60 - narração 🔇

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Era mais um fim de semana, especificamente um domingo, que começou de forma caótica para Sunoo. "Caótico" era, sem dúvida, a palavra perfeita. Ele despertou com uma queda da cama e passou quase o dia inteiro com dor nas costas, dor de cabeça e um humor péssimo. E em vez de socializar com os amigos, ele preferia sim, se isolar e ficar em silêncio, evitando o mundo todo, evitando qualquer contato humano.

Ou pelo menos tentaria isso, se não fosse por seu namorado. Nishimura Riki estava ali, ele sempre estava ali. Não que Sunoo quisesse seus amigos ali ou coisa do tipo, Sunoo odiava sentir que alguém estava parando tudo para ficar com si por preocupação, mas Niki insistia em lhe fazer companhia, afirmando que ele não podia se afastar assim e desafiando todos os recados falando que Sunoo geralmente melhorava ficando em paz.

Obviamente Riki não o deixaria em paz, nunca o deixou e agora não seria diferente.

Sunoo estava basicamente de boa em dividir seu humor ruim com a companhia dele, sentia que não precisava forçar nada, então decidiram — Riki decidiu —, não fazerem nada, absolutamente nada, na esperança de ajudar Sunoo a relaxar. Almoçaram uns sanduíches que Riki fez e esse foi o único esforço grandioso que veio deles.

 O motivo do estresse de Sunoo era óbvio, sua exposição de arte da faculdade, pela qual ele estava extremamente ansioso e se preparou por dias e mais dias. Mas agora estando tão perto o garoto não estava bem!

O nível de auto sabotagem de Sunoo estava nas alturas e não tinha nada que pudesse fazer a não ser chorar e se sentir mal, fez isso muitas vezes pelo dia, depois veio o estresse de tudo irritar ele, tudo mesmo, não voa televisão, não comeu, ele só tentou dormir e se irritou mais por não conseguir.

E depois de Riki e sua incansável insistência — que o garoto tinha de sobra e Sunoo sabia. — fazer Sunoo falar porque estava naquele mau humor todo, a primeira proposta de Nishimura Riki foi oferecer um cigarro para acalmá-lo, mas a encarada fulminante que recebeu em resposta,  fez ele pensar em uma alternativa mais simples e natural para driblar e melhorar o humor de Sunoo.

A segunda ideia foi entupir sunoo com comidinhas gostosas, paparicos e falar que não podiam mencionar o assunto “exposição” pelas próximas horas, mas o rapaz não estava com tanta fome, só aceitou o sanduíche e ficou quieto na sua.

Sendo observador, Riki logo percebeu que, apesar da agitação e do estresse, Sunoo ainda desejava sua presença. Talvez por sentir ele abraçado em si, enquanto Niki tentava respeitar o espaço do namorado, por isso deixou ele quietinho encostado em seu corpo, sem dar um pio ou fazer uma brincadeira. Por enquanto.

Ele tinha outras ideias boas para dissipar aquela situação, mas apenas duas envolviam ficar em casa. A primeira era fazer Sunoo tocar bateria ou guitarra, mas Riki sabia que, com toda a tensão acumulada do garoto, era 1,75 de puro caos, assim em sua matemática física, Sunoo bateria com uma força elevada no tambor e poderia acabar danificando o instrumento e a guitarra ele poderia se auto confundir com uma estrela do rock se errasse um acorde e jogar ela longe, ou só se machucar, o que só pioraria toda a situação.

 A segunda ideia parecia mais segura: eles poderiam pintar. Somente isso. Era simples, prático, e poderia cortar o problema pela raiz, e a raíz não destruiria mais ainda Sunoo. Era genial.

 Tá , mas se  também nada desse certo, ele tinha em mente que o levaria em uma academia de box só para ele esmurrar um saco de pancada ou para correr até o bichinho cansar e se jogar no chão da rua, e isso aconteceria bem rápido levando em consideração que Sunoo tinha preguiça até de descer escadas. Aí de duas a uma, ou ele desmaiaria na rua, ou ele mataria Nishimura Riki, os dois resultados pensando bem não eram bons como deduziu. Então primeiro ele ia testar sua boa — aos seus olhos — idéia principal. Pintar.

hellish neighbor - sunkiOnde histórias criam vida. Descubra agora