Maldita Bolinha Alada

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Avisto Chiara saindo da Floresta Proibida, cambaleante e envolta pela neblina. E relembro o pensamento que tive há alguns meses, neste mesma torre.

Chiara e eu brincávamos com alguns primeiranistas Lufanos e ouvíamos histórias de fantasmas com Penny, melhor: dos fantasmas. E, quando a primeira lua cheia da primavera chegou, fiquei com ela até que se afastasse para se transformar.

Observei, recostada contra a moldura da janela de pedra da torre, a criatura tão branca como a neve atravessar o terreno até desaparecer entre as faias da Floresta Proibida. E estava lá por ela pela manhã.

Logo isso acabaria, dizia a mim mesma, as noites de solidão de Chiara. Li muitos livros sobre animagos desde então, e descobri que lobisomens não os atacam. Prometi a mim mesma que durante a transformação, eu iria perambular com Chiara, aonde quer que ela fosse.

Amato Animo Animato Animagus — recito, a varinha apontada para meu peito, enquanto luz avermelhada se espalha e resplandece pelo meu esterno.

Guardo a varinha, dando um último olhar em Chiara, que agora volta para o castelo, e desço para o estádio de quadribol.

O castelo está em frenesi por causa do jogo de hoje a tarde. Fitas com as cores das casas são jogadas de um lado para o outro. Um grande jogo nos espera. Corvinal versus Sonserina, a revanche pela Taça das Casas.

Entro em campo mais cedo, esperando por Skye. Orion disse que ela viria para o "treinamento".

— Parece que nós duas chegamos cedo... — viro para fitá-la. Está vestida e pronta para um treino.

— Na verdade, eu queria conversar com você.

— Bom, se não tem jeito... — ela coloca a vassoura no chão, ajustando as luvas.

— Você me disse que seu pai estava lesionado, e é por isso que você estava um pouco distante. Comentei isso com a Penny, e ela me disse que Ethan Parkin está em excelentes condições!

— Já que estou presa aqui esperando o treino, é melhor confessar logo... — ela cruza os braços, me encarando. — Penny tem razão. Meu pai não está machucado.

— Você mentiu pra mim?

— É um pouco mais complicado que isso — ela fita o céu. — É difícil de explicar.

— Temos tempo.

— Tudo bem. A verdade é que meu pai não se machucou.

— Então por que inventou isso?

— Não foi a minha intenção. Fiquei nervosa.

— Por que você ficou nervosa?

— Pareceu que a nossa amizade estava estranha.

— Como assim "estranha"? — Isso tem que chegar a algum lugar rápido, estou me sentindo um papagaio...

— Eu te ensinei a jogar como artilheira, e depois não pude jogar na Taça de Quadribol... Que você ganhou sem mim, porque você foi a estrela da Sonserina — ela abre as mãos, mas não me encara. — Você era a jogadora em que todos estavam de olho. Eu era a jogadora na enfermaria. E depois o Orion te escolheu como batedora substituta, mesmo sem você ter jogado como batedora antes.

Skye suspira, passando a mão pela nuca.

— Eu estava com ciúmes — ela confessa. — Você me perguntou se tinha alguma coisa errada, e eu precisei inventar alguma coisa na hora.

— Você podia ter sido sincera em vez de mentir sobre seu pai — cruzo os braços. Skye fez algo minúsculo se tornar um fardo para o time inteiro.

— Olha... Eu não tenho muitos amigos — ela me encara com uma expressão... triste? Nunca a vi assim. — Pensando bem, nunca tive. Cresci viajando com meu pai. É difícil fazer amigos quando não se fica no mesmo lugar por muito tempo. Sempre tive muita prática com quadribol, mas não com amizades.

Hogwarts Mystery - Nyx MorriganOnde histórias criam vida. Descubra agora