In My Mind

CAPÍTULO 13 - Ícaro, o Diabo e o Sol

Mais um capítulo longo...

⚠️ alerta de gatilho, esse capítulo contém conteúdo sensível. Caso seja muito desconfortável, por favor, pule o Flashback do Pov da Sam ⚠️

No geral, espero que gostem 🌷🤍
Boa leitura!
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The devil doesn't bargain
O diabo não barganha
It's useless, don't do this, it's hubris to try
É inútil, não faça isso, é arrogância tentar
He's ruthless, you knew this, I told you, didn't I?
Ele é implacável, você sabia disso, eu te disse, não é?
He's abusive, elusive, the truth is he lies
Ele é abusivo, indescritível, a verdade é que ele mente
I know you don't want to let go
Eu sei que você não quer deixar ir

(Devil Doesn't Bargain - ALEC BENJAMIN)

POV SAM
6 meses atrás

-Desculpa, filho. Eu estava... enrolada - Tropeço na última parte, pois não podia negar meu constrangimento. Apesar de um sorriso discreto se desenhar lateralmente na minha boca. Encolho os lábios tentando conter esse movimento involuntário como se pudesse disfarçar minha falta de arrependimento do que tinha acabado de fazer. Ainda estava absurda demais para ser acometida pela moral.

Coloco Shaki no banco de trás e o prendo devidamente para irmos para casa.

Apesar de concentrada na via a minha frente, minha mente claramente estava longe. Fazia todo o trajeto mecanicamente, totalmente no modo automático. Eu ainda estava naquele apartamento, naquela cama, naqueles braços, naqueles beijos...

Eu ainda podia sentir Mon dentro de mim, não apenas fisicamente, mas sua essência estava entranhada em mim, como se eu estivesse carregada de sua energia. Algo inegavelmente bom e viciante.

Sentia o cheiro dela em minha própria pele, era inebriante e acolhedor.

Era loucura, eu tinha me rendido ao maior pecado que eu poderia cometer. Um que já havia me tirado tudo. Fui fraca e não consegui resistir. Apesar de que no íntimo eu já sabia que não seria capaz de lutar, eu não resisti uma vez, seria incapaz de fazer diferente, e sabia. Na verdade, eu queria. E agora me escondo sob o rótulo de fraqueza.

Poderia estar certo Erasmo de Rotterdam, podia ser a Loucura a maior das entidades, a que devia ser mais adorada, pois talvez seja ela que dê sentido à vida humana, pois nos faz buscar o prazer. Porém é ela também o combustível para a ebulição da culpa, carregada de moralidade, julgado nossos atos.

Eu já sentia meu interior em conflito. A felicidade sendo cruelmente podada pela minha consciência que se vestia de juíza, na qual usava da falta de arrependimento como uma prova no julgamento contra meu coração, o réu. Apresentando ao júri como se fosse um atestado da minha falta de integridade e reforçando com meu histórico que eu não era digna de felicidade.

Eu amava Mon, amei estar em seus braços e amei possuí-la de novo, mas me odeio por ter responsabilidades com outra pessoa, me odeio por não ser honesta comigo mesma, me odeio por não ser dela.

Preciso resolver isso.

Minha mãe estava certa, preciso me permitir ser feliz. Eu não quero machucar ninguém, não quero desamparar ninguém. Eu sei que não é certo deixar alguém que depende de mim, mas também não é certo eu não escolher o amor da minha vida.

Estou na frente do portão do meu condomínio  sem me dar conta de que havia chegado. Quando dou por mim, já estou pegando o controle do portão e Shaki se agitar no banco de trás.