salvação e esperança - Revisado

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No momento em que o sangue começa a tingir o tapete azul, Marya desvia o olhar e depara-se com sua mãe, que empunha uma arma com firmeza. A frieza do metal reflete a tensão no ambiente. O olhar materno, carregado de conflito, direciona-se ao pai de Marya, que, em segundos que parecem uma eternidade, desaba de joelhos no chão. O silêncio é interrompido apenas pelo eco das escolhas irreversíveis, enquanto a tragédia se desenha no tapete manchado.

- Despertar é uma maldição, mas eu confio cegamente na minha filha.

Marya fica petrificada, fixando os olhos em sua mãe, enquanto Bel, em resposta a uma risada estridente que ecoa pela sala, ergue o olhar. Suas moscas dançam freneticamente pelo ambiente, indicando um presságio iminente. Ele se prepara para proteger a todos, cada instinto alerta, até que Lúcifer surge no topo da escada, gargalhando incessantemente. O riso do adversário ressoa, lançando uma sombra sobre o confronto iminente.

- Parece que o acordo virou contra nós - Declara Lúcifer, notando que a mãe não compartilhava do mesmo consentimento presente no contrato assinado pelo pai. O tom do diabo ecoa com uma mistura de surpresa e sutil triunfo, revelando as reviravoltas imprevistas do pacto.

Ele extrai uma espada de sua bengala, um aço sibilante cortando o silêncio tenso, enquanto avança implacavelmente na direção da mãe de Marya. Cada passo reverbera como um presságio sombrio, a lâmina desenhando um destino incerto na dança desenfreada dos acontecimentos.

Ao que parece, serei forçado a encerrar tudo isso, reflete Lúcifer, a determinação ressoando em suas palavras. O peso da decisão paira no ar, enquanto ele se prepara para enfrentar um desfecho inevitável, onde o destino de todos está suspenso no fio da espada.

Ao perceber a aproximação de Lúcifer, Bel se posiciona imediatamente diante das duas mulheres, lançando um olhar de esguelha para o pai ensanguentado de Marya. Seus olhos refletem uma mistura de proteção feroz e desafio, enquanto ele se torna o último bastião entre o mal iminente e aqueles que jurou resguardar.

- Leve-o para longe, Marya, junto com sua mãe. Eu lido com este - Diz Bel, sua voz uma promessa firme em meio ao caos. A urgência na sua expressão revela a determinação de proteger aquelas que lhe foram confiadas, mesmo que isso signifique enfrentar o próprio inferno.

Lúcifer, surpreendido pela postura de Bel, murmura baixinho consigo mesmo:

- Lutar contra o próprio senhor é um jogo perigoso - Os olhos faiscando com uma mistura de desdém e curiosidade.

- Você não é meu senhor - Afirma Bel para Lúcifer, negando com firmeza qualquer vínculo de sujeição. O tom de desafio e autonomia ressoa na declaração, delineando claramente a recusa de Bel em aceitar qualquer senhorio.

Bel, após afirmar sua independência de Lúcifer, avança rapidamente contra o diabo, que segura sua espada em uma dança ardente, desprovida de luz, mas incandescentemente quente como fogo. Bel, envolto por uma enxurrada de moscas, some na escuridão criada pelos insetos. Dentro da nuvem negra, Lúcifer sofre, sua pele dilacerada pelas moscas carnívoras, porém, mesmo assim, age como se estivesse imune à dor.

Ao reaparecer, Bel é atingido por golpes velozes de Lúcifer, cujas mãos quase só exibem ossos devorados. A luta desigual se desenrola com socos impactantes que ecoam pelas paredes. Cada golpe de Bel é uma resistência tenaz contra a indiferença aparente de Lúcifer, que se diverte na batalha desigual.

Num último esforço, Lúcifer agarra Bel, lançando-o ao chão e arremessando a espada em direção ao seu peito. Contudo, uma luz intensa irrompe na sala, acompanhada por um vento poderoso que projeta Lúcifer para o outro lado do cômodo, interrompendo o desfecho fatal.

Vivências - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora