T W E N T Y - F I V E

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Quando Bia e os outros tripulantes chegaram ao navio completamente a salvo — por mais ferimentos que tivessem — ordenei que tratassem de tudo. Eu poderia ter somente sete tripulantes, o que é considerado a maior besteira nos altos mares, mas, é por eles que dou a minha vida.

Eu não sou como os outros piratas e jurei não ser como o meu pai. Sempre gostei de grupos pequenos e não é preciso um monte para no final haverem mais traidores do que companheiros. Eu sei que já tive minhas brigas com Wooyoung. Ele é filho do capitão Zico, mas vocês já pensaram realmente porque eu nunca acreditei que Bia fosse realmente filha dele?

Wooyoung sempre me falou que tinha uma irmã, isso ele sempre me falou, mas nunca me falou quem era, nunca me disse características, aí eu pensei que fosse coreana. Como eu adivinharia que seria logo ela? Ela pouco foi mostrada ao mundo. Saber que tem uma filha é normal, agora puder ver o rosto dela é outra coisa.

Por mais que possuísse uma parte da família dela no meu barco junto de outros pirralhos, eu não deixei eles se aproximarem até estar tudo controlado. Queria-os em total segurança, o que não é certa no meu barco e todos sabem. 

— Voltem lá para baixo. O barco do Capitão Jeon ainda está perto. Não sei o que será de mim se algo acontecer com vocês. Eu perdi a minha mãe para sempre, mas vocês são do meu sangue mesmo que não pareça, então eu vou proteger os meus. — Bia estava nos meus braços, mas logo depois a coloquei no chão para ver se ela tinha algum ferimento, e ela apenas se queixou da sua perna, contando que Jeon tinha lhe pressionado. Diferente disso, não sentia mais dor, apenas incómodos nas regiões que ele mais lhe tocou, como pulsos, braços. Isso obviamente me deixou com raiva. Ele não tem o direito. Olhava atentamente todos os pirralhos que estavam perto das escadas, suspirando. — E... Aquele ali. — Apontou para Wooyoung. — É do meu sangue, mas vocês são diferentes. Então, não estranhem.

— Ei, você quer que eu te meta ainda mais machucada? — Wooyoung diz, e eu rapidamente me levantei.

— E você quer ficar sem cabeça? — Falei, encarando ele, que pegou San e o levou para baixo. 

— Vou levá-los lá para baixo e fazer algo de bom para eles comerem. Obrigado por não morrerem. — Agradeceu, levando um soco no peito de San, que estava como um saco de batatas em seus ombros.

— Eu prefiro morrer lutando, Wooyoung. Jamais morrerei escondido. — O local ficou mais silencioso assim que eles saíram todos para a parte de baixo. Ficaram os restantes comigo, junto de Bia, que pegou a luneta ao notar algo estranho.

— Eles estão indo embora.

— E você sabe para onde eles vão?

— A ilha dos perdidos. Ouvi o Capitão Jeon falar sobre isso... Eles estão com parte da tripulação ferida. Devem ir arranjar mais reforços para voltar... 

— Temos que ir para lá e acabar com eles.

— E você está disposto a pisar novamente aquela ilha?

— E porque eu não estaria?

— Você sabe. Seu pai e meu pai estão lá. Eles estão juntos do Capitão Jeon e querem acabar connosco. Precisamos pensar.

— Eu que sou o capitão.

— Eu quase morri para o Capitão Jeon, Hongjoong Gancho. E eu não estarei satisfeita se não acabar com ele, por mais que tenha tido oportunidade. Mas o meu problema, foi que eu poderia morrer. Eu não posso deixar aquelas crianças. Vamos deixá-las na Coreia. Por favor. Não podemos ir para aquela ilha com elas cá dentro.

— E deixar elas lá sozinhas?

— É assim... É melhor elas ficarem aqui, ou ficarem lá seguras e você sempre podendo ir lá? Eu não sou Capitã, e duvido alguma vez ser, mas sabe porque eu penso sobre não querer mais?

— Porquê? — Encarei-a sério, pensando que ela poderia dizer alguma besteira.

— Eu me renderia facilmente se alguém que eu amo estiver em perigo. Eu venero a sua coragem. Acho que é por isso que a cada diz sinto-me mais apaixonada por você. Mas quem te garante que você realmente faria o que eu faria por essas crianças.

— Eu faria. São crianças. Eu não sou ruim. Elas têm muito para viver. E quem sabe, um dia passam a ser um de nós.

— Acha mesmo que crianças vividas no porto vão querer ser piratas? Eles eram constantemente atacados.

— E se eu quiser? — Rita se intromete na conversa. — Eu quero matar todos os rufias. Me tornar como vocês. Mas tenho medo. — Bia respirou fundo, abaixando-se para ficar perto da garota.

— Eu nunca matei ninguém, e me tremi toda quando quase matei o Capitão Jeon. Além de saber que eu ia morrer, eu estava fazendo aquilo pela primeira vez. Eu vi a minha avó ser morta, isso eu vi, mas eu nunca consegui fazer o mesmo a alguém, por mais que já tenha tido oportunidade até de matar o meu próprio namorado. Ser filho de pirata não te garante que seja um pirata a sério. E se você quer ser um pirata do bem, você será na mesma taxado pelo que os outros são, e terá de exterminar os maus para o bem vencer. Talvez seja por isso que eu não consegui matar alguém até agora. Não tenho coragem. E com isso, o mal só continua. E eu me sinto culpada. 

— Não há prisões no mar. Você tem duas opções. Ou mata, ou morre. — Completei. — E não tem que se sentir culpada. Você, ao não morrer, já faz muita coisa. Protegeu eles desde sempre e esteve na boca do lobo.

— Se não fossem vocês, eu morreria. Eu penso que nunca fui uma pirata, mas sim apenas filha de um pirata. O sangue que circula nas minhas veias é pirata, mas não me garante que eu seja pirata de verdade. Roubar os ladrões também fazem isso. Assassinos matam. Pirata só se distingue por ter um barco.

— Você não devia se rebaixar.

— Eu sempre fui, então é normal para mim. A cada dia pergunto-me o que sou realmente. E neste momento, eu penso também sobre você. Ser namorada do Capitão Hongjoong Gancho não faz de mim uma Capitã.

— Mas se eu morrer, quem vai governar é você. Ou se quiser, seu irmão. Tanto me importa. Eu não tenho medo de morrer. Eu tornei-me capitão por alguma coisa foi, e vou continuar a lutar todos os dias. Cansei de ser o filho adotado do Capitão Gancho que não era nada, mas hoje em dia, é um dos maiores piratas que já navegou pelos mares. — Encostei-me na berma do barco, olhando o barco ao longe se afastando, respirando fundo. — Mas eu também garanto. Eu vou matar todos eles. 

Treasure | kim hongjoong (2.ª temporada) Onde histórias criam vida. Descubra agora