15 - Cozinha.

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[Pov - Izuku Midoriya.]

Eu disse que não iria mexer nas coisas de Kacchan, não disse?...

O quê? Não disse? Que ótimo! Se ninguém ouviu então não aconteceu!

Eu tirei tudo de sua mochila e coloquei de volta umas três vezes, sem nem perceber.

Quando me toquei, já eram duas da manhã e a chuva caí forte lá fora, me levanto do chão e me estico para fechar a janela, tomo uns segundinhos para sentir a brisa gelada em meu rosto.

Eu já sei que não vou conseguir dormir, por isso faço o que já fiz umas vezes; checar a bolsa de Kacchan como um psicopata.

É uma mochila simples, tem vários lápis de cor e uns dois de escrever organizados num estojo pequeno, um caderno pequeno particularmente amassado e um livro do mesmo tamanho, tem uma garrafinha d'água, também.

Encaro os materiais todos enfileirados no chão, então abro mais a bolsa para poder guardar tudo e junto as sobrancelhas ao perceber a existência de um zíper que eu não tinha aberto antes, está na parte de dentro da mochila e por isso nem enxerguei direito.

Imediatamente abro o pequeno zíper e tiro de lá vários papéis rosas que descubro segundos depois que são cartas.

Quase caio quando vou acender a luz do quarto e volto rapidamente para o chão, encolho os ombros quando ouço um trovão estrondoso e reparo no barulho de chuva que só aumenta.

Foco a atenção toda nas cartas, são umas quatro e já estão fechadas com um adesivo rosa.

— ... São idênticas ás que Kacchan fez para mim. - sussurro ao pensar alto, engulo em seco e tomo coragem para abrir um dos bilhetes estranhamente bem feitos e delicados.

Minhas mãos começam a tremer quando leio meu nome - ou melhor, meu apelido - no fim do texto que é do tamanho de uma folha toda.

[...]

Eu vou ser sincero desta vez, sem essa besteira toda de cartas falsas.

A puberdade está me atacando forte, desde quando você é... Assim?! Eu sempre te enxerguei como um rival idiota, mas agora você parece um rapaz estranhamente atrativo, e isso me irrita muito.

Eu vou esperar tudo isso parar, vou esperar meu coração voltar ao normal, porque ele fica acelerado quando você vem encher meu saco com aquele sorriso feioso e aquela animação secretamente contagiante.

Vou obrigar meus olhos a se manterem focados em qualquer outra coisa que não seja você, por mais que isso ande sendo impossível.

E vou parar de pensar em você antes de dormir e ao acordar, vou parar de ver qualquer coisa do All Might e lembrar de você, vou parar com tudo.

Então não me atrapalhe! Você não pode mais conversar comigo, não pode rir perto de mim e não pode nem ao menos olhar para mim! Eu vou te evitar e esperar essa merda toda acabar, aí tudo volta ao normal e esquecemos isso.
Esquecemos os beijos e esquecemos todo o resto, precisamos esquecer, eu preciso esquecer, porque estou ficando louco e não posso só pensar em uma coisa, ainda mais quando essa coisa é justo você.

Por que começamos isso tudo, afinal? Eu deixei meu coração falar primeiro, e não deveria, ele tem falado muito e isso não pode acontecer.

Você é um idiota, Deku, o idiota dos idiotas.

(E eu talvez seja um idiota também, por negar aos céus que seu sorriso não é perfeito e que sua animação não me deixa animado também.)

De um Jeito ou de Outro. - BAKUDEKU (CANCELADA) Onde histórias criam vida. Descubra agora