Encontrada

Capítulo 12

Continuo esperando e os segundo se parecem muito com séculos neste momento, Zack segue quieto, a expressão imóvel e começo a me questionar se ele não está em estado de choque, ou algo do gênero, o que seria perfeitamente compreensível diante das circunstâncias. Quando começo a pensar como vou fazer para encontrar Ágata a esta hora nesse lugar enorme para pedir ajuda e levá-lo até o hospital do palácio ele consegue finalmente dizer algo.

- Porque parece fazer sentido?- dou um suspiro de alívio, ele tem o cenho franzido em confusão- As coisas se encaixam, de uma forma estranha, mas se encaixam- sua voz não passa de um murmúrio, parece estar falando sozinho, não comigo.

- Exatamente- eu digo- Por isso Max não podia dizer o que estava acontecendo, por isso não pegamos um avião, eles não existem mais Zack, pelo menos não como nós conhecemos, pelo que entendi não existem mais companhias áreas e vôos comerciais, acredita nisso? As pessoas não tem celulares por aqui e televisão e telefone são coisas raras, temos alguns aqui no palácio mas ainda não cheguei ao ponto de ver em algum cômodo, toda uma fase do desenvolvimento humano perdido durante a guerra e após ela, cientistas executados, espiões de guerra e tanta coisa, tanta coisa mesmo que parece impossível o mundo ter virado de ponta cabeça dessa forma, mas é real, eu vi os mapas, os livros, até a porcariazinha do Grânulo, queria que você pudesse ter visto Zack, é minúsculo.

Pego suas mãos, me sentindo mal de ter que falar sobre tudo isso e com tanta pressa, querendo desesperadamente que ele acredite no que estou dizendo, desesperada para não estar mais sozinha nessa realidade que descobri ser a verdade. Louca para que alguém que sabe como é a experiência de viver uma vida que é uma mentira me entenda, implorando para não estar mais sozinha nisso.

-Você acredita, não é? Não acha que estou louca, acha?

- Eu acredito- sua voz vazia de histeria ou qualquer outra emoção, a ficha ainda não tinha caído e talvez ainda demorasse bastante a cair- Olhando em volta, te vendo, te ouvindo, como eu posso não acreditar? Eu acho que tenho uma nova teoria- meu alívio por sentir que ele finalmente estava entendendo ameaça ceder, mas ele continua e demonstra alguma emoção quando abre um sorriso- Talvez isso tudo seja um sonho ou pesadelo e a gente vai acordar de manhã cada na sua cama e procurar um ao outro para dizer que teve um sonho engraçado e muito louco e vamos rir no café e tudo vai ficar bem, mas por hora eu posso te dizer que é um sonho bem nítido, muito real, eu acredito Liza, eu acredito em você.

Eu o agarro em um abraço apertado e choro de soluçar, nem eu imaginava quanta pressão estava sendo ter de guardar isso, não poder dividir com mais ninguém que poderia me entender, era tão bom tirar uma parte do peso das costas, poder falar todas essas coisas que eu ainda sentia serem inacreditáveis para alguém que as acharia tão inacreditáveis quanto mas que ainda assim veria o sentido e a verdade nisso tudo no final das contas, assim como eu.

-Vai ficar tudo bem Liza- ele me abraçou de volta, passou a mão pela minha cabeça e me deixou chorar com o queixo apoiado em seu ombro- Estamos juntos aqui, enquanto estivermos juntos podemos enfrentar qualquer coisa, certo?

Eu o soltei um pouco para poder olhar em seu rosto, passei a mão pelo meu, enxugando as lágrimas manchadas de rímel.

- Sim, eu acho que sim- respondi em um murmúrio.

- É claro que sim!- me dá um sorriso torto junto da resposta- qualquer situação, qualquer problema e qualquer mudança, se estivermos juntos tudo fica bem no final- me abraçou de novo- Você vai ver.

- Sim, tudo vai ficar bem- disse contra seu peito, sem ter muita certeza mas querendo acreditar mais que tudo que a pessoa que eu era e a que aquelas pessoas esperavam que fosse podiam ser a mesma, que eu conseguiria e que tudo ficaria mais fácil de lidar com o tempo. Eu não estava sozinha, nunca estive. Mas agora eu me lembrava disso.