𝓜𝔂 𝓹𝓻𝓮𝔂

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JENNIE

10 de Outubro, São Francisco — Califórnia

A batida alta da música pulsa em meus ouvidos, quase abafando a voz interior que me dizia para ter cuidado. Eu estava cercada por estudantes e rostos desconhecidos, mas a sombra da minha perseguidora parecia pairar sobre mim.

Ela me atormentava há tanto tempo, me envolvendo em uma teia de medo e obsessão. Hoje, porém, eu estava decidida a virar o jogo.

Vou atormenta-la de volta. A deixar tão maluca que vai perceber que nunca deveria ter mexido comigo.

O zumbido do meu celular me tirou dos meus pensamentos, e eu puxei o aparelho do meu bolso.

Uma mensagem anônima piscava na tela, repleta de ameaças. Era mais uma prova de que a perseguidora estava lá, em algum lugar, observando cada um dos meus movimentos. Ela sempre está.

De qualquer jeito, eu decidi lhe dar um gosto de meu veneno. Vou a ignorar e dançar, como tenho feito em diversas festas com meus amigos. Dancei, me diverti e até me permiti beber dois shots. Alguns garotos tentaram me beijar como sempre acontece nessas festas, mas eu espantei a maioria assim como eu fiz com os que agarravam minha bunda no meio da pista de dança. Eu gosto de flertar naturalmente, mas fiz de propósito para enlouquecer a desgraçada.

Lobo mau: Você sabe que no final da noite, todos eles estarão engasgados no próprio sangue por terem te tocado.
Lobo mau: Vou te presentear com suas línguas.

Ela não os mataria. Nada tão extremo, ela nunca o fez. Mas quebrar ossos, destruir carros e carreiras? Isso sim. Olhei ao redor, tentando a encontrar mais uma vez. Um brilho de sua máscara branca me chamou a atenção.

Peguei você.

Cada passo era como um bater acelerado do meu coração, e as luzes piscantes tentando escondiam segredos nas sombras. Josh traindo a namorada. Philippe cheirando cocaína. Não ligo para nenhum deles.

Eu quero te ver de novo.

Finalmente, meus olhos encontraram a figura misteriosa, escondida no canto escuro da sala. Sua máscara ocultava seu rosto, as pessoas dançavam ao seu redor. Ela não se encaixa, mas é difícil de notar. Como um maldito ache o wally.

Eu sabia que era ela, quem me atormentava. Minhas pernas tremiam enquanto eu a olhava. A perseguidora não disse uma palavra, nem se moveu um centímetro. Apenas continuou a me observar. Ela balançou o celular, indicando que eu respondesse suas mensagens.

Lobo mau: Ficou tímida de repente, kitten?

RJK: Pensei que o objetivo fosse você vir até mim.
RJK: Não vai me pegar?

Digitei, engolindo o medo para dentro. Seus ombros se mexeram como se estivesse rindo. Ela usava a mesma roupa de quando nos vimos pela a primeira vez. Mas dessa vez, sua típica jaqueta vermelha e preta foi substituída pela totalmente negra.

Lobo mau: Você pagou por isso. Mas eu te pego quando eu bem entender. Afinal, a mestre do jogo sou eu.

RJK: Vai se foder.

Levanto o dedo do meio para ela.

RJK: Você não passa de uma covarde de merda.

Lobo mau: Essa covarde vai te devorar.

No entanto, em vez de avançar, ela recuou silenciosamente e desapareceu na escuridão da festa, como a escuridão se afasta da luz. Eu sabia que a não havia acabado, mas pelo menos eu tinha encontrado a coragem de enfrentá-la. Minhas mãos tremiam e meu coração ainda batia forte, mas senti um pequeno senso de triunfo ao espanta-la. Eu me perguntei o que mais ela poderia fazer, mas também sabia que, de alguma forma, essa perseguição doentia havia criado um vínculo bizarro entre nós, um vínculo que eu não conseguia negar, apesar de todos os meus medos e desejos.

HAUNTED 🔪 JenlisaOnde histórias criam vida. Descubra agora