Capítulo XIV - A verdade é grande demais para habitar em apenas uma pessoa

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As cortinas dos céus ainda não se abriram e o manto estelar exibe a sua graciosa beleza às ternas memórias que serão enterradas. Como tudo nesta vida mortal, o cosmos passará, mas não antes de oferecer à humanidade a chance de deleitar-se em sua presença. E sob o profundo mar galáctico, Yang Lian está deitado. Ele acordou mais cedo, antes de ser hora de trabalhar ou treinar e ele apenas descansa na varanda de sua casa sem se importar com o frio.

Todavia, o pertinente silêncio não é capaz de vencer os sons de passos no telhado, o que faz Yang Lian levantar-se, ele desembainha sua espada, respira para auxiliar os futuros golpes que serão desferidos — ele usa uma técnica de meditar enquanto luta — e do telhado, um garoto pula. O Adolescente desce desajeitado e devido à geada, seus pés não são capazes de se manterem equilibrados no chão.

— Te assustei, Lian? — e cai.

— Por que você estava no telhado durante a madrugada? — sua espada é embainhada.

— Eu quero que você me treine — os cristais caem de suas roupas e deixam rastros molhados de sua presença enquanto ele se levanta.

— Por que não pede ao seu pai? Ele é melhor do que eu.

— Ah, maninho, eu quero ser treinado por você.

— Entendi, prefere começar aprendendo o quê?

— Não sei — ele suspira, tentando escolher — Você é meu mestre, então a decisão é sua.

— Eu irei te ensinar a ser mais discreto, você foi péssimo em ocultar sua presença, mas duvido que sequer houve uma tentativa.

— Eu tentei sim — ele sorri.

Apenas o luar ilumina-os como um diamante nos céus que reflete a luz solar. Yang Lian leva o seu irmão mais novo para seu quarto, onde o chão não é escorregadio para derrubá-lo novamente. Este cômodo é quase vazio, não por falta de dinheiro, ele apenas não atribui a mínima importância para decorações porque quase não utiliza este cômodo. De um lado, há um armário de madeira com uma das portas entreabertas, permitindo visualizar algumas túnicas e livros de diversas partes do mundo, e do outro, há uma cama nada especial abaixo da janela. A única decoração é uma cortina índigo que impede a vista exterior, mas a motivação de Yang Lian em colocá-la é apenas para não incomodar-se com os seres estranhos que se originam da casa de sua vizinha feiticeira.

Antes de iniciar, ele guarda em seu armário: um instrumento musical de cordas, livros, papéis, pincéis e tintas que repousam indevidamente no chão. Não demora para arrumar e ele decide não utilizar nada para iluminar o quarto por motivos didáticos, recaindo assim, a responsabilidade sob a Lua. Os dois despendem um tempo não muito longo até o alvorecer, todavia, é o suficiente para Yang Ming desenvolver-se.

— Terminamos hoje, daqui a pouco, eu irei trabalhar.

— Já? Então eu continuarei sozinho enquanto te espero.

— Descanse um pouco, também é importante parar. Podemos fazer isso juntos, ainda tenho um pouco de tempo.

— Tudo bem — ele sorri e se joga de costas na cama de seu irmão, que está um pouco bagunçada — Conte-me mais sobre como é ser um guerreiro tão incrível! — seus olhos brilham de entusiasmo.

— Eu não sou um guerreiro, nunca fui para um campo de batalha.

— Ah, mas não precisa interpretar de modo tão literal, você é um militar forte e maneiro! Como posso ser assim também?

— Que péssimo sonho, vai arrumar outra coisa para fazer da vida.

— Por quê?

— É complicado viver em conflitos sem sentido enquanto seu único desejo é proteger a vida sem possuir a capacidade de salvar a todos. E quando falhar, você presenciará pessoas morrendo por nada, companheiros, civis, todos eles tendo suas vidas tiradas pelo egoísmo de outras pessoas.

Dinastia da GuerraOnde histórias criam vida. Descubra agora