Capítulo 9

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Jisung não quis jantar, negou as duas vezes em que Jimin foi lhe chamar, quando deu por volta das dez horas da noite, horário em que normalmente a casa toda já estava em silêncio por estarem em sono profundo, o Park sai do quarto. Estava de calça jeans, um moletom e no pé seu amado all star preto.

Era sempre assim, quando tomava uma bronca - o que era normalmente sempre que via os pais - Jisung saia escondido no meio da noite, tinha isso como um mecanismo de distração, de paz.

O Park não demorou muito até chegar em um parquinho perto de sua casa, levava exatamente dez minutos caminhando até o local, que apesar do horário, ainda tinha pessoas sentadas na grama conversando, outras brincando no escorregador e balanço. Jisung se sentou mais longe em um dos balanços afastados da multidão.

Retirou do bolso do moletom o seu vício, um maço de cigarro saborizado, o Park não se orgulhava daquilo, mas também não tinha vergonha alguma de fumar.

Sabia que estava auto romantizando seu vício, mas o que iria fazer se apenas a nicotina lhe ajudava em dias e noites como aquela? A sensação de queimação em sua garganta e narinas lhe deixava nas nuvens, principalmente quando conseguia ver a fumaça branca saindo de dentro de si, sentia um alívio, uma paz tão grande quando tragava a droga, era como se apenas aquilo ali realmente o ajudasse.

Tinha plena noção de que seus pais provavelmente o matariam se soubessem que ele fumava, assim como seria a decepção de seus amigos e irmãos, mas não importava, não naquele momento.

- Que merda! - Jisung resmunga, a saliva estava difícil de engolir, agora não sabia se era devido ao ter tentado segurar o máximo a fumaça dentro de si ou ao choro engasgado em sua garganta esperando ser liberado.

- Por que eu sempre estrago tudo! - Resmungou sozinho o coreano enquanto apagava a bituca do cigarro liberando a última fumaça por entre a boca meio aberta e jogando longe a droga, agora inútil ao seu ver.

Jisung sentado ali, se permitiu chorar, só conseguia fazer isso quando estava sozinho e longe do ambiente em que vivia, se sentia melhor assim para liberar seu sentimento mais verdadeiro naquele momento.

Chenle acordou assustado, levou a mão direto em seu peito sentindo o coração pulsar rapidamente, um sentimento de culpa, tristeza e angústia invadiu seu ser de forma que o deixou meio zonzo, olhou para o bide ao seu lado da cama e viu que o relógio marcava exatamente meia noite e sete, as sensações ainda estavam ali, ainda mais fortes após realmente estar desperto.

- Jisung.... - O chinês pensou automaticamente em sua alma gêmea, só podia ser dele aqueles sentimentos - Merda! - Resmungou preocupado e pegou seu celular ligando para o Park.

Levou alguns segundos até sua ligação realmente ser aceita, e isso não diminuiu a preocupação que sentia, só piorou pois Jisung ainda chorava do outro lado da linha.

- Onde você está? - Chenle pergunta, sem nem dizer oi.

- Em uma praça perto da minha casa - O coreano respondeu enquanto fungava - Por que me ligou?.

- Nós temos uma ligação Jisung - Chenle o lembrou.

- Ainda tem mais isso? Que grande bosta - Desgostoso o outro reclama.

- Me manda sua localização - O chinês praticamente exigiu aquela informação.

- Pra que?! - Jisung se defende como se estivesse fazendo algo contra lei.

- Jisung eu não vou deixar você sozinho, chorando em uma praça já passando da meia noite!. - Chenle disse terminando de vestir um casaco - Agora anda, me manda a sua localização.

Agora o Park estava nesse exato momento adentrando o quarto de Chenle, não sabe como foi parar ali pois estava com dor de cabeça demais para pensar nisso, mas sabia que o chinês e o pai dele tinham algo haver com aquilo.

- Muito obrigado papai - O chinês agradeceu a Yoongi.

- Estou orgulhoso de você pimpolho - O mais velho sorri cansado, havia sido acordado no meio da noite para ir encontrar o Park junto de seu filho - Agora, cuide dele certo? Eu me resolvo com seu pai amanhã.

- Certo! Boa noite - Chenle sorriu e Yoongi o desejou um boa noite de volta voltando para sua tão amada cama, não antes de deixar um beijo sobre os cabelos do adolescente.

- Seu quarto é tão, você - Jisung comenta.

O coreano estava sentado em uma cadeira giratória que estava perto da escrivaninha de Chenle, já tinha analisado todo o local, o quarto era em tons de verde claro, havia uma meia cama de casal no canto esquerdo do quarto com um bide ao lado, uma janela consideravelmente grande no meio do local, as cortinas são pretas - assim evitando que a claridade adentre o ambiente pela manhã -, e bem a frente da janela tem a escrivaninha, mais ao canto direito está o guarda roupa com um espelho ao lado, tem também prateleiras com os mais diversos livros e pelúcias, um baú, uma cômoda e a televisão bem enfrente a cama.

- Você tá fedendo a cigarro - Chenle diz.

Jisung trava, o coração acelera, a boca seca e a garganta começa a arder.... Era agora que vinha o julgamento, sabia disso.

- Você fuma? - O chinês pergunta gentilmente.

- De vez em quando - O Park respondeu após segundos em silêncio.

Chenle concordou com a cabeça e decidiu não tocar mais no assunto, Jisung agradeceu mentalmente o mais velho por aquilo, não queria falar de algo particular seu, não ali, nem muito menos naquele momento.

- Fotos interessantes - O coreano pronuncia admirando um painel que estava sobre a cabeceira do chinês.

- Obrigado, são dos meus melhores momentos - A resposta foi simples, mas certeira.

Jisung analisa cada fotografia, uma por uma, tinha de Chenle com seus pais, com os amigos de seus pais, tinha com Beomgyu - principalmente deles pequenos, no início da amizade -, com outros amigos, até com Chaeryeong e Ryunjin, mas uma chamou muito sua atenção - duas para ser mais exata - era Chenle com Jungkook e Yoongi. Na primeira ele era bem pequeninho e estava no meio dos dois adultos, que na foto pareciam adolescentes, Chenle segurava um papel em mãos.... O papel de adoção provisória. Aquilo tocou Jisung, o fez se arrepender amargamente de tudo o que fez ao chinês.
A segunda foto, era Chenle abraçado a Yoongi e a Jungkook, estava sempre no meio dos pais - e essa foto parecia ser mais atual que as demais - o chinês sorria alegremente enquanto era beijado na bochecha por ambos os homens, e novamente um papel em sua mão, a guarda definitiva havia sido finalmente aceita.

- Você quer conversar sobre o que aconteceu contigo? - Chenle pergunta sentado em sua cama olhando para Jisung.

O chinês não conhecia aquele Park, tão sensível, quebrado... Jisung tinha olheiras notáveis abaixo de seus olhos pequenos, agora inchados devido as horas de choro, também era perceptível ver o quão cansado parecia, Chenle só não sabia dizer se era fisicamente ou mentalmente.

- Eu não falo sobre meus problemas Chenle - Jisung respondeu com a voz grossa devido ao tempo em que ficou sem falar.

- Então podemos pelo menos ir deitar? - O chinês questionou e Jisung olhou para o horário, era quase uma hora da manhã - faltava dois minutos para dar uma hora em ponto - o mais novo concordou com a cabeça.

- Então vem! - Chenle chamou o outro.

Jisung analisou a cama separada simetricamente por um cobertor, um lado o Park dormiria e do outro o Jeon, Chenle apenas disse que estava cansado demais para arrumar uma cama para o coreano, então usou o cobertor para dividir a sua.

O mais novo aceitou de bom grado o pijama que o estrangeiro lhe ofereceu, e após se trocar Jisung deitou sobre o colchão macio e se tapou com o cobertor quentinho deixado ali justamente para si - já que cada um estava com o seu - e por incrível que pareça, teve a melhor noite de sono da sua vida até o presente momento.

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⏰ Última atualização: Oct 10, 2023 ⏰

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As Cores No Teu Olhar - ChenjiOnde histórias criam vida. Descubra agora