa algumas lágrimas antes de pular nos meus braços, quase caio pra trás mas ele me segura por causa do abraço em si.

- vai ficar tudo bem...eu estou pensando em uma solução e eu preciso que fique calmo por enquanto...

Ele me aperta no abraço e eu dou tapinhas fracos nas costas dele em forma de consolo.

- eu estraguei toda a nossa vida!

- sim eu sei

- éramos tão felizes do jeito que estávamos e eu estraguei aquilo...

- aham...

- me desculpa eu sou um PÉSSIMO companheiro!

- é você é sim...mas eu ainda te amo...

Depois de um tempo se culpando e chorando no meu ombro, os soluços de Ink diminuem e eventualmente param, ele me solta.

- melhor?

- hm...

Observo os olhos brancos e expressão vazia dele aliviado que não esteja mais chorando igual uma criança.

- já passamos por coisas o suficiente por hoje, vamos ir dormir

Me levanto e vou pro andar de cima, Ink me segue e se joga na cama sem nem se arrumar antes, ao contrário dele tiro meu cachecol e blusa antes de deitar pra tirar uma soneca.
O observo e suspiro, o que eu devo fazer pra concertar tudo isso? Ink não faz ideia de como agir como alguém normal, provavelmente todas as ideias dele estarão fora de questão e não podemos simplesmente fugir, temos trabalho e não temos pra onde correr... seguro a mão de Ink e fecho os olhos, sono logo me consome.
....

Acordo com o balançar suave da casa, não vejo ninguém deitado na cama do meu lado, me levanto e vou pro andar debaixo ainda meio sonolento, quando vou pra porta da cozinha esbarro em algo, ué pensei que a cozinha não tivesse porta...esfrego meu olhos e olho melhor, era apenas Ink, esbarrei nas costas dele.

- sai da frente, imbecil

Ele lentamente vira o pescoço pra me olhar e acabo sendo encarado pelos olhos vazios e sem vida de seu estado apático, admito que ter ele me encarando assim é meio assustador.

- não...vai tomar a tinta dos seus frascos?

- não.

Resposta curta e grossa como sempre, suspiro e me esquivo dele pra entrar na cozinha, pego comida e vou pra janela olhar o grande nada absoluto fora da casa, sinto como se os olhos de Ink estivessem cavando buracos no meu corpo de tanto que ele me encara.
Tento ignorar a sensação, ele não consegue conter os olhares as vezes, não vou culpa-lo por isso...como em paz pensando em situações em que nos meteriamos agora que fofoca se espalhou, preciso conversar com o Ink sobre segurança, ele é muito desleixado...assim que coloco a o último pedaço de comida na minha boca sinto a respiração de Ink praticamente colada na minha nuca, me viro um pouco mais atento que antes e ele me olha em silêncio, desvio o olhar meio desconcertado e continuamos no mesmo silêncio desconfortável.

𝙲𝚊𝚜𝚊𝚕 𝙸𝚗𝚞𝚜𝚞𝚊𝚕 - {Errorink}Onde histórias criam vida. Descubra agora