Prólogo

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  - O que acha deste alteza?- Diz...qual é o nome dela mesmo?Acho que seria falta de educação perguntar pela terceira vez seguida, a mulher posiciona outro aplique de franja sobre minha testa enquanto sorri com seus dentes brancos e perfeitamente alinhados. 

  As pessoas estão sempre sorrindo para mim por aqui.

  As vezes fico um pouco desconfortável, eles mal me conhecem, não pode ser genuíno.

  Continuo encarando meu reflexo, perdida no azul profundo dos olhos daquela estranha do outro lado do espelho, eles são a única coisa em mim que ainda se parecem comigo de verdade,  os acontecimentos da última manhã antes de tudo mudar passam pela minha mente, vez após outra.

  -Mas você deve estar com fome não é?- disse minha mãe com uma preocupação genuína- A viagem foi muito longa e deve estar cansada também, está tão magra e tão alta!- ela segurou meus braços afastados um do outro- olhe só você- disse com um sorriso e olhos marejados- Ah, que falta de decoro- diz ela abanando levemente o rosto, uma tentativa vã de secar as lágrimas que se formaram- vou levá-la até a sala de café da manhã, William certifique-se de que está tudo conforme o planejado, por favor?- uma rainha pedindo por favor? Isso era definitivamente novo.

  Um homem de estatura mediana e barba, que eu presumi ser William, apenas acenou com a cabeça e se dirigiu a uma porta lateral.

  Ela se voltou novamente em nossa direção.

  - Oh Maddox, querido, venha cá, não há necessidade de toda essa formalidade- quem diabos é Maddox?-não depois de trazer sua...princesa e minha filha de volta para casa- a palavra princesa saiu com uma entonação um tanto quanto estranha, quase como um improviso para substituir outra palavra.

  -Majestade- Max fez uma referência, eu assistia a tudo aquilo atônita, não conseguia decidir se estava em uma realidade alternativa ou tendo uma alucinação.

  -Pare com esta bobagem, pelo seu título não deveria me chamar de majestade, alteza- lançou-lhe uma piscadela e logo após um olhar divertido- além disso você é quase um filho meu- ela o abraçou ainda com lágrimas nos olhos.

  Certamente uma alucinação, devo estar naquela sala trancada ainda e com tantos calmantes correndo pelas veias que não consigo mais discernir o que é real do que não é.

  -Oh, coitadinha- disse a mulh...a rainha, olhando para mim- ela deve estar tão confusa. Os dois me encaravam, ela com o olhar preocupado, ele parecia se divertir às minhas custas. 

  Eu provavelmente não estava conseguindo disfarçar a minha cara.

  -Não se preocupe, Majestade, sua filha é perfeitamente saudável e muito inteligente- disse ele em tom divertido- ela vai se recuperar rápido- disse ele em um meio sussurro.

  Ora, mas o que ele queria dizer com aquilo?

  Olhei em volta. Então o olhar dele passou de diversão para preocupação. Ele se aproximou, tocou meu braço.

  - Ei- olhei para sua mão pousada sobre a minha pele- está tudo bem, você está segura, não precisa ter medo- olhei para seu rosto, acho que continuava com a mesma expressão confusa de antes porque ele continuou a falar- escute, pelo pouco que entendi da sua experiência naquele lugar, você passou a vida procurando por respostas, agora está bem perto de conseguir todas que sempre quis e isso aqui- disse ele olhando em volta- é um começo, como vocês diziam mesmo?- fiquei confusa com sua pergunta, ele pareceu pensar por um minuto, se esforçando para puxar algo da memória, então sorriu quando encontrou a palavra que queria- é um spoiler de toda a verdade. E não tem nada nisso que você precise temer. É uma promessa.

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