16 - Bilhete.

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[Pov - Izuku Midoriya.]

Aprendi libras há uns três anos.

Bom, o básico, pelo menos.

Devido à individualidade de Kacchan, é normal que ele acabe perdendo o sentido da audição conforme o tempo for passando, e tudo acaba deteriorando pela força extrema que ele se submete.

Treinamentos pesados, dieta extremamente (e preocupantemente) balanceada, estresse, atenção constante e abominação à qualquer sinal de fraqueza, e obviamente; um orgulho autodestrutivo.

Eu tomei a iniciativa de aprender a linguagem de sinais, que sempre me encantou e me deixou curioso, porém Kacchan nunca gostou da ideia, porque também nunca gostou de que qualquer um falasse sobre isso com ele.

"Isso é coisa de fracote", ou "Os médicos estão errados." eram as coisas que ele dizia, com muita raiva.

Seu lado é compreensível, imagine como é ouvir todos falarem que você ficará surdo quando crescer?

Nós dois éramos crianças, em quanto me diziam que eu tinham individualidade, diziam á ele que sua audição seria cem por cento perdida justamente por causa de sua individualidade.

Irônico, não?

Falamos pouquíssimo sobre isso, eu sei que Kacchan não gosta e ele se tranquiliza porque sabe que eu sei, não consigo deixar de me sentir especial por ser o único que tem conhecimento disso, por mais que seja trágico.

Me sento no parapeito da janela, a chuva deu uma trégua mas as nuvens continuam densas e bem escuras, as aulas foram canceladas já que seriam práticas e agora está tudo um lamaçal lá fora.

Toda vez que penso sobre o que houve ontem a noite, meu coração acelera e meu rosto esquenta, sei que fico parecendo um idiota, mas ainda não consegui superar tudo o que fiz naquela hora.

Eu poderia facilmente ter tomado um soco na cara em pelo menos três momentos diferentes! Arrisquei muito ao me comunicar em libras, e confesso que não esperava tomar a iniciativa de subir em seu colo.

Não tive chance de conversar sobre as cartas com Kacchan, eu simplesmente me esqueci na hora, mas pretendo fazer isso hoje, o mais rápido possível, de preferência.

Começo a tomar mais atenção no céu quando ouço meu celular tocar do bolso, tomo um cuidado significativo para não derrubá-lo, mas quase o faço quando leio o nome do contato que me ligava.

Entretanto, não penso duas vezes antes de atender.

— K-Kacchan!... Bom dia!. - mordo o lábio inferior, me repreendendo por ter guaguejado.

Eu quero minha bolsa. - sua voz está grossa e rouca, o que estranhamente me faz querer ouvir mais.

De começo, junto as sobrancelhas, me perguntando mentalmente sobre sua fala aleatória.

— É... Está aqui no meu dormitório, já que você esqueceu aquele dia... Você quer que eu leve até aí, ou?...

Sou interrompido por uma batida forte em minha porta.

Está de roupa? Okay.

A chamada é encerrada antes que eu possa falar qualquer coisa, Kacchan entra e fecha a porta atrás dele.

— Cadê? - pergunta, sem rodeios.

Saio do parapeito e deixo o celular sobre a cama, sigo até o armário e tiro sua mochila de lá.

— Bom dia, Kacchan. - sorrio, em quanto sigo até o maior e tento fingir a maior normalidade possível.

Ele está vestindo uma camisa preta apertada e uma calça cinza de moletom, seu cabelo está como o do cotidiano, a única diferença é que agora noto pequenas olheiras por baixo de seus olhos, provavelmente por causa do tempo em que ficou acordado noite passada.

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⏰ Última atualização: Apr 01 ⏰

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De um Jeito ou de Outro. - BAKUDEKU (CANCELADA) Onde histórias criam vida. Descubra agora