Lúcifer - Revisado

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"Neste capítulo, adentramos na história de Lúcifer. Espero que desfrutem desta jornada intrigante."

Alguns dias se passaram, e Belzebu havia fechado sua casa. Ninguém mais estava procurando por ele para fazer pedidos; a única pessoa que o visitava regularmente era Marya. Contudo, de longe, alguém não estava gostando nada disso. Lúcifer rondava a casa algumas vezes para observar o trabalho de Belzebu, mas percebeu que o movimento havia diminuído. Lúcifer resolveu se afastar um pouco.

- Às vezes, é mais divertido destruir um amor mais forte... - disse Lúcifer com um sorriso sutil, as palavras ecoando no silêncio como uma promessa sombria.

O gênio havia retornado à sua casa, onde dois anjos caídos sempre o serviam. Um deles, chamado Driel, era completamente obcecado por Lúcifer. Não era uma criatura má, apenas apreciava observar a vida de seu chefe e como ele sempre resolvia as coisas.

Algumas horas depois, Driel dirigiu-se a uma biblioteca onde encontrava-se a autobiografia de seu chefe.

- Ele é imortal... Para que ele escreveu isso? - indagou Driel, perplexo, enquanto folheava a autobiografia de seu chefe.

Ao começar a ler, percebeu que algumas páginas estavam em branco, como se a história não estivesse concluída. Assim, ele mergulhou na leitura, ansioso por descobrir o que faltava.

- Me lembro da época em que eu era apenas um soldado romano no ano 10 D.C. Lúcifer apareceu para mim e jurou me dar poder, com a condição de que eu matasse meu mestre. E assim eu fiz... - murmurou Driel, relembrando o acontecimento da sua própria história.

Milhares de anos atrás,

Meu pai era um Deus que não via falhas em sua criação e sempre mantinha seus anjos para auxiliá-los. Eu, sendo um anjo com o mínimo de senso crítico, via as vidas humanas como um passatempo terrestre. Pessoas nasciam, cresciam, criavam guerras e morriam por esse motivo. Vidas jogadas fora como se fossem papel de uma obra inacabada.

No céu, havia várias armas; a mais famosa delas era a Espada de Deus, usada pelos anjos para combater os espíritos malignos. Todo anjo portava uma dessas espadas, mas eu era apenas um sacerdote nessa trama inteira. Deus não permitia que eu ficasse com uma espada e dizia que eu era melhor com palavras. No entanto, ao olhar para a criação dele na Terra, eu ficava totalmente frustrado. Humanos morrendo a todo segundo por causa de uma guerra estúpida, travada em algum lugar, por um motivo fútil, e às vezes nem motivo havia.

Então, após algum tempo, comecei a reunir legiões do céu para travar uma guerra. Convenci um anjo a pegar uma espada para mim, e assim foi feito. Formei um grupo com 3 legiões, equivalente a 21 mil soldados, e partimos para destronar o Senhor dos Céus. A batalha durou 20 anos no mundo humano, conseguimos derrotar 1/3 dos soldados celestiais. No entanto, Deus percebeu o aumento do meu poder. De repente, começamos a aniquilar mais e mais anjos, enquanto o Senhor permanecia sentado em seu trono no céu, apenas assistindo.

- Até quando vai ficar apenas sentado assistindo, Deus? Não vai lutar também? Que tipo de rei é você que não luta ao lado de seus soldados? - desafiou Lúcifer, enquanto a batalha se desenrolava nos céus. Gritei contra os seus, e assim, vi Deus se levantando com sua espada em punho, caindo no campo de batalha diante de mim.

- Você se proclama perfeito, acreditando que meus guerreiros não são dignos de enfrentá-lo? Lúcifer sempre afirmei que você é hábil com as palavras, seja para conquistar aliados ou forjar inimigos. Você argumenta que minha criação é imperfeita, no entanto, observe...

Neste instante, a terra se parte e uma visão se revela.

- Eles brigam e lutam, mas também se cuidam quando necessário. Por isso, afirmo que são perfeitos. Possuem o poder da escolha, assim como vocês aqui em meu domínio. Contudo, percebo que não são tão dignos de suas atuais posições.

Neste instante, Deus ergue a espada aos céus, e uma luz irrompe de sua lâmina, expandindo-se para todo o campo de batalha. Aqueles tocados por essa luz são aniquilados, deixando apenas os anjos ao lado de Deus em pé. O exército, então, se reúne atrás do Soberano Supremo, enquanto Deus declara:

- Serás lançado à Terra, obrigado a viver como um humano até que compreendas que esses seres são teus iguais. Sei que, ao retornar, muitos deles estarão aqui, ao lado de meu exército. No entanto, não subestimes minha ira, filho. Mesmo assim, não estás sozinho; minha compaixão te acompanhará. Estarei sempre ao teu lado, pronto para auxiliar quando pedires.

Assim, Deus abriu um rasgo nos céus, e eu fui lançado à Terra como uma estrela, cortando os céus ao amanhecer. Nesse momento nasceu meu primeiro nome: "Estrela da Manhã".

- Lúcifer, então, enfrentaria o desafio de reparar a humanidade. - A voz de Driel ecoa, revelando sua perspectiva única sobre como ele abordaria essa tarefa complexa.

Lúcifer olha para Driel e declara -Eu iria tirar o livre arbítrio deles. Pensa, se eles não têm escolha, logo só terão um caminho a seguir.

- Entendi. Desde quando está aí, senhor? - Driel pergunta assustado, pois não havia escutado achegada de lúcifer.

- Desde que te chamei e não te vi...

- Perdão, e sobre Bel? O que fará? - Pergunta curioso a lúcifer

- É tudo uma questão de tempo, Driel. Deixe que Bel acredite que não o perseguirei, e quando a calmaria se instalar... Marya enfrentará o mesmo destino angustiante que Angela.

Após proferir tais palavras, ambos abandonam a sala, e Lúcifer encaminha-se à residência de Marya. Ele tinha consciência de que, naquele momento, apenas os pais dela estariam presentes. Ao chegar, ele aciona a campainha, e os dois o recebem. Lúcifer apresenta-se como um amigo de Marya, expressando sua inquietação pela garota e manifestando o desejo de conversar com eles.

Os pais dela recebem o jovem e se sentam à mesa para uma longa conversa. Lúcifer saboreia chá e biscoitos, suas palavras gradualmente construindo confiança nos corações dos pais de Marya. Sua bengala permanece ao seu lado, e ele coloca sobre a mesa um contrato. Este documento promete restaurar Marya ao estado anterior a conhecer Bel. Após ponderarem, o pai de Marya concorda e assina o contrato, comprometendo-se a pagar uma generosa quantia pelo bem-estar de sua filha.

Após assinarem o contrato, Lúcifer desaparece silenciosamente, escapando à percepção deles. Em meio a uma discussão acalorada, o pai de Marya ouve a chegada da filha. Ele se dirige ao quarto, retirando um revólver calibre 38 de sua gaveta. Bel, acompanhando Marya, testemunha horrorizado quando o pai aponta a arma diretamente para o rosto de sua própria filha.

- Eu não vou deixar ninguém te tirar de mim, filha. - O pai de Marya pronuncia essas palavras com um tom de raiva, resolutamente apontando o revólver para ela, desafiando qualquer força que ouse separá-los.

- Calma, pai... O que é isso? - Marya proferiu essas palavras com um toque de medo, surpresa ao ver o revólver apontado para ela.

Um tiro ecoa, e Marya desaba no chão, soltando um grito de susto. O sangue começa a se derramar pelo tapete azul da casa, pintando uma cena de horror.

Vivências - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora