CAPÍTULO CINCO:
duas linhas azuis30 de abril de 2023
QUATRO TESTES DE GRAVIDEZ. Mavi não confiava nem em si mesma, imagina em um teste vagabundo de farmácia. Claro que um não seria o suficiente. Maria segurava dois deles com as mãos trêmulas e outros dois estavam em cima do balcão de mármore da pia de seu banheiro enquanto esperava os últimos 3 minutos sentada na privada fechada esperando os resultados.
Ela ainda estava considerando suas opções. Em caso de negativo: iria sair para beber tudo que pudesse, mas ainda assim ficaria afetada por passar pela experiência de passar por um teste de gravidez e quase se tornar mãe. Em caso de positivo: provavelmente se jogaria da ponte mais alta de São Paulo, ou viaduto, talvez até mesmo um morro.
—vai demorar muito? — Bianca bateu na porta, impaciente.
Havia 15 minutos que Mavi estava ali dentro, mas parecia horas. As mãos estavam suadas e meio roxas, como consequência do nervosismo.
—mais 3 minutos. — Maria Vitória respondeu.
—tô com fome, você não está com fome. — Claro que estava, tinha vomitado tudo a poucas horas atrás.
Maria decide abrir a porta para que não estivesse sozinha na hora que visse o resultado. Ultimamente o banheiro daquele apartamento era o lugar onde elas mais tem passado tempo juntas, com Bia segurando o cabelo de Mavi enquanto ela jogava tudo para fora.
—quer saber. — fala Bianca enquanto entra no cômodo. — gastei um puta dinheiro nesses testes, você me deve uma.
—cala a boca, Bianca. — Mavi mandou. — se isso der negativo eu te dou tudo que você quiser. Quer saber... — decidiu. — não tem porque eu estar grávida, não é? Deve ser paranóia minha.
—bom, você fez aquilo que é preciso para engravidar e sem camisinha.
—eu usei camisinha, okay? — exclama irritada e Bianca a olha entediada. — na primeira vez eu usei, mas igual, tomei pílula do dia seguinte.
—olha se for para ser, vai ser. — Bianca falou levantando os braços.
Maria Vitória se vira de novo para, dessa vez, lavar as mãos pela 4º vez. Apenas por estar nervosa demais. Mas quando o olhar dela caí nos quatro testes em sua frente, o resultado é bem claro.
Duas linhas extremamente azuis em todos eles. Não havia um que marcava negativo.
—positivo. — murmurou quase em um sussurro.
—o que disse? — Bia perguntou.
Se virou cara a cara com Bianca e liberou espaço na frente da pia. Logo, mostrando os resultados.
—PUTA MERDA. — Bianca exclama, a mesma que a poucos segundos atrás estava tão calma.
—porra, tem uma "coisa" dentro de mim. — Mavi murmura, encarando o teste.
Era real.
Havia uma "coisa" dentro dela.—VOCÊ ESTÁ GRÁVIDA DO VEIGA? — Bianca exclama antes de Maria cair no chão de joelhos. Completamente desolada.
—o que eu faço agora? — ela não conseguia mais segurar as lágrimas. Estava nervosa, o coração parecia que ia sair pela boca a qualquer momento, depois parecia parar de bater, estava zonza e o cheiro de xixi não ajudava em nada. — eu não sei cuidar de criança, eu odiava brincar de boneca, não sei nem como se troca uma fralda! — choraminga.
Isso era verdade. Ela nunca gostou de brincar de bonecas, barbie, polly e todas essas coisas. Sempre gostou de brincar de pega-pega com seus irmãos ou passar a tarde no clube da cidade, enfim... sempre foi muito influenciada pelos seus irmãos. Consequências de nascer e morar a maior parte da vida com uma manada de garotos mais velhos e problemáticos.
—ih, nem adianta chorar, ninguém mandou não usar camisinha! Sabia que isso era uma consequência. — Bianca fala, séria.
—eu sei disso. Fui uma idiota.
—Mavi. — se abaixou para ficar na mesma altura que a melhor amiga. — você fez merda, tipo, você fodeu tudo, mas vai dar tudo certo!
A fotografa acaba caindo ainda mais no choro. Sente Bianca se aproximando e colocando Mavi dentro de um abraço apertado.
—eu vou ser uma péssima mãe. — murmura tentando segurar as lágrimas.
—então, você vai ficar com a "coisa". — Bianca a encara meio em choque e Mavi assente com a cabeça lentamente.
Por mais que estivesse apavorada e insegura, ela não conseguiria interromper a gestação e muito menos entregar para adoção. Ela não entendia o que estava sentindo, mas o coração dela a impedia de fazer isso. Era algo mais forte que ela.
Bem lá no fundo, Mavi queria a "coisinha".
—okay, o que você decidir, está decidido. — Bianca a abraça novamente.
Bianca se ajeita no chão do banheiro. Apoia as costas na parede de mármore e acomoda Mavi ao seu lado, fazendo carinho no cabelo suado dela.
—amiga, não quero ser aquela que vai botar pressão em você. — Bianca começa. — mas o que vamos fazer agora?
—vamos marcar uma consulta de verdade. — falou decidida levantando a cabeça e secando as lágrimas. — um ultrassom e não um teste mixuruca.
—e quanto a Veiga?
—e se ele me largar? — Mavi devolveu com outra pergunta. O maior medo da mulher e o que o homem mais costuma fazer.
—eu ajudo Matheus e Luca a acabar com ele tão forte que Veiga nunca mais vai pisar num campo de futebol. — e finalmente, Mavi abriu um sorriso. Talvez aquilo não fosse o fim do mundo.
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hotel :: Raphael Veiga
Romance[PAUSADA] Maria Vitória, mais conhecida como Mavi, é uma profissional dedicada. E também a mulher mais Palmeirense que já pisou em São Paulo, do tipo que cresceu nos estádios de futebol. Ela está atualmente tentando focar em seu trabalho fotografand...