37 - narração 🔉

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A noite chegou mais rápido que imaginaram, Sunoo que antes se distraia ouvindo crianças bagunceiras contarem  como era fazer ballet e judô, ou como era chato a escola, agora se encontrava nervoso.  Sentia a tão esquisita sensação de estômago embrulhar um pouco, já tinha olhado sua aparência umas três vezes, quatro se for contar a olhada que dava na sua câmera frontal naquele exato momento que saia do hall. Não tinha motivo para sua agitação, mas ele ainda queria estar o mais apresentável possível e ele tinha o direito.   

Sunoo nem disfarçava que se sentia extremamente ansioso, na verdade, sentia-se meio bagunçado com seus dias e sentimentos, fazia um tempo que se sentia em uma grande linha tênue, e essa linha era fina e difícil de se equilibrar, mas agora ele sabia que saia dela decidindo um lado para saltar.

Riki compartilhava da mesma coisa, toda essa embolação e por mais bobo que fosse o coração batia rápido no peito, sentia até um leve tremor atravessar suas mãos, as orelhas quentes, sem contar os sorrisos que escapavam e não teve e nem tinha para onde fugir, por mais que quisessem e  até tentaram

As listas e mais listas do que e quanto um achava o outro chato e irritante diminuiu de uma hora para outra, não adiantou nada listarem coisas, encherem os amigos. Era ironicamente engraçado como as coisas conspiravam e retorcia para se contradizerem  e eles irem beber a água que juravam que não beberia, que de todo caso, pensavam até em se afogar. Era aquilo, o amor só precisa de uma brecha para entrar e se formar. Não que já sentissem amor, pelo menos não ainda. Por enquanto compartilhavam só uma certa atração que estava crescendo e se modificando, ao ponto de uma certa saudade se alojar nos peitos.

– Quer ajuda para bater uma foto? –  Sunoo levou um susto tão grande com a voz rouca de Riki que se permitiu dar um berro nada másculo, e isso fez Niki se assustar, mas rir. Foi aí que Sunoo percebeu que viajou legal e ainda estava com a câmera aberta se encarando.

 Observou Niki por um pouco,  não tinha notado a presença dele ali quando desceu e saiu do hall para esperar os meninos na rua — já que marcaram de se encontrar bem ali —, se perguntou se ele era um fantasma ou algo próximo. Mas Niki pouco antes dele já tinha descido e estava ali, não por estar apressado, mas por horas depois da faculdade ele por si só estava açodado e na sua mente o tempo também estava. Jake disse que já desciam, então ele se adiantou

 – Que foi? Você tá devendo, Sunoo? – resolveu brincar com o susto que o outro tinha levo.

– Eu estava distraído… Talvez eu esteja devendo alguém, Jungwon ou Sunghoon, não sei mais.

– E como foi lá na missão babá? – Perguntou olhando Sunoo, um olhar como se estivesse olhando o motivo das estrelas brilharem no céu. Sunoo saiu por completo do hall e se encostou ao lado na parede que Riki estava encostado, nem tão próximo, nem tão distante.

– Não foi ruim não, mas bem que eu queria uma ajuda. –  bem, a verdade era que os irmão do Ollie, não chegavam ser crianças difíceis de convivência, mas cuidar de duas crianças, levar e buscar para as aulas extras era difícil, Sunoo não soube qual participava e ficava marcando tempo e se intercalando. Ouvir duas crianças contando sobre tudo era mais difícil ainda. – Sabe, criança...

– Se eu fosse te ajudar... – Riki rebateu – Eu ganharia o que?

– Interesseiro – resmungou e por mais que Riki tenha escutado, ele fingiu que não

– Tipo, aceito uma aula gratuita de bateria… – Riki sinalizou com as mãos, tocando uma bateria invisível – Se o Ollie precisar de novo, eu te ajudo se precisar e você me ensina bateria, pode ser?

– Não pira né, Riki!

–  E em que parte eu pirei? – O japonês franze as sobrancelhas em pura confusão enquanto via Sunoo negar com a cabeça.

hellish neighbor - sunkiOnde histórias criam vida. Descubra agora