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Noah Urrea

Ela é quente.

Quente como a porra do sol. Quente como a porra do fogo. Quente para caralho. Quente como a merda do inferno. E eu desesperadamente nunca quis tanto queimar.

O seu corpo parece ter sido feito à mão, cada pequeno detalhe. As pernas esbeltas contornadas pelo tecido da jeans justa que subia até fazer a curva de tirar o fôlego na sua cintura de violão, fodidamente sendo escondida pelo suéter vermelho grosso de gola alta que ela terminara de ajeitar, e que gritava "EU SOU QUENTE COMO O INFERNO" e me implorava para atravessar esse bendito campus nesse mar de pessoas, e beijar a sua boca até que a porra do meu ar acabe e eu seja obrigado a parar.

O seu cabelo batendo no pescoço na cor natural do loiro maravilhoso não poderia ser a coisa mais sexy desse mundo, as ondas estavam para dentro e isso fazia dela, e o seu rosto angelical com traços de uma boneca coberto por algumas sardinhas, a tornavam uma verdadeira obra de arte, pronta para ser exposta em um museu no qual ela seria em meio à outras dezenas de obras, a única atração pela qual todos caíram fodidamente de quatro. Eu era um deles. Eu estava de quatro por ela.

Ela é arte, e eu, quero aprecia-la.

E enquanto ela andava pelo campus sem sequer perceber o que causava com todos os caras ao seu redor, eu a encarava fascinado, feito um completo bobo da corte. Talvez eu estivesse até mesmo babando sem me dar conta. Talvez eu estivesse hipnotizado. Não me incomodaria de a admirar pelo resto da vida. Seria um prazer.

Ela estava sozinha, claramente também era da mesma universidade que eu caso contrário não estaria aqui. Eu nunca a tinha reparado e não podia deixar de me odiar muito por ter sido estúpido e cego o suficiente para deixar uma garota como ela, passar e não ser percebida por mim.

Afinal se ela fosse novata eu saberia, eu sempre sabia e sempre as tinha, com exceção das comprometidas, eu odiava me meter em relacionamentos. Muita dor de cabeça, muita briga, muito trabalho e, é muito desnecessário.

Porque, eu posso ser um tremendo canalha filho da puta, mas, não me meto em relações. Não vou até esse ponto. Não desço nesse nível baixo. Não há motivos para criar dor de cabeça por uma se eu posso ter várias. Além de que, o mais crucial de tudo, a infidelidade é algo que eu repudio com todas as minhas forças. Tenho um nojo.

Ao contrário desses casos de traições, em que o namorado traiu a namorada ou a namorada traiu o namorado e ambos continuam a fingir que nada aconteceu. Continuam algo sem sentido e sentimento. Repudio coisas como essas e mantenho distância.

Essa é a diferença entre eles e eu.

Eu nunca traí ninguém. Sempre fui honesto com todas elas, sempre deixei bem claro quem eu sou e o que eu quero antes de me divertir com elas até o amanhecer. Sempre fui solteiro, e se eu sou solteiro e sou sincero, não tenho a menor culpa do que acontece depois, se eu as expulso ou se eu falo algumas verdades que doem ao serem ouvidas porque não foram entendidas como deveriam ter sido, quando foram ditas pela primeira vez antes de tudo acontecer.

Eu tenho caráter o suficiente para dizer que sou solteiro, que o que estava acontecendo seria mais um de muitos outros e que nenhuma delas, nenhuma, era a única. Ou que estávamos fazendo amor ao invés de sexo. Jamais as iludi. Eu repudio isso, odiaria fazer isso com qualquer garota.

Acho um tremendo golpe baixo. Eu sou solteiro e não tenho o que temer falando a verdade, mas, se mesmo sabendo o que as aguarda elas decidem correr esse risco achando que podem me mudar ou que podem ser algo mais, aí eu faço a enorme questão de destruir os seus corações, pisotear nas suas esperanças, dizer muitas coisas necessárias e outras não, e acima de tudo deixar bem claro o que elas significam na minha vida, nada.

Bad Drug - NoartOnde histórias criam vida. Descubra agora