hotel :: Raphael Veiga

07.

CAPÍTULO SETE:
paixão verde

10 de maio de 2023

ALLIANZ PARQUE É UM LUGAR único e todos sabem disso. Qualquer pessoa se sente em casa assim que entra em seu estádio do seu time de paixão. A torcida gritando, o time tentando atender a todos, o nervosismo saltando na pele.

Mavi sempre foi o tipo de pessoa que fica nervosa com antecedência, que sente sua barriga ficar embrulhada e as mãos suadas. E ela sentiu tudo isso em dobro desde as últimas horas, quando mandou uma mensagem para Veiga falando que iria no jogo e perguntando se poderiam conversar depois. O jogador não estava muito diferente, passou o caminho inteiro do hotel até o estádio pensando na mensagem que tinha acabado de receber, a mensagem que ele tinha mandado Scarpa responder com um: Claro, eu te aviso quando estiver pronto. Pode ser? Mavi poderia não calar a boca pessoalmente, mas odiava conversar por whatsapp, parecia uma idosa de 80 anos sempre que mandava uma mensagem. Então apenas respondeu com: uhum.

—Sério? Uhum foi a resposta dela? O que essa garota precisa para soltar um "adoraria, parece ótimo". — Veiga resmungou jogando o celular no banco de almofadas e voltando a vestir o uniforme.

—espera, o que eu perdi? — Richard Rios perguntou cutucando Endrick enquanto todos se trocavam.

—uma tal de Mavi chamou ele para conversar. — Scarpa explicou calmo como sempre.

—aquela da janta que dançou bebada com Piquerez no corredor? — perguntou Richard confuso se lembrando da cena dos dois, mas aparentemente Joaco não lembrava de nada.

—pelo visto, eu perdi muita coisa não indo na festa da Marina. — Gustavo falou rindo.

—tá, mas cara, por que ela quer conversar? Isso não faz uns 3 meses? — disse Endrick se sentando para terminar de arrumar a chuteira.

—esse é o problema. — esclareceu Veiga. — não tenho a mínima ideia.

—olha só. — Endrick caminhou até Raphael e deu dois tapas nas costas do mesmo. — Veiga está nervoso com uma conversa com um garota. Fofo.

—cala a boca, idiota. — O camisa 23 empurrou o camisa 9 para longe com raiva enquanto Endrick ria tentando se equilibrar.

—não deve ser nada demais, beleza? — mal sabiam que em alguns meses eles teriam um neném no meio de todos esses jogadores gigantes. — vamos focar em ganhar do Grêmio e esquecer a vida romântica de Veiga.

—nem vida do romântica ele tem, foi uma foda de uma noite. — Gabriel menino esclarece e recebe o dedo do meio de Raphael, que se perguntava se aquela gente realmente eram seus amigos. Mas amigos tão aí para isso, não é? Serem duros quando ninguém mais conta a realidade.

Enquanto os jogadores se arrumavam em filas e esperavam as crianças que entrariam em campo junto aparecerem. Maria Vitória sentava no seu camarote, super feliz porque pela primeira vez ela conseguiu pagar por um. Ela se recusava a soltar a bolsa dela que carregava a pequena foto do ultrassom e usava a mesma camiseta que Veiga a deu meses atrás. Bianca usava uma blusa preta justa, pois se recusava a usar qualquer outra que não fosse do São Paulo e Marina dividia o camarote ao lado, mas elas não tiveram muito tempo para conversar.

O jogo começou tranquilo, embora o Palmeiras estivesse muito superior do que o time do Grêmio de Renato Portaluppi. Aos 24 do primeiro tempo foi Veiga quem balançou a rede, com um cruzamento preciso de Mayke, Veiga cabeceia para dentro. O camisa 23 comemora pelo estádio enquanto a torcida grita. E quando ele chega ao lado da bandeirinha do escanteio e abre os braços em comemoração, enquanto os jogadores pulam ao seu redor. Mas mesmo assim, ele conseguiu enxergar Maria Vitória, apoiada no vidro do camarote com um sorriso de orelha a orelha. Raphael passa o jogo inteiro pensando em como todo o rosto de Mavi se iluminou com o gol e refletiu seus pensamentos. Seus olhos arregalados, as bochechas rosadas. Seu nervosismo. Ele queria falar com ela a noite toda. Inferno, ele poderia sentar e assistir ela vendo o jogo e mesmo assim, ele sabe que não ficaria entediado. E se divertiria bastante.