[Pov - Izuku Midoriya.]
Aprendi libras há uns três anos.
Bom, o básico, pelo menos.
Devido à individualidade de Kacchan, é normal que ele acabe perdendo o sentido da audição conforme o tempo for passando, e tudo acaba deteriorando pela força extrema que ele se submete.
Treinamentos pesados, dieta extremamente (e preocupantemente) balanceada, estresse, atenção constante e abominação à qualquer sinal de fraqueza, e obviamente; um orgulho autodestrutivo.
Eu tomei a iniciativa de aprender a linguagem de sinais, que sempre me encantou e me deixou curioso, porém Kacchan nunca gostou da ideia, porque também nunca gostou de que qualquer um falasse sobre isso com ele.
"Isso é coisa de fracote", ou "Os médicos estão errados." eram as coisas que ele dizia, com muita raiva.
Seu lado é compreensível, imagine como é ouvir todos falarem que você ficará surdo quando crescer?
Nós dois éramos crianças, em quanto me diziam que eu tinham individualidade, diziam á ele que sua audição seria cem por cento perdida justamente por causa de sua individualidade.
Irônico, não?
Falamos pouquíssimo sobre isso, eu sei que Kacchan não gosta e ele se tranquiliza porque sabe que eu sei, não consigo deixar de me sentir especial por ser o único que tem conhecimento disso, por mais que seja trágico.
Me sento no parapeito da janela, a chuva deu uma trégua mas as nuvens continuam densas e bem escuras, as aulas foram canceladas já que seriam práticas e agora está tudo um lamaçal lá fora.
Toda vez que penso sobre o que houve ontem a noite, meu coração acelera e meu rosto esquenta, sei que fico parecendo um idiota, mas ainda não consegui superar tudo o que fiz naquela hora.
Eu poderia facilmente ter tomado um soco na cara em pelo menos três momentos diferentes! Arrisquei muito ao me comunicar em libras, e confesso que não esperava tomar a iniciativa de subir em seu colo.
Não tive chance de conversar sobre as cartas com Kacchan, eu simplesmente me esqueci na hora, mas pretendo fazer isso hoje, o mais rápido possível, de preferência.
Começo a tomar mais atenção no céu quando ouço meu celular tocar do bolso, tomo um cuidado significativo para não derrubá-lo, mas quase o faço quando leio o nome do contato que me ligava.
Entretanto, não penso duas vezes antes de atender.
— K-Kacchan!... Bom dia!. - mordo o lábio inferior, me repreendendo por ter guaguejado.
— Eu quero minha bolsa. - sua voz está grossa e rouca, o que estranhamente me faz querer ouvir mais.
De começo, junto as sobrancelhas, me perguntando mentalmente sobre sua fala aleatória.
— É... Está aqui no meu dormitório, já que você esqueceu aquele dia... Você quer que eu leve até aí, ou?...
Sou interrompido por uma batida forte em minha porta.
— Está de roupa? Okay.
A chamada é encerrada antes que eu possa falar qualquer coisa, Kacchan entra e fecha a porta atrás dele.
— Cadê? - pergunta, sem rodeios.
Saio do parapeito e deixo o celular sobre a cama, sigo até o armário e tiro sua mochila de lá.
— Bom dia, Kacchan. - sorrio, em quanto sigo até o maior e tento fingir a maior normalidade possível.
Ele está vestindo uma camisa preta apertada e uma calça cinza de moletom, seu cabelo está como o do cotidiano, a única diferença é que agora noto pequenas olheiras por baixo de seus olhos, provavelmente por causa do tempo em que ficou acordado noite passada.
VOCÊ ESTÁ LENDO
De um Jeito ou de Outro. - BAKUDEKU (CANCELADA)
RomanceKatsuki Bakugo e Izuku Midoriya podem ter tido, desde as suas infâncias, uma relação considerada perturbada. Quando ambos foram aceitos para a prestigiada escola U.A, foi difícil fazer com que não acabassem brigando por partida de Katsuki. Uma car...