Cripta de Gelo

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— Isso é fantástico, Nyx! Tão pouco tempo e ela já está adaptada a você, veja como ela voa ao seu redor!

Dou uma risadinha, estendendo o braço para a fadinha. Ela pousa e dá pequenos passos sobre meu antebraço.

— Obrigada, Hagrid, mas é tudo graças a você.

Estamos na floresta, na Reserva de Criaturas Mágicas. Hagrid me trouxe aqui pela primeira vez pouco tempo depois do incidente com o visgo do diabo.

O guarda-caça me deixou responsável por um pelúcio, que, aliás, está escondido em sua barba, tentando incessantemente pegar o galeão que ele escondeu. São criaturas lindas e carismáticas, apesar da cleptomania.

— Este carinha vai te fazer sentir melhor, faça ele se sentir confortável com você e serão bons amigos — disse ele, há alguns meses.

Fizemos amizade muito rápido, Orny, o nome que lhe dei, é muito fofo quando não está cobiçando o ouro alheio.

Já a fada, Éris – sim, a nomeei com meu nome do meio – além de linda e vaidosa, é leal. Uma pena suas asas sempre serão cobiçadas pelos mestres de poções, mesmo que elas cresçam de novo.

Uma coruja rajada aparece voando por entre os galhos e pousa em uma árvore próxima. Traz um bilhete.

Pego-o enquanto Hagrid a agrada, Orny está sentado em sua mão aberta, observando a ave.

— Preciso ir, Hagrid, foi bom te ver — Orny salta para os meus ombros, para deixá-lo na área da Pradaria outra vez. Éris fica sob as mãos experientes do guarda-caça.

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Sigo para o Campo de Treinamento, onde Rowan me espera, como dizia seu bilhete.

— Oi, Rowan — ela está sentada na grama, à sombra do muro do castelo. —, tem certeza disso?

— Sim, Nyx. Eu tenho — ela levanta, batendo a grama de sua saia. — Preciso disso, mesmo não me sentindo pronta para encarar a Cripta.

Concordo com a cabeça.

— Muito bem, vou te ensinar.

No bilhete, Rowan pedia para ensiná-la a lançar Incendio. Eu não havia falado com ela, nem com nenhum dos meus amigos sobre me ajudarem, mas definitivamente não pretendia que ela estivesse comigo na Cripta outra vez.

Não exagero ao dizer que me aperta o peito e me sufoca pensar em Rowan machucada outra vez. Não quero que isso aconteça. Nunca mais.

Começo a instruí-la, como Gui fez comigo. Ao invés de bonecos de treinamento, uso um monte de folhas secas e galhos para fazer um alvo para ela.

Incentivo-a a incendiar as folhas, colocar toda sua determinação e foco naquele montinho no chão.

Ela é mais lenta que eu, parece ter dificuldade em canalizar a energia para produzir o encantamento. De repente, lembro de minha mãe.

Os bruxos da Castelobruxo não usam varinhas. São ensinados desde cedo a controlar seus poderes, sem usar nada além das mãos para produzir magias. Era um dos maiores incentivos que eu tinha para ir para o Brasil.

Mas infelizmente essa decisão não estava nas minhas mãos, mas nas de Jacob, ele que decidiu vir para Hogwarts, por causa dele, eu tive que segui-lo. E outra vez eu tenho que ir atrás dele, mas para um lugar pior.

— Isso. Muito bem, Rowan!

Fico olhando as folhas estalarem com as chamas, fumaça branca subindo ao céu.

As chamas alaranjadas refletem nas lentes dos seus óculos. Ela está séria.

— Fiquei com raiva.

— Ahn?

Hogwarts Mystery - Nyx MorriganOnde histórias criam vida. Descubra agora