[038] Nervous?

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Nada melhor do que começar a semana acordando cedo em uma segunda-feira fria e nublada, ainda mais quando você sabe que vai ser uma das pessoas mais comentadas da escola assim que entrar por aquelas malditas portas.

Tive que resistir muito e com todas as minha forças contra a vontade de passar o dia enrolada em minhas cobertas quentinhas. Mas como a vida não é um morango, eu tive que levantar antes que eu me atrasasse mais ainda.

- Toma, vê se melhora essa cara - minha mãe me recebe na cozinha com um pedaço de bolo de laranja e é claro, uma xícara caprichada de café.

- Ué, por quê? Eu 'tô com cara de quem ama acordar cedo em dias chuvosos, principalmente para ir à escola - coloco o meu melhor sorriso irônico no rosto e puxo a manga do meu moletom antes de levar um pedaço do bolo até a boca.

- A vida não é justa, querida - coloca uma mão em meu ombro - quanto mais cedo aprender isso vai ser melhor.

(...)

E como o esperado, sempre que eu passava em algum corredor ou sempre que eu entrava em alguma sala de aula, podia ver pessoas cochichando entre si pelos cantos.

Eu tentava fingir não ligar, fingir não escutar, mas na realidade eu estava fazendo o contrário disso tudo.

- Não liga 'pra eles - Brooke diz, encostada no armário ao lado do meu - só estão em busca de alguma fofoca 'pra animar as vidas pacatas e sem graças. Eu posso arrumar um jeito de jogar todos na piscina se você quiser.

- Não precisa - não consigo evitar rir do seu comentário - estou surpresa de não ter vídeos do incidente rolando por aí - fecho o armário e me apoio nele com o ombro, ficando de frente para a ruiva.

- Depois do jeito que a Momona quase perfurou a garota que estava gravando com o olhar, se algum vídeo tivesse sido postado ela esfolaria a pessoa que postou viva.

- Típico da Momona - sorrio, sou grata por ter amigas tão legais como elas - mas eu fiquei curiosa, como pretendia jogar vários alunos na piscina?

- Ah, sei lá. Falaria que tem algo valioso preso no fundo da piscina do colégio e que quem pegar leva para casa - da de ombros - as pessoas acreditam em qualquer besteira hoje em dia.

- Até parece - rio e me desencosto do armário, começando a andar em direção a minha próxima aula.

- É sério! - ri me acompanhando enquanto passa o braço em volta do meu pescoço.

(...)

O sinal indicando o intervalo soou alto, como se desse iniciação a liberdade de todos os estudantes trancafiados em suas salas de aula. Soltei um suspiro de alívio e juntei minhas coisas, colocando a mochila sobre os ombros e saindo pela porta. Os corredores lotados de alunos famintos e exaustos aos poucos foram ficando cada fez mais vazios.

Sinto meus pés pararem e se firmarem no chão assim que eu avisto de longe uma figura masculina parada em frente ao seu armário. Ele passa a mão pelo cabelo para organizar os cachos rebeldes que caiam sobre sua testa, mas aquilo não parece ter surtido algum efeito.

Isso mesmo, Mason Thames.

Dou meia volta antes que ele possa me ver e entro em um corredor vazio, a maioria dos estudantes já estavam no pátio ou refeitório.

Fecho os olhos e solto o ar que estava preso em meus pulmões, essa foi por pouco.

Desde o incidente do beijo eu venho evitando o Thames mais novo, ele me deixou em casa naquela noite e quando a ficha do que tinha acontecido finalmente caiu, eu me esforço para manter uma distância entre nós dois. Não respondi suas mensagens ou aviõezinhos perguntando se eu estava bem, não vim para a escola com a Brooke e toda vez que o vejo na escola eu me escondo ou mudo a direção do meu caminho. Pode não parecer mas é uma tarefa complicada evitar alguém.

 𝐇𝐄𝐀𝐑𝐓 𝐈𝐒𝐒𝐔𝐄𝐒, Mason Thames ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora