CAPÍTULO UM:
rio de janeiro e suas maravilhas17 de fevereiro de 2023
MARIA VITÓRIA NÃO ERA BOA em muitas coisas, e futebol estava no primeiro lugar, em disparada de todos os outros. Ou ela chutava a bola na cara de alguém ou recebia a bolada. Ou ela caia enquanto corria, ou tropeçava na bola. E ela já sabia disso desde pequena, quando jogava bola com seus irmãos mais velhos e algum deles acaba chorando na calçada.
Entretanto, ela adorava assistir, sabia as regras e torcia como ninguém, além de amar fotografar os jogos. Com 16 anos a fotografia era apenas mais um hobby para ficar mais tempo longe de Matheus e Luca, seus irmãos. Se lembrava claramente da sua primeira contratação Corinthians x internacional, a segunda, a terceira até que se tornou algo recorrente em sua vida. O suficiente para pagar suas contas e dividir um aluguel.
Todo ano ela tinha a mesma expectativa que conseguiria realizar seu sonho de fotografar o Palmeiras, mas essa área era extremamente difícil, principalmente para mulheres. E por isso, ela tem passado os últimos anos fotografando modelos, casamentos, festas de 15 anos e nascimentos.
—MARIA VITÓRIA. — a fotografa foi tirada de seus pensamentos com um grito de sua melhor amiga, Bianca. — vamos, acorde logo.
—já estava acordada, maluca. — Mavi se levantou do acento do avião. — só estava esperando o avião pousar. Bianca se virou e olhou ao redor, fazendo com que Mavi fizesse a mesma coisa. Estava vazio, elas eram as últimas a sair.
Bianca e Maria se conheceram com 8 anos, quando Mavi se mudou para a mesma rua dela e se tornaram, praticamente, vizinhas. Desde então nunca mais se separaram. Tinham uma amizade única, passaram por tudo juntos: adolescência, escola, faculdade, brigas, relacionamentos... e mesmo assim continuaram juntas. Elas poderiam eventualmente se casar, ter filhos e morar longe, mas eram alma-gêmeas e todo mundo que as conhecia sabia. A garota com quem Mavi poderia discutir crepúsculo sem ser julgada.
—vamos, precisamos fazer o check-in no horário combinado. — Mavi apenas assentiu, sabendo que se discordasse de Bianca seria jogada do avião.
As duas pegaram suas malas e caminharam pelo aeroporto até a saída. Em busca de chamar um Uber. Elas adoravam viajar juntas, era como um hobby delas sempre que sobrava dinheiro e era melhor ainda quando Mavi não precisava pagar.
A fotografa trabalhava para uma modelo bem conhecida de São Paulo e não havia nada melhor que fotos no verão do Rio de Janeiro em Copacabana. E assim, Mavi ganhava a passagem para fotografar e não tinha porque não convidar sua melhor amiga para ir junto.
Ambas entraram no Uber após botar as bagagens no porta-mala do carro preto e botarem o endereço para o motorista.
—eu amo o Rio de Janeiro. — Mavi jogou a cabeça para trás enquanto acompanhava o trajeto pela janela do carro.
—qual o cronograma para as fotos? — Bianca perguntou.
—amanhã de manhã vou fotografar Marina na praia e domingo no estúdio. Depois, estamos livres para aproveita Copacabana. — sorriu enquanto o vento da praia jogava seu cabelo para trás.
—você viu que alguns dos jogadores do Palmeiras vieram para cá junto com a Marina? — Bianca era São Paulina, mas não era o tipo de mulher que se sentava para assistir todos os jogos de seu time.— ainda não entendo como você trabalha para Marina e nunca conheceu os jogadores.
—porque trabalho para ela, não para eles. — responde óbvia. — embora eu adorasse os conhecer pessoalmente. Oh elenco abençoado. — Mavi se esticou no banco atrás do motorista e deu dois tapinhas nas costas deles. — não concorda, moço? — a risada rouca dele ecoou, antes de responder:
—sou flamenguista. — ela abriu a boca, surpresa. Até se lembrar que não estava mais em São Paulo.
—e lá se vai suas cinco estrelas no aplicativo. — cantarolou enquanto se acomodava no banco novamente. — que tal tentar de novo? Oh, elenco abençoado, não é, moço?
—claro. — riu baixo. — Palmeiras é meu segundo time. — Mavi fez uma careta para Bianca que ria de tudo que a amiga falava. Logo ela pegou o celular e botou 4 estrelas, a resposta não tinha sido o suficiente para ela.
O resto da viagem foi silencioso, Bianca atendia alguns pacientes pelo celular e Maria terminava de agendar seus compromissos com Marina. Em alguns momentos, ela considerava fazer outro curso ou tentar algum área no jornalismo, já que era formada nisso, apenas para ganhar uma grana extra. Mas ainda sonhava que iria se tornar uma fotografa conhecida por todo o Brasil, não importa quanto tempo isso demorasse.
☀️🇧🇷☀️
A primeira coisa que Mavi fez a chegar no quarto de hotel dela foi organizar sua mesa. Abriu o computador e passou algumas fotos que faltava de sua câmera para o computador. Essa era uma das partes favoritas de Maria, analisar as fotos que tinha tirado, escolher as melhores e editar algumas "imperfeições".
As ondas quebrando do lado de fora era uma das coisas que ela amava no Rio de Janeiro, nunca foi muito de ir para a praia pois os pais não tinham muito dinheiro e nasceu em uma parte isolada de São Paulo. Ela amava sua cidade e não tinha vontade de se mudar, mas RJ era a cidade maravilha para ela, do tipo que ela precisava visitar pelo menos uma vez ao ano.
—entra. — gritou quando ouviu a batida na porta, já sabendo que era Bianca.
A fisioterapeuta entrou no quarto e se jogou na cama da melhor amiga.
—meu namorado é um babaca. — Mavi girou a cadeira da qual estava sentada e encarou Bia.
—descobriu isso só agora? — instantaneamente levou um travesseiro na cara.
—cala a boca, Mavi.
—mas Bia. Sabe qual a primeira coisa que você tem que perguntar a si mesma antes de começar a namorar.
—se você falar da sua teoria do Palmeiras eu me jogo dessa janela. — resmungou encarando Mavi.
—se pergunte se o cara vale tanto quanto um jogador Palmeirense.
—eu sou São Paulina. — Mavi revirou os olhos.
—é... isso é outra coisa que precisamos falar sobre. — o jeito como Maria Vitória sempre fazia piada com tudo poderia ser algo bom e ruim, mas Bianca adorava o humor quebrado de sua melhor amiga.
Mavi se jogou na cama ao lado de Bia e usou seu próprio braço como travesseiro.
—certo, o que Rodrigo fez agora? — rolou na cama.
—agiu como um babaca, mas... — se levantou da cama em um pulo e abriu os braços na frente da janela beira-mar. — estamos no Rio de Janeiro. — o sorriso de Bia era contagiante.
—exatamente. — Mavi se sentou com os joelhos na cama e bateu as mãos animadas. — não vamos deixar um otario de 30 anos estragar nosso feriado de Carnaval.
—Rodrigo tem minha idade, mas esse é o espírito. — gritou animada e Mavi fez uma careta arrependida do que tinha recém falado. — agora vamos botar um biquíni.
Bianca saiu do quarto pulando e Mavi pulou até sua mala, em procura de algum biquíni ou algo que pudesse usar na praia. Já que sua mala estava tão bagunçada que ela duvidava que fosse achar uma roupa de banho no meio de tudo aquilo.
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hotel :: Raphael Veiga
Romance[PAUSADA] Maria Vitória, mais conhecida como Mavi, é uma profissional dedicada. E também a mulher mais Palmeirense que já pisou em São Paulo, do tipo que cresceu nos estádios de futebol. Ela está atualmente tentando focar em seu trabalho fotografand...