Capítulo um - A idéia

95 14 2
                                    

-Sério Maya, o que está acontecendo?

-Nada Jimin, tá tudo bem.

Já era o segundo dia da semana, e o segundo dia que Maya mal falava comigo. É de se estranhar quando a pessoa que mais fofoca sobre a vida dos outros, não esboça uma reação ao saber que um famosinho da cidade foi traído na festa que teve esse sábado.

-Maya, você sabe que pode confiar em mim para tudo, certo?- sussurro para que apenas ela pudesse ouvir, vendo a mesma afirmar com a cabeça - então vamos, me conta.

Sem muita insistência Maya se inclina mais em sua cadeira, para que fiquemos mais perto.

-Certo... São meus pais, eles..-Maya começa a contar sobre o que a tanto incomoda, mas é interrompida.

-Jimin, Maya, querem compartilhar com a turma o que tanto cochicham?- diz nossa professora.

Negamos com a cabeça voltando a postura em nossas cadeiras, já que estávamos curvados para falarmos em um tom que só nós escutassemos.

-Imaginei, como eu estava falando...- Senhorita Lucy continua a dar sua matéria.

Olho para Maya vendo a mesma dizer baixo um "Depois eu te conto" e voltando a abrir seu fichário.

Sem muitas opções faço o mesmo, tentando focar na nova matéria que é passada no quadro.

As horas se passam mais rápido do que posso perceber, e logo o sinal toca alertando que finalmente podemos ir para casa.

Arrumando meu material vejo Maya se aproximar com sua bolsa em seu ombro, e sua mão firme segurando a mesma, mostrando seu claro desconforto.

-Maya, tudo bem. Se for algo muito pessoal eu vou entender se não quiser conversar. -Digo tentando acalma- lá, realmente não quero deixar a situação mais chata.

Ela respira fundo e nega com a cabeça.

-Acho que eu preciso falar, vou acabar explodindo se continuar guardando isso para mim- Maya ri nasalmente mas sem muito humor em suas palavras.

Sorrio tentando dar algum tipo de conforto.

-Vamos sair daqui, te conto no caminho de casa, não quero que alguém daqui fique sabendo da minha vida. Sabe como esse povo é fofoqueiro - Ela diz
E eu concordo com a cabeça, vendo ela deixar escapar um riso um pouco mais sincero.

Deixamos a sala de aula e entramos em um corredor com pessoas em seus próprios mundos, suas próprias bolhas. Algumas conversando, outras com seus fones de ouvido, e algumas se abraçando.

Sinceramente foi um baque forte quando entrei para faculdade, pessoas novas, professores novos, matérias novas, responsabilidades novas. Muita novidade para uma pessoa só.
Nunca esqueço de agradecer aos deuses por Maya fazer faculdade comigo, não sei se foi coincidência os dois amarem Psicologia, ou se foi o fato de convivermos e termos os mesmos gostos des do nosso 7º ano, onde nos conhecemos.

Saindo finalmente da prisão que chamamos carinhosamente de faculdade (gostar de psicologia não significa que eu amo estudar 7 horas por dia), voltamos a conversar sobre o que estava causando tanto incômodo em minha amiga.

-Então..- diz Maya já do lado de fora, caminhando ao meu lado- bom, meus pais resolveram arrumar uma esposa para meu irmão..- começa Maya

-Esposa? Seu irmão tem 19 anos- digo incrédulo- Em que século seus pais acham que estamos para "arranjar uma esposa"?? Isso já começou errado.

Era sobre o irmão de Maya, e tudo que afetava o irmão de Maya, afetava Maya.

-Pois é, o negócio é que a menina é a filha de um CEO, e você sabe, qualquer chance que meus pais tem de ficarem mais ricos do que já são, eles agarram a oportunidade -Maya fala passando a mão por seus cabelos rosas, os jogando para trás em uma óbvia frustração.

Afirmo com a cabeça já sabendo como seus pais são se tratando de dinheiro.

-Enfim, isso está gerando uma enorme discussão lá em casa, e ontem meu irmão ficou tão estressado com essa situação que resolveu dizer que é gay e namora um cara -Diz Maya completando o caos - Ele não quer se casar com alguém que nem conhece, muito menos com 19 anos.

- E seus pais? O que eles fizeram quando ele disse isso?- perguntei com minha sincera curiosidade.

-Riram- ela diz rindo sem humor.
Olho com confusão estampada em meu rosto, e ao perceber ela continua.

-Meus pais não são mente fechada, pelo menos não para essas coisas, e se eu ou meu irmão fossemos gays eles nos aceitariam, o negócio é que Jungkook não é gay, e todos sabemos disso- Maya completa me fazendo entender o que está acontecendo.

Jungkook não é gay, e ele não sendo gay será obrigado a casar com alguém que não conhece.

-Jimin, meu irmão está muito estressado com isso tudo, tentou até pedir para um amigo fingir ser o namorado dele, já que meus pais disseram que querem conhecer o menino, mas todos seus amigos ou namoram ou tem a heterossexualidade frágil demais para fingir isso. -Diz ela revirando os olhos

Maya sempre foi assim, se seu irmão ficasse mal, Maya era atingida junto. Se ele ficasse doente, ela mal iria a escola para cuidar do mesmo. Se ele arrumasse alguma discussão, ela logo pegaria as dores e iria para cima, quem quer que fosse.
Talvez fosse pela ligação gemelar que eles tem, ou talvez fosse por ela sempre ter tido o coração bondoso, comigo não era nada diferente. Sempre me ajudou como podia, seja pegando minhas dores, me ajudando financeiramente quando estou com dificuldade nessa área, ou me tirando do fundo do poço com doces e ingressos de algum filme que ela sabe que eu vou gostar.

E com esses pensamentos, eu me animei ao falar:

-E se eu namorar seu irmão?!

14 Dias Para Me Apaixonar • PJM + JJK  // JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora