Capítulo V - Apenas genios aceitam a loucura que se chama criatividade

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O deslumbrante esplendor das chamas dominam a base militar dos Yang, consumindo-a com uma voracidade maior que a de um predador devorando a sua presa, e distante dela, os civis observam com os olhos arregalados, temendo que esse longínquo caos aproxime-se das áreas onde eles residem — a base militar é bastante afastada do restante do clã.

Sucede-se uma cadeia de acontecimentos que emanam o caos. Os civis perguntam entre si: o clã está sendo invadido? Nossos militares não estão sendo capazes de nos proteger? Alguém morreu? Iremos morrer? Iremos morrer! O clã está submerso no manto escuro de densas nuvens de fumaça, e o luminoso espetáculo das chamas permite que os responsáveis se escondam às sombras desse incidente.

Um general atravessa os portões do clã. O carmesim domina sua armadura e ele anda arrastando a perna esquerda enquanto carrega alguns itens banhados de sangue. Ele anda semelhante a um morto, rígido devido aos ferimentos e seus cabelos negros como o ébano estão soltos.

Os olhos do tenente-general que comanda os militares reais que estão se posicionando para um cerco, são os primeiros a encontrar-se com o indiferente olhar deste general.

Ele corre, aproximando-se do jovem Yang.

— Apresente-se — diz o tenente-general, ainda mantendo distância.

— Eu sou quem fez o trabalho de vocês — Yang Lian entrega os itens que segurava, isso são provas forjadas — Eu entendo se houver desconfiança de sua parte, todavia sempre serei fiel ao imperador, mesmo que isso signifique assassinar os meus companheiros.

— Como você conseguiu matá-los?

— O portão do clã está aberto para suas investigações.

— Lan Qing, entre e verifique se a história procede — por precaução, ele envia um peão descartável antes dos profissionais.

— Claro, eu irei agora mesmo — e cumpre a sua palavra.

— Você também é procurado, suas intenções são de fugir ou de permanecer fiel até a morte?

— Eu permanecerei fiel.

— Então te levarei ao imperador.

Yang Lian meramente obedece, sem oferecer resistência. Seu plano é evitar um confronto que evidenciaria suas capacidades, para não evidenciar que suas habilidades não são o suficiente para enfrentar todos os generais e o marechal, e não se rebelar, para instituir coerência em sua mentira e dissipar qualquer questionamento.

O tenente-general aproxima-se com cautela, considerando a possibilidade de ser uma armadilha, e acorrenta-o enquanto ele permanece quieto.

Um major e parte dos militares que armavam um cerco ao redor do clã são os responsáveis por escoltar Yang Lian ao palácio. O tenente-general decidiu permanecer em Jinqu para investigar o suposto assassinato dos alvos pelas mãos do general com o auxílio de outros militares.

O prisioneiro é quieto e seu olhar cortante como uma lâmina de gelo faz com que todos evitem o contato visual enquanto o levam para uma carruagem. Nenhuma palavra é proferida por eles, o único ruído existente são os longínquos gritos dos Yang dominados pelo terror do perigo desconhecido.

A viagem prossegue normalmente, entretanto, um capitão e o major discutem em uma das carruagens.

— Ele está muito ferido, não deveríamos procurar um médico para entregá-lo com vida ao imperador? — questiona o capitão.

— Prefiro não atrasar, entretanto, não importa se entregamos ele vivo ou morto, afinal o imperador deseja executá-lo.

— E se Vossa Majestade possuir alguma pergunta a ele? Ou desejar torturá-lo antes? Prefiro entregá-lo com vida.

Dinastia da GuerraOnde histórias criam vida. Descubra agora